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O relacionamento de Angel e Buffy pelos filmes

*spoilers sobre a série Buffy: A Caça-Vampiros

Sarah Michelle Gellar, famosa pelo seu papel como Buffy Summers na série Buffy The Vampire Slayer (1997-2003), é assumidamente uma fã do casal Buffy e Angel, vivido na série e no spin-off homônimo por David Boreanaz. Inclusive, ela acredita tanto no ship que revelou, em entrevista para a edição de 20 anos da série para a revista Entertainment Weekly, que até já recebeu ameaças de morte por isso: "As pessoas me perguntam quem eu achava que era o cara para a Buffy e eu recebia muito ódio e ameaças de morte, sério. Tinha algo muito lindo para mim sobre a história de Buffy e Angel. Eu acho que Spike entendia uma parte diferente de quem ela era, e precisava descobrir e explorar isso. Mas, para mim como Buffy, é o Angel." 
Angel e Buffy ficaram juntos por três temporadas                                              Divulgação/Gif
O romance conturbado entre a matadora de vampiros e o reformado Angel, anteriormente conhecido como Angelus, um dos vampiros mais sanguinários da história, pode relembrar, de relance, o romance de Edward e Bella de Crepúsculo, mas as semelhanças acabam assim que o telespectador conhece à fundo as personagens. E como toda a série que se preza, Buffy: A Caça-Vampiros soube como unir perfeitamente as referências cinematográficas com a história de amor entre nossa protagonista e o vampirão da vez. 

1º referência: Reptile Boy - Episódio 5 da 2º temporada
Divulgação
Se na primeira temporada, o relacionamento de Buffy com Angel é algo mais morno, é na segunda que os dois começam, pouco a pouco, a se unirem cada vez mais. E o episódio intitulado Reptile Boy é a primeira vez em que o vampiro a convida para sair, num encontro formal. O curioso é que a cena de abertura do episódio é com Willow (Alyson Hannigan), Xander (Nicholas Brendon) e Buffy sentados na cama, assistindo um dos filme bollywoodianos favoritos de Willow: Kshatriya (Guerreiro) de 1993. 

O filme conta a história de duas famílias rivais, a Mirtagarth e a Surjangarh, que anualmente se reúnem para duelar, com o vencedor tendo a honra de sacrificar um búfalo em nome de sua família. O único problema é que os dois descendentes mais novos das famílias são amigos e não querem mais dar continuação a tradição. Isso é, até voltaram à sua cidade natal, quando eles percebem que que hábitos antigos são ainda mais difíceis de quebrar do que amor e amizade. 


 O filme está disponível, na íntegra, pelo Youtube                                                Divulgação


Essa noção é, apesar de breve, uma conexão interessante com o romance de Angel e Buffy, apelidados carinhosamente de Bangel. Buffy é uma humana caça-vampiros cuja a tradição é matar vampiros. Angel, apesar de reformado com uma alma, tem como seu instinto principal matar pessoas. O amor entre eles é grande, mas será o suficiente para conseguir quebrar tradições? É este o questionamento do episódio que termina em uma nota positiva para os pombinhos, mas não por muito tempo.

Mais uma vez a tradição os atrapalha. 


2º referência: Innocence - Episódio 14 da 2º temporada
Divulgação
Angel e Buffy finalmente ficam juntos no sentido bíblico, se é que vocês entendem, e numa reviravolta clichê, Angel se transforma novamente em seu alter ego maligno Angelus, já que ao viver uma noite de felicidade plena com a caça-vampiros, ele perdeu o direito de ter uma alma. Assim, Buffy tem que lidar com muitas coisas de uma só vez: o fato de comemorar 17 anos de idade, de perder a virgindade e de ter seu coração partido pela primeira vez. 

Assim, no final do episódio sabiamente intitulado como Innocence, traduzido como Inocência, vemos nossa heroína arrasada, sentada no sofá ao lado de sua mãe, assistindo à um antigo filme meloso, que como Buffy mesmo conta: "Tem muito canto e dança." O nome do filme é Pequena Clandestina (Stowaway), de 1936, com a atriz mirim Shirley Temple, além de Alice Faye e Robert Young. 

 Goodnight, my love é o trecho do filme que aparece em Buffy                                                 


A película é uma típica comédia musical com aquele gostinho doce de final feliz. Shirley interpreta uma órfã chamada Ching Ching, que depois de se perder em Xangai, na China, acaba entrando clandestinamente no navio do playboy milionário Tommy Randall (Robert Young). Com seu jeitinho cativo, Ching Ching logo consegue se safar do seu problema, já que tanto Tommy quanto uma passageira chamada Susan Parker (Alice Faye) se encantam pela pequena, se apaixonam e decidem adotá-la. 

Esse é um ideal romântico, de felizes para sempre com filhos e amor descomplicado, que Buffy logo começa a entender que nunca poderá ter. É a perda de sua inocência de achar que apenas o sentimento do amor é o bastante, já que seu sonho de tudo ser resolvido ao lado de seu amado foi logo destruído. É algo que ela não consegue recuperar jamais: sua inocência do primeiro amor. 


3º referência: Enemies - Episódio 17 da 3º temporada 
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O último filme que Buffy e Angel assistem juntos é, apropriadamente chamado Le Banquet DAmelia, ou seja, o Banquete de Amelia. A cena inicial do episódio mostra o casal saindo acanhado do cinema, já que depois que Angel finalmente retornou à Sunnydale com sua alma, dando adeus à Angelus, os dois tiveram que lidar com um problema importante: eles não podem fazer sexo já que é assim que o vampiro corre risco de perder sua alma de novo. Portanto, apenas uns beijos aqui e acolá, mas nada de uma intimidade maior. 

Curiosamente Le Banquet D Amelia não é um filme real, ele foi inventado para o roteiro da série como um paralelo entre os desejos sexuais de Buffy e Angel e como eles se relacionam com abstinência. O casal não fala muito sobre o filme, mas tira-se a conclusão de que é uma obra artística-erótica estrangeira, que envolve sexo e comida. Isso se entrelaça com o episódio Graduation Day da 3º temporada, na qual para Angel sobreviver deve tomar o sangue de nossa caça-vampiros, numa cena orgásmica que relaciona mais uma vez a necessidade da relação sexual entre o casal e a relação de alimento que Angel tem com o sangue, mesmo que sua alma esteja restaurada. 

Há uma cena no filme ficcional com quimonos que Buffy menciona ao tentar apaziguar as sensações eróticas entre os dois, dizendo que ela não possui tal figurino e, então, nunca poderia realizar tal ato sexual. Já Darla, a primeira namorada de Angel e a vampira que o transformou em um ser da noite, aparece com um uniforme de colégio religioso para ele na primeira temporada de Buffy e a primeira coisa que o vampiro diz é: "O que é este visual de estudante católica? Da outra vez que te vi eram quimonos." Ou seja, é uma referência, também, ao passado de Angel no qual ele aproveitava os prazeres da carne sem qualquer arrependimento. 

Os três filmes, aliás, provém ao telespectador uma visão abrangente do relacionamento de Buffy e Angel: o primeiro mostra as dificuldades de se superar anos de tradição, mesmo amando alguém; o segundo mostra o ideal romântico de Buffy se partindo para introduzir uma visão mais realista, que mesmo sem sexo, é baseada na confiança e no autocontrole de ambos, por se amarem tanto. É evolução natural da vida e do amor. Por mais normal que seja uma relação entre uma caça-vampiros e um vampiro, afinal. 


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