A comoção de Yul Brynner, o careca mais famoso de Hollywood, no Brasil

O ator Yul Brynner foi, sem dúvidas, o careca mais famoso de Hollywood. Embora ele raspasse a cabeleira para ficar daquele jeito icônico, Yul alcançou o sucesso também por seu talento e seu jeito reservado e enigmático. Toda essa combinação, tornaram Yul um dos atores mais icônicos da antiga Hollywood. 

Ganhando seu Oscar de Melhor Ator em 1957 por sua atuação no filme O Rei e Eu (The King and I, 1956), Yul fez uma verdadeira excursão pela América Latina, incluindo o Brasil, ao lado de atores como Lana Turner, Anita Ekberg, Ann Miller, Van Haflin e Joanne Dru. Os atros estavam no Uruguai participando do festival de cinema Punta del Este, que naquela ano somente exibia filmes norte-americanos. À convite de Harry Stone, conhecido como o embaixador do cinema no Brasil, os astros deram uma passada pelo Rio de Janeiro. 

Yul Brynner batendo um papo com os jornalistas brasileiros          Divulgação/Revista da Semana
Yul e a turma de artistas famosos chegaram ao Brasil no dia 9 de março de 1957. Lana Turner e Joanne Dru chegaram ao Rio de Janeiro pelo avião particular de Olavo Fontoura, fazendo escala no aeroporto de Santos Dummont antes de pousar no Galeão, no Rio de Janeiro. Yul Brynner, sua esposa Virginia Gilmore, e o resto dos famosos chegaram ao aeroporto do Galeão em um avião da Pan American, às 23h30. Segundo o jornal Tribuna da Imprensa, Yul chamou atenção chegando com se equipamento de sky aquático, afirmando que aquele é seu único esporte, além da fotografia. 

Para justificar a estadia dos astros, Harry Stones armou a avánt-prémiere de Anastasia (idem, 1956), o primeiro filme de Yul a ser exibido no Brasil. Reservado, em entrevista à imprensa no aeroporto, o ator garantiu que não dava entrevistas exclusivas para nenhum tipo de imprensa:
Gosto de cumprir o que prometo e sei que não conseguirei atender à todos os jornais e revistas em tão pouco tempo. Também não posso descriminar, marcando encontro com alguns repórteres e me recusando à outros. Eu não teria tempo de falar com todos e se o fizesse, ficaria cansado demais.
O festival de Del Punta Leste foi considerado fraco pelos atores, por não terem feito uma boa seleção e Brynner garantiu que não teve tempo para fazer uma das coisas que mais gostava: fotografar. Ele confessou na breve entrevista com a imprensa: "Eu não estava disposto. Para tudo que quer se fazer bem, é necessário um estado de espírito propício. Lá tínhamos que cumprir muitos programas e me faltou condição para procurar as expressões fisionômicas que gosto de fixar em fotos. Paisagens não me interessam. Nem toquei na máquina." 

No Brasil a história foi outra! Yul estava sempre ao lado de sua fiel câmera, tirando inúmeras fotos.

 Yul Brynner na praia com sua câmera 
O casal, assim como o resto das celebridades, ficou hospedados no Copacabana Palace, mas o astro não estava interessado, no começo, em passeios e de acordo com o jornal Última Hora, Yul passou seus dois primeiros dias no Rio de Janeiro comendo! Segundo a notícia, o astro, sua esposa, o diretor Anatole Livtak e sua mulher, ficaram no dia 10 de março comendo no restaurante Cabeça Chata. Ele pediu um "vatapá", logo depois de saborear bate de maracujá e comido coco. No restaurante, os trovadores começaram a tocar e Yul fazia seu gingado ao ritmo. O grupo saiu de lá às 23h, quando ele apareceu na piscina no Copacabana Palace, comendo de novo. 

Yul curtindo aquela vatapá gostoso                          Ultima Hora/Divulgação
No dia seguinte, dia 11 de março, Yul Brynner ao lado de sua esposa e outros astros rumaram para o cocktail, ou seja, entrevista coletiva feita no Clube dos Banqueiros e Seguradores, às 18h, De acordo com o jornal Última Hora, aliás, o "simpático careca passou mais de uma hora assinando autógrafos sem parar." No cocktail, pelo menos no que se noticiou nos jornais da época, nenhum deles conseguiram conversar com os astros, já que o evento foi invadido por fãs que não deixavam os astros em paz. 

De acordo com o Diário de Notícias, eles conseguiram apenas arrancar um elogio de Brynner à Ingrid Bergman, com quem contracenou em Anastasia, afirmando que Bergman era: "esplêndida criatura e não menos esplêndida atriz." 

Yul na coletiva de imprensa                                      Divulgação/A Cigarra
No dia 12 de março, mais um dia cheio para Yul Brynner e seus amigos astros: enquanto uns queriam ir para Copacabana, Yul pediu um iate para navegar pela baia de Guanabara. Assim, ao lado de Múcio Lodi e alguns outros convidados, Yul conseguiu praticar o esqui aquático que ele tanto queria em Jurujuba. 

Yul Brynner se divertindo na baía                                                     Última Hora
Na reportagem, exclusiva para o repórter João Rezende, Yul garantiu que era bom ter esse tempo de curtição: "É bom fugir por algum tempo. Nada como gozar a Natureza e escapar do pessoal do circo."  O pessoal do circo se refere à alguns astros de Hollywood que estavam com ele na viagem, mas Yul não especificou quem eram. 

Perguntado sobre o Rio de Janeiro, Yul afirmou: "Estou encantado com o Rio. Jurujuba é um paraíso. Gostaria muito de um dia construir uma residência aqui, onde eu poderia passar as férias." A reportagem também afirma que Yul ama tanto fotografar quanto comer, com o astro amando as comidas regionais, especialmente os quitutes com muita pimenta. 

Yul Brynner e Lana Turner com o presidente; à esquerda ele saindo do compromisso 
Já no dia 13 de março eles iam até o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, para conhecer o Presidente da República, Juscelino Kubistcheck. Segundo o jornal Diário da Noite, o encontro que deveria ter acontecido no às 18h só aconteceu 40 minutos depois e afirmam que Yul foi o astro que mais conversou com o presidente. 

Quem quer que sejam os astros que Yul não gostava, com certeza não era Lana Turner. Os jornais noticiaram que ao ver Lana chegar ao palácio do Catete, Yul parou de falar, foi até à atriz e lhe deu um beijo no dorso da mão, a levando para uma poltrona ao seu lado. Apesar do lado da esposa, muitos acharam que a interação poderia significar algo a mais. Será? 

A reunião com o presidente não foi muito longa e logo os astros se preparavam para atender à avant-premiére de Anastasia, promovida por Harry Stone e a 20th Century Fox no Brasil, no Cine Palácio às 23h. 
Yul e o diretor Anatole Litvak na premiére de Anastasia
Mas, como todas as vindas de astros ao Brasil acaba em confusão, de um lado ou de outro, noticiou-se em todos os jornais da época de que Yul teve um caso com a cantora Iracema, desde que eles se conheceram no festival Punta del Este. Apesar de ainda estar casado, os jornais noticiaram que seu casamento com Virginia duraria só até os compromissos contratuais de Yul com seus filmes fossem cumpridos. Os dois se avistaram no Copacabana Palace, quando ela chegava e ele ia embora para Nova York, no dia 14 de março. Yul se separou de Virginia em 1960. 

De acordo com o Jornal, o itinerário dos astros depois da avant-premiere foi uma passada para uma ceia rápida no Country Club. Mas, logo Yul e Anatole, com suas respectivas esposas, tiveram um embarque adiantado no aeroporto do Galeão.  Yul garantiu que voltaria ao Brasil dentro de dois anos, pois gostou muito do país, segundo jornal Diário da Noite, e elogiou a beleza das mulheres brasileiras. 

Yul na premiére de Anastasia com a esposa e um coco - fazendo jus à sua fama de comilão
Yul, aliás, pode até não ter voltado ao Brasil dentro de dois anos, mas prometeu sua promessa de voltar ao país. Na mesma época em que Tony Curtis e Janet Leigh causavam no Brasil (temos uma matéria sobre a estadia deles também!), Yul fez uma breve passada no país em 1961. Mas foi tão, tão breve, que a maioria dos jornais não deu muito bola e taxaram o careca mais famosos de Hollywood como mal humorado. 

Mas calma que explicamos: Tony e Yul estavam trabalhando no filme Taras Bulba, que seria gravado em Buenos Aires, na Argentina. Yul Brynner já estava casado com a modelo Doris Kleiner e teve que fazer uma parada forçada no Rio de Janeiro, no aeroporto do Galeão, porque ao parar para reabastecer, o aeroporto sofreu um defeito no sistema de iluminação do balizamento, que só seria corrigido no dia seguinte, em 13 de dezembro de 1961. 

Yul Brynner em sua passada bem breve ao Brasil foi vaiado pelos fãs e a imprensa. Por que, você pergunta?  Porque o astro, que agora era mundialmente famoso por filmes como Os Dez Mandamentos (Ten Commandments, 1960) e Anastasia (idem, 1956), não queria descer do avião para dar autógrafos e nem para conversar com a imprensa. De acordo com o Jornal Ilustrado, de 1961, tudo mudou quando o diretor da empresa pela qual viajava pediu que ele recebesse os jornalistas de braços abertos. Depois das vaias, o "carrancudo ator", como ele foi chamado pela imprensa, mudou da água para o vinho. 

E dessa vez surpreendeu por que, embora careca, ele estava com um bigode bem diferenciado. 


Yul Brynner na coletiva de imprensa, ao lado de sua esposa
Yul concordou em dar uma entrevista no Hotel Copacabana Palace, talvez arrependido de seu ataque de "estrelismo" e "privacidade" e, na entrevista, conduzida pela revista Mundo Ilustrado, onde ficou hospedado na pernoite, começou falando da sua tão famosa careca: "A careca me deu sorte. Mas eu só raspei o cabelo porque estava ficando calvo e compreendi que com a cabeça raspada ficaria com uma aparência mais exótica do que com o cabelo. Minha calvície, mais cedo ou mais tarde, apareceria e resolvi apressá-la. "

Já sobre o fato de ter se tornado um mito, Yul parece ter muita noção sobre como encantar os seus espectadores, afirmando:

Uma particularidade muitas vezes ilusória da personalidade do ator toca os espectadores, levando-os a criar um mito. 

No final da entrevista, que durou pouco tempo, ele prometeu voltar quando acabasse seu trabalho da Argentina, ao lado de Tony Curtis, "nem que se fosse por 24 horas."

Mas, como no início do pouso Yul se recusou a atender os jornalistas e fãs, foi taxado de mal humorado e todos começaram a entoar: "Bruto! Bruto! Bruto!". El desceu com a esposa do aeroporto e se hospedou, para pernoitar, no Hotel Copacabana Palace.

Yul Brynner e esposa saindo do aeroporto do Galeão para pernoitar no Brasil 
De acordo com a Revista do Rádio, Yul começou a falar bem mais do que deveria durante a entrevista. Primeiro disse que apenas atenderia a imprensa por 5 minutos, mas confessou várias coisas de sua vida, entre elas: "que foi homem de negócios, que nasceu na Sibéria, que seus pais eram mongóis, que foi trapezista, salva-vidas em uma praia norte-americana e fala dez línguas."

Assim, no dia seguinte, no dia 13 de março de 1961, Yul Brynner rumou para Argentina, de manhã, para interpretar o personagem principal, Taras Bulba ao lado de Tony Curtis. A esposa de Curtis, Janet Leigh, também ficou um período de tempo no país, antes de descobrir a traição do marido com Christine Kauffman, sua co-estrela bem mais nova.

Yul, Janet e Tony na Argentina
Apesar das promessas, Yul nunca mais retornou ao Brasil e deixou, com os fãs brasileiros, um sentimento de "quero mais". Com uma primeira visita muito bem-sucedida e uma segunda, nem tão maravilhosa assim, Yul Brynner deixou sua marca no nosso país, mesmo que se não fosse da maneira que mais imaginava. 

Agora é um fato: não tem estrela que venha ao Brasil e não se meta em alguma confusão perante à imprensa. Yul "o bruto" que o diga! 


A morte sem solução de Bob Crane, herói de Guerra, Sombra e Água Fresca

Muitos não acreditam em superstições. Não acreditam que quebrar um espelho possa trazer má sorte ou que o número 13 seja um mau agouro. No caso do ator Bob Crane, que nasceu em 13 de julho de 1928, no entanto, parece que as circunstâncias que o rodeavam e  principalmente, as companhias que escolheu foram um fato determinante em sua morte horripilante, em  29 de junho de 1978, depois de ser espancado até a morte com um tripé. 

Mas, antes de tudo isso acontecer, Bob Crane era um homem complexo, que ao mesmo tempo que era um pai de família e amoroso, escondia uma obsessão e um vício que levou à sua morte. 

Robert Edward Crane nasceu no estado de Connecticut e desde criança, ele era conhecido por sua por seu humor e sua facilidade de fazer amigos. Terry Romaniello, um dos colegas de Bob na escola conta sobre uma de suas pegadinhas: "Eu sempre vou me lembrar de Bob, o palhaço que ele era, vindo em nossa aula de escrita e sentando lá como se pertencesse. Logo a professora percebeu porque éramos uma classe só de meninas." 

Bob Crane, estrela de Guerra, Sombra e Água Fresca                                        Divulgação
No começo, Bob queria uma carreira na música, mas como pretendia casar com sua namoradinha de colégio, Anne Terzian, ele escolheu um trabalho mais estável e foi para o rádio. Quando Anne ficou grávida do primeiro filho do casal, Robert, ele decidiu se mudar para mais perto dela e seu programa na rádio WBIS teve tanto sucesso que lhe ofereceram um horário só dele em uma rádio em Los Angeles. Terá sido esse o começo do fim? 

O show de Bob Crane na rádio KNX foi um sucesso e logo o futuro ator decidiu dar uma chance ao showbussiness, participando da pela Túnel do Amor em 1959. Depois inúmeros papeis se seguiram, mas seu timing cômico perfeito veio à tona em sua participação no Dick Van Dyke Show, em 1962. Imediatamente, ele conseguiu um papel cômico no Donna Reed Show, interpretando o vizinho Dave. Depois de duas temporadas, ele saiu e espero pelo papel perfeito. Assim o coronel Hogan de Guerra, Sombra e Água Fresca (Hogan's Heroes, 1965-1971) apareceu. E todos os excessos de Bob começaram a vir à tona com a fama absoluta. 

Bob Crane em sua participação no Donna Reed Show                                      Divulgação
Em 1970, depois de mais de 20 anos de casamento e três filhos, Anne pediu o divórcio de Crane, citando "crueldade mental" como a causa da separação. Bob Crane se sentia frustado com a sua série Guerra, Sombra e Água Fresca (Hogan's Heroes, 1965-1971), porque ele queria desesperadamente fazer a transição para os filmes, mas era sempre lembrado pelo personagem e não conhecia papeis substanciosos no cinema. Na série, no entanto, ele se apaixonou pela atriz que interpretava sua secretária Hilda, vivida por Sigrid Valdis, nome de palco de Patti Olson, e casou-se com ela logo depois do divórcio. 

Bob Crane, contudo já era viciado em sexo muito antes de se divorciar de sua primeira esposa e, com o tempo, o hábito foi piorando cada vez mais. Seu filho mais velho, Bob Jr, conta em seu livro Crane: Sex, Celebrity and My Father's Unsolved Murder, reconta ter visto, aos 16 anos de idade, uma mulher ter feito sexo oral em seu pai na sua frente: 
Esse talvez foi o jeito desajeitado do meu pai me contar sobre sexo naquela idade, mas o que me choca agora é que seu camarim repleto de equipamentos de filmagens era apenas uma de vários que ficou progressivamente pior. 
Mark Dawson, filho da co-estrela de Bob, Richard Dawson também se lembra, em entrevista ao site ABC, também se lembra quando Crane lhe contou que era viciado em sexo e mantinha milhares de fitas e fotos de mulheres: 
Ele estava empilhando algumas fitas e polaroids. Ele foi para o outro cômodo e me chamou perguntando se eu queria olhar aquilo. Aquilo sendo milhares fotos e vídeos pornográficos, todos estrelando Bob Crane. Nos primeiros 15 minutos foi interessante. Estranho. Devo dizer que foi estranho ver o Coronel Hogan ao natural. Nunca mais consegui vê-lo do mesmo jeito. 
A atriz Cynthia Lynn, a primeira a interpretar o papel da secretária Hilda, até revelou que deixou Bob Crane tirar fotos dela nua e que não via nada de errado nisso. Foi no meio dessa obsessão, quando ainda era casado com Crane, na metade dos anos 60, que o ator conheceu John Carpenter (sem relação com o diretor com mesmo nome), o principal suspeito de sua morte. 

John Carpenter no segundo julgamento da morte de Bob Crane, em 1994                                APS
Os dois se conheceram justamente pelo vício de sexo de Bob Crane. Na época, John Carpenter trabalhava na parte de eletrônicos da Sony e era responsável por ensinar pessoas à usarem as novas filmadoras de forma correta. Seus clientes incluiam Alfred Hitchcock e Richard Dawson, co-estrela de Crane na série Guerra, Sombra e Água Fresca (Hogan's Heroes, 1965-1971). Foi um dia visitando Dawson no set de filmagens que John e Bob se tornaram amigos. 

John Carpenter ajudou Bob Crane a operar a filmadora para que ele pudesse, além de tirar fotos, gravar seus encontros sexuais com outras mulheres.  Crane levava seu equipamento de filmagens para onde quer que fosse,  incluindo o tripé e a câmera, e filmava mulheres fazendo sexo com ele e/ou com Carpenter quer tivessem seu consentimento ou não. 

A segunda esposa de Bob Crane, Patricia Olson, foi perguntada em uma entrevista sobre a vida sexual paralela de seu marido, mas ela garantiu que sabia e que não era algo que a incomodava. A atriz revelou: "Ele e as mulheres se usavam, todo mundo conseguia o que queria disso e não era da conta de ninguém, só deles.  Eu sabia que ele não pararia, eu sabia que era uma obsessão, ele não conseguia evitar e não tinha nada para ter ciúmes." Será que Patti realmente não se importava com esse lado obscuro de seu marido? 


Bob Crane em 1949 com Anne e em 1970 com Patti Olson                                Montagem
Os boatos eram que John Carpenter era bissexual e que ele tinha uma queda por Bob Crane, apesar de não ter provas concretas sobre a preferência sexual de Carpenter e que ele teria ficado extremamente bravo quando Crane resolveu terminar a amizade deles, em 1978,  por querer mudar da vida pervertida que levava. Embora não existem evidências concretas de que a amizade dos dois terminou, o filho mais velho de Crane afirmou que seu pai, uma semana antes de sua morte, tinha implicado isso à ele:
Meu pai tinha poucos amigos mas, apesar disso, eu sentia que fazia parte do seu plano se livrar de John Carpenter. Meu pai me disse que Carpenter tinha deixado de ser um amigo divertido para ser um parasita. Ele estava vendo um novo horizonte e estava feliz com isso. 
 Assim, nos surpreende que, mesmo afirmando que mudaria de vida, Bob Crane foi encontrado 29 de junho de 1978, aos 49 anos de idade, em um quarto de hotel Sunburst, em Arizona, pela atriz e mais uma de suas conquistas sexuais, Victoria Berry, com quem ele estava atuando na peça Beginner's Luck. Na biografia Bob Crane: The Definitive Biography, ela afirma que não teve nenhum encontro sexual com o ator. De qualquer forma, foi a atriz que o encontrou na cama, às 14h no dia 29 de junho de 1978,  "com a cabeça toda amassada e sangue por toda a parte." Victoria afirma que esteve no apartamento, durante o processo, para regravar um diálogo de uma cena que eles gravaram. 

O jornal New York Times, na época de sua morte, conta mais detalhes sobre como o corpo foi achado: "Sr. Crane foi atingido, pelo menos duas vezes, por um objeto pesado e um cordão elétrico foi encontrado amarrado em seu pescoço, mas foi a pancada a responsável por sua morte." Por que o cordão? Seria um toque artístico do assassino?  Fotos do corpo de Bob Crane encontrado morto podem ser vistos pela internet, mas preferimos não anexá-las à esta matéria. Posteriormente, descobriu-se que o golpes foram feitos pelo tripé de sua câmera (ou assim a polícia acreditava já que a arma do crime nunca foi encontrada) e a polícia começou a suspeitar, imediatamente de John Carpenter. 


Polícia do lado de fora do hotel de Bob Crane em 29 de junho de 1978
De acordo com a matéria do jornal LA Times, de 1992, Carpenter chamou atenção da polícia do Arizona quando ele ligou para o hotel de Crane e ao ser atendido pelo xerife, não perguntou se alguma coisa estava errada. Boatos de que Crane e Carpenter brigaram dias antes da morte do ator também não ajudaram o caso de John. Mais estranho ainda foi o fato de Carpenter ligar logo depois para o filho mais velho de Crane e não avisar que seu pai estava morto e sim que "apenas queria conversar." 

Na época, polícias não conseguiram evidência suficiente para prender John Carpenter e isso só evidencia a falta de profissionalismo do departamento, como conta a matéria do Seattle Times. Para se ter uma ideia, os policiais no local do crime permitiram que Victoria Berry, quem encontrou o corpo, atendesse ao telefone sem antes procurarem por digitais. Eles não questionaram trabalhadores  que estavam pela área de manhã e permitiram que o empresário de Crane e seu filho entrassem no apartamento e retirassem seus pertences. 

Outro erro? Apesar de suspeitarem de John Carpenter, eles nunca revistaram seu quarto de hotel. Por falta de evidências concretas, portanto, eles não puderam julgar o suspeito pela morte de Bob Crane. Foi só depois de 14 anos que John foi julgado pela morte do amigo. 

Isso porque o promotor de Arizona, Rick Roley, encontrou uma foto que mostrava o que parecia ser um tecido cerebral alojado ao carro alugado por Carpenter. Eles testaram o que acharam no carro, mas a amostra estava contaminada e só conseguiram provar que era do mesmo tipo sanguíneo de Crane. Em 1994, John Carpenter passou por um julgamento de oito semanas, mas o júri decidiu que a prova "uma simples foto" e uma amostra insuficiente de DNA eram insuficientes para condenar o amigo do astro. 


Bob Crane e seu filho mais velho, Robert, e seu caçula Robert Scott                         Montagem
Em entrevista para o jornal Phoenix Times, em 1993, John Carpenter garantiu que não foi ele quem matou seu amigo, afirmando: "Eu nunca tive uma briga com Bob, ele era meu amigo. E ele era a galinha que botava os ovos de ouro, em termos de conhecer as mulheres." Os defensores de Carpenter chamaram atenção à cegueira dos policiais, afirmando que tinham uma testemunha que viu, no dia do crime, um homem sair do apartamento de Crane em um Cadillac branco. O palpite deles? Maridos e namorados ciumentos das mulheres com quem Bob saía podem ter sido os verdadeiros assassinos. Mas quem, entre as milhares de mulheres com quem ele saiu, poderia ter sido o assassino? 

Outra pessoa que teria motivos para matar Bob Crane seria sua esposa, Patricia Olson. Ela, que havia entrado com um pedido de divórcio em 1977, por causa da sua obsessão com as fitas pornográficas, que de acordo com a atriz, ele estava mostrando ao seu filme Scotty, na época com seis anos. Em abril de 1978, o advogado de Olson afirmou que o casal estava tentando se reconciliar, com Crane prometendo buscar ajuda.  

Seu filho mais velho, Bob Crane Jr., acredita que ou John Carpenter ou sua madrasta foram os responsáveis pela morte de seu pai. A polícia, no entanto, negou o envolvimento de Patricia, afirmando que ela não seria capaz de cometer o crime. O filho do ator, no entanto, pensa diferente: "Ele queria escapar de sua segunda esposa, que na verdade era um pesadelo. Ela era a única pessoa a ganhar algo financeiramente. Não era uma fortuna, mas era bem confortável. Ela ficou com tudo." Scotty, filho de Crane com Patricia lançou um site na internet, posteriormente, postando todos os vídeos e fotos sexuais de seu pai. 

Em 2016, o autor do livro Who Killed Bob Crane? resolveu reinvestigar o caso, pedindo permissão à polícia do Arizona para retestar o sangue encontrado no carro de John Carpenter. De acordo com a análise, o DNA pertence à duas pessoas: de um homem desconhecido e uma segunda muito deteriorada para se chegar à alguma conclusão.

Em 2002, um filme chamado Auto Focus, estrelado por Greg Kinnear e Willem Dafoe, uma cinebiografia da vida de Bob Crane foi lançado. Até hoje, não se sabe quem matou Bob Crane. Qual o seu palpite? 

Obs: Obrigada ao nosso leitor Ednardo Honório de Lima por pedir essa matéria específica!
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