O relacionamento de Elvis e Priscilla Presley e o livro Elvis e Eu

Priscilla Beaulieu Presley decidiu lançar o livro autobiográfico Elvis e Eu (Elvis and Me) em 1985, oito anos após a morte da lenda conhecida como Elvis Presley, para relatar seu relacionamento de mais de 12 anos com o cantor de rock.

O livro, que foi escrito por Priscilla com a ajuda da escritora Sandra Harmon, logo se tornou um dos grandes bestsellers daquele ano e cimentou, de vez, a fascinação dos fãs sobre a vida pessoal de Elvis, especialmente seu namoro tóxico com a jovem Priscilla, que começou quando ela tinha apenas 14 anos de idade e Elvis, 24 anos. Para os fãs, a história do casal já é conhecida: quando o cantor estava na Alemanha após ser convocado para prestar serviço militar (que consistia em basicamente entreter as tropas), um amigo de Presley convidou Priscilla para uma das festas do músico. Elvis ficou encantado com ela e fez questão de conhecê-la cada vez mais, transformando-na, pouco a pouco, em sua "mulher ideal". 

O livro Elvis e Eu (Elvis and Me) tenta mostrar um pouco da dinâmica entre o músico e Priscilla, incluindo os altos e baixos do relacionamento, mas nunca se aprofunda de verdade nos assuntos que os fãs querem saber. No fim, é uma versão higienizada da história do casal, quase como se Priscilla tivesse medo de contar toda a verdade.

Elvis e Priscilla em seu dia de casamento, em 1 de maio de 1967
A história do livro Elvis e Eu (Elvis and Me) começa com Priscilla relembrando o dia da morte de Elvis, em 16 de agosto de 1977, e como ela se sentiu impotente e sem direção ao saber dessa notícia, pois havia sido o cantor que a havia transformado na pessoa que se tornou:
Ele havia me ensinado tudo: como me vestir, como andar, como aplicar maquiagem e usar o meu cabelo, como me comportar e como retribuir o amor - da sua maneira. Ao longo dos anos ele se tornou meu pai, marido e quase Deus. Agora, ele se foi e eu me senti mais sozinha e com medo do que nunca. - Elvis e Eu, pág 15. 
A partir daí, no esquema de narrativa na 1ª pessoa, Priscilla tenta se tornar mais próxima do leitor ao contar mais sobre sua vida antes de conhecer Elvis, porém falha em seu objetivo. Isso porque ela apenas "risca" a superfície de todos os assuntos que a obra trata. Neste ponto sabemos que a jovem, aos 12 anos de idade, descobre que quem ela achava que era seu pai, na verdade é seu padastro. Sabemos que ela era considerada uma jovem linda e, que além de tudo, era inteligente e requintada. Mas essa é apenas a imagem que ela passa e nunca, durante todo o livro, conseguimos entender a fundo, quem Priscilla é.

Outro ponto narrativa que gera alta especulação foi o começo de seu namoro com Elvis. Em 1959 na Alemanha; que foi onde eles se conheceram, Priscilla tinha 14 anos e Elvis, 24. Durante toda a extensão da obra, Priscilla deixa claro que seus pais eram totalmente contras ao seu relacionamento com Elvis e que ela teve que implorar para ficar ao seu lado. Mas se seus pais, Anna e Paul (pai adotivo, o biológico era James) não aprovavam o namoro, por que deixaram uma jovem de 16 anos de idade morar sozinha com Elvis nos Estados Unidos?

Priscilla e seus pais
Elvis retornou aos Estados Unidos depois de sua passagem na Alemanha em 3 de março de 1960 e a própria Priscilla deixa claro em seu livro que as ligações e as cartas eram escassas entre eles. Se os seus pais não queriam que a jovem, então com 14 anos, namorasse o cantor eles tinham todos os meios e possibilidades para tal. Assim, apesar de grandes falácias na biografia escrita sobre Priscilla Presley, intitulada Child Bride: The Untold Story of Priscilla Beaulieu Presley por Suzanne Finstad, uma teoria se sobressai como verdadeira: o fato de os pais de Beaulieu, especialmente sua mãe, terem-na impulsionado a namorar Elvis, já que eles sempre esperavam que a jovem atingisse a grandeza, em boa parte por ser tão bela, independente dos meios para tal.

O fato é que, mesmo um fã do Elvis, não pode negar que o relacionamento entre Priscilla e o cantor era abusivo: o consagrado Rei do Rock a transformou em uma boneca real, sua mulher fantasia, e a jovem aceitou alegremente este papel, muito provavelmente pela seguinte combinação: pressão dos pais, o sonho de namorar um grande astro, aspirações de grandeza e a ingenuidade de uma jovem garota que se achava a mais bela de todas.

Muitos fãs se perguntam por que Elvis sempre voltava para Priscilla, apesar de Ann-Margret sua co-estrela em Amor a Toda Velocidade (Viva Las Vegas , 1964) ser um par tão mais acertado para ele. A resposta está no próprio relacionamento dos dois e no livro Elvis e Eu (Elvis and Me): Priscilla já estava moldada, desde os 14 anos, a fazer tudo que Elvis desejava e ele não conseguiria encontrar isso em nenhuma outra mulher. O fato de o namoro dele e Priscilla ter sido tão divulgado, até mesmo na Alemanha, também serviu como um impulso a mais: com a jovem, Presley teria segurança.
A parte mais fundamental de nosso relacionamento era que Elvis era o meu mentor, alguém que estudava cada um dos meus gestos, escutava criticamente cada uma de minhas palavras e era generoso com algumas de minhas falhas. Quando eu fazia algo que não era de seu agrado, eu era corrigida. Era extremamente difícil relaxar sob tanto escrutínio. Quase nada o escapava. - Elvis e Eu, pág 136. 
Elvis tinha em casa uma mulher perfeita e de seu agrado: com os longos cabelos pretos, maquiagem forte, sempre vestida com as roupas que ele aprovava e que não colocaria sua carreira acima dele, afinal Priscilla não tinha uma. Era apenas uma jovem que desde os 16 anos de idade morava ao seu lado em Graceland, casa do cantor em Memphis, e exibia sua incrível beleza.

E não é só Priscilla que conta esse lado de Elvis. Billy Smith, funcionário do cantor e parte do grupo Memphis Máfia (que englobava todos aqueles amigos, colegas e funcionários que trabalhavam com Elvis) contou em entrevista para o livro Elvis and The Memphis Mafia de Alanna Nash: "Quando Elvis disse que queria as moças jovens para que ele pudesse moldá-las e educá-las, ele não contava que Priscilla seria tão boa em flertar quanto ele."

Priscilla e Elvis quando o cantor partia da Alemanha em 1960
Apesar das circunstâncias bizarras do relacionamento deles, Priscilla nunca tem uma palavra ruim sobre Elvis no livro: ela escreve sobre suas mudanças de comportamento, seu vício em pílulas e seu temperamento forte, mas sempre segue com algum elogio ou enaltece sua natureza generosa, que presenteava pessoas até com carros. Tanto que ao contar que ficou dois dias "apagada" com uma das pílulas que o cantor lhe deu em sua primeira viagem para Memphis, ela minimiza com a seguinte exclamação:
-Dois dias? São dois dias que não pude aproveitar minha viagem! - Elvis e Eu, pág 99
Até quando Priscilla escreve, com a ajuda de Sandra Harmon, sobre sua vida sexual com Elvis, ela deixa claro que não ocorria nada mais sério, perdendo a virgindade só depois de seu casamento em 1967, quando tinha 21 anos de idade e que os dois apenas gravam as fantasias sexuais do astro. Exemplificando, enfim, o ideal sulista de Presley: a mulher tinha que ficar em casa, cuidar do seu marido e ser o mais virginal e pura possível. Isso só prova que Priscilla, com Elvis e Eu, não pretendia revelar tudo sobre sua vida com Elvis em seu livro e deixa isso claro a cada página, inclusive ao escrever sobre sua lua de mel.

Sobre a ocasião, ela se limita a escrever: "A intensidade da emoção que eu estava sentindo era eletrizante. O desejo e a luxúria que foram se empilhando durante os anos explodiram em um frenesi de paixão." Assim, o leitor não se sente próximo de Priscilla e Elvis e a leitura se torna distante: ela nem dá detalhes sobre as traições de Elvis e nem as dela. Não dá detalhes sobre o vício do marido e nem sobre sua convivência com a avó do Rei ou seu relacionamento com a filha do casal, Lisa Marie, ela apenas narra os fatos.

Para os fãs ferrenhos de Elvis, o livro não consegue desfazer a impressão que muitos tem sobre Priscilla: de que ela é uma mulher mimada, manipuladora e fútil, isso porque o leitor nunca conhece ninguém na "história" a fundo, são apenas fatos contados de maneira superficial. Mas cuidado: Priscilla pode muito bem ser todas essas coisas, contudo isso não exclui o fato de que ela foi moldada e manipulada por Elvis também, com o objetivo de se tornar sua mulher perfeita. Ninguém é a vítima perfeita. O Rei aprendeu, da pior maneira, que não existe perfeição e foi uma lição merecida - Elvis teria se beneficiado e crescido muito se tivesse vivido uma relação de igual para igual, assim como a própria Priscilla.

Priscilla, Lisa Marie e Elvis em 1970
Tanto que, quando Priscilla soube que estava grávida, seu primeiro pensamento segundo o livro Elvis e Eu foi que ela ficaria menos atraente para o seu marido:
Eu queria ser linda para ele. Ao invés disso, minha estreia como a noiva de Elvis seria arruinada por uma grande barriga, rosto e pés inchados. - Elvis e Eu, pág 249. 
A partir daí, Priscilla descreve como diminuiu o número de refeições e fez questão de perder peso no primeiro mês de gravidez para não ficar "gorda". Exibindo, enfim, a visão individualista e superficial da própria musa de Elvis, que foi ensinada de que as mulheres devem ser lindas e apenas isso importa. No livro, ela também admite que não deu a atenção necessária à sua filha, Lisa Marie, e que teve que correr atrás do prejuízo e dedicar mais do seu tempo para ela, deixando assim Elvis de lado.

Por fim, Priscilla narra seu divórcio de Elvis, sua descoberta de que havia um mundo além de seu marido e como ela ainda o amava, apesar de tudo. Infelizmente, a ex-esposa de Elvis e sua co-autora Sandra Harmon apenas provocam e nunca chegam aos finalmentes do relacionamento de Priscilla e Elvis.

Elvis e Eu (Elvis and Me, 1985) se tornou um sucesso de vendas graças ao fascínio com a vida do astro do rock. Isso porque em suas páginas, os fãs de Elvis não conseguem compreender, a fundo, a intimidade do músico e de sua esposa. Apenas aproveitam algumas das histórias dele ao lado de Priscilla.

Susan Walters e Dale Midkiff interpretaram Priscilla e Elvis no filme Elvis e Eu, de 1988
A verdade é que o livro é desconcertante: vemos um Elvis diferente do idealizado, um que moldou uma menina de 14 anos de idade para se tornar a esposa perfeita e que era manipulativo e inseguro. Priscilla, em minha visão, viu uma chance de ficar com Elvis e foi sem pensar, impulsionada por sua própria prepotência juvenil e a ambição de seus pais.

O livro Elvis e Eu não torna Priscilla necessariamente uma menina boa e sem defeitos e nem torna Elvis em um monstro: ela sabe dosar as qualidades e os defeitos de cada um e mostrar como, aos poucos, conseguiu assegurar cada vez mais sua própria voz em um mundo só de Presley. Mas o fato é que o livro só insinua as atribulações e as felicidades do casal, nunca permitindo que o leitor conheça a vida de Priscilla e Elvis a fundo. O leitor não consegue forjar uma conexão com Priscilla porque ela não dá abertura suficiente para isso, fazendo com que a obra parece mais uma homenagem ao ex-marido do que uma biografia.

Uma ação inteligente de Priscilla, que na época já era muito criticada por tentar capitalizar em cima de Elvis, através de publicidades, papeis no cinema e televisão e por chefiar Graceland, que após a morte de Presley se tornou um grande santuário para seus fãs, com grande fluxo de dinheiro. Ela tenta ganhar simpatia, mas sem falar mal do ex-marido no processo, o que se tornou um grande trunfo para ela e sua reputação.

O livro ganhou uma versão para a TV em 1988, intitulado Elvis e Eu (Elvis and Me) que não foi um grande sucesso, mas se mantém em voga graças ao fascínio ao redor da relação entre o casal.

Elvis e Eu, escrito por Priscilla Presley e Sandra Harmon, exibe uma visão superficial do astro do rock e de seu casamento e relacionamento abusivo (sim!) com Priscilla. É uma ótima leitura inicial para quem quer saber mais sobre a vida do astro, mas não conta toda a relação complexa que ele tinha com sua ex-esposa. Para isso você terá que comprar outro livro!
INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO ELVIS E EU

Livro: Elvis e Eu
Autora: Priscilla Beaulieu Presley e Sandra Harmon
Páginas: 350 

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11 filmes clássicos para assistir no Natal

A época do Natal é feita para reflexão. Para as crianças, contamos que o Papai Noel as separa em uma lista de 'bonzinhos' e 'levados', deixando claro que apenas os que foram caridosos ganharão um presente. Os 'malvados' não tem direito à nada, apenas um carvão na meia.

O Natal é uma celebração que se propagou nos Estados Unidos, graças, em boa parte, ao cinema. Isso porque ao imaginar a comemoração, vem à mente o seguinte: neve, presentes debaixo de uma árvore, uma lareira quentinha e luzinhas por toda a parte. Em dezembro no Brasil, entretanto, enfrentamos o calor sufocante do verão. 

Mas o verdadeiro triunfo dos filmes natalinos é que eles não se resumem apenas à imagem preconcebida por nós. As películas de Natal transmitem a mensagem de solidariedade, de união, de mudança de vida e de nos sentirmos grato pelo ano que passou, ao lado das pessoas que mais amamos. Esse sim é um sentimento universal, independente de seu credo, sua raça, sua criação ou seus objetivos. 

Assim, nesta mais nova edição de A Listinha, compilamos onze filmes que não podem faltar em sua festa de Natal! 

A Felicidade Não se Compra (It's a Wonderful Life, 1946)
Donna Reed e James Stewart interpretam Mary e George Bailey
A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946) é o grande clássico do cinema natalino. Mais de sete décadas após seu lançamento, o filme é cultuado pelos norte-americanos e todos os fãs de cinema clássico. Assim muitos se surpreendem ao descobrir que a película não fez sucesso em sua estreia e apenas ganhou fama ao cair em domínio público e começar a ser exibido nas emissoras de TV nos anos 70. Mas é verdade!

Em A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946), o primeiro filme de James Stewart após seu retorno da II Guerra Mundial, o ator interpreta George Bailey, um jovem com grandes aspirações de se tornar um arquiteto e viajar pelo mundo. O destino dele, no entanto, não o permitiu concluir esse desejo de grandeza, como acontece com muitos. Ele fica em sua cidade natal cuidando do negócio imobiliário de seu falecido pai, se casa com a adorável Mary, vivida por Donna Reed, e continua a ajudar sua comunidade. Mas, insatisfeito com o rumo de sua vida, George cogita suicídio, mas ganha um anjo da guarda para lhe mostrar como sua vida é necessária. 

O diretor do filme, Frank Capra afirmou em entrevista que queria mostrar "uma atitude positiva diante da vida, otimismo e reverência ao individual". Ele conseguiu exatamente isso com A Felicidade Não se Compra (It's a Wonderful Life, 1946). 

Com atuações maravilhosas, incluindo a aparição de Gloria Grahame e Thomas Mitchell, o filme dosa com perfeição a insatisfação de George com sua vida e todas as pessoas que se importam com ele e é obrigatório para qualquer cinéfilo no Natal. A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946), exibe o espírito caridoso e a união entre as pessoas, acima da ganância, do orgulho e das segundas intenções. Um mundo repleto de amor, nos fazendo lembrar que sim, a vida pode ser maravilhosa! 

 Lembra-se Daquela Noite? (Remember The Night, 1940)
Barbara Stanwyck e Fred MacMurray são Lee e John
Barbara Stanwyck e Fred MacMurray atuaram pela primeira vez juntos neste filme e provaram que sua química era tão boa que acabaram protagonizando mais três películas juntos. Mas é em Lembra-se Daquela Noite? (Remember The Night, 1940) que temos um verdadeiro hino de Natal. 

Em Lembra-se Daquela Noite? (Remember The Night, 1940), Barbara interpreta Lee, uma jovem delinquente que é pega tentando roubar uma joia dentro de uma loja de departamento bem na véspera de Natal. John, vivido por Fred MacMurray, é um promotor da Justiça que decide fazer uma boa ação e dispensar a jovem para que ela possa aproveitar as festas em casa. Mas Lee entende de outra maneira e aparece na porta de John para "agradecê-lo". O promotor esclarece o erro e oferece uma carona para Lee em Idaho para passar o Natal, afinal os dois são de lá. Pouco a pouco, no entanto, eles vão se apaixonando e o resto é história!

O diretor Mitchell Liesen e o roteirista Preston Sturges uniram forças ao escrever essa comédia romântica, com ares de filme noir, conseguindo subverter o clichê e transformar Lembra-se Daquela Noite? (Remember The Night, 1940) em um clássico único de Natal, embora as festividades não sejam o foco da película. A timidez de Fred, que ficou em pânico ao saber que teria que beijar Barbara acaloradamente, e a vivacidade e Stanwyck se mesclaram bem e tornaram o filme um sucesso. 

Lembra-se Daquela Noite? (Remember The Night, 1940), apesar de sua temática de amor x razão, é um filme perfeito para as festas pois trata do amor, do modo mais puro e romântico e como esse sentimento pode nos mudar tanto para o bem quanto para o mal, também.


O Maior Presente deNatal (The Kid Who Loved Christmas, 1990)
Este foi o último filme estrelado por Sammy Davis Jr

O Maior Presente de Natal (The Kid Who Loved Christmas, 1990) pode não ser um clássico de Natal propriamente dito: o filme foi lançado "recentemente" se comparado aos outros desta lista, mas merece seu lugar de destaque. Além de ser um dos poucos filmes natalinos com um elenco totalmente negro, este também foi a última participação do astro Sammy Davis Jr. nas telas. 



O Maior Presente de Natal (The Kid Who Loved Christmas, 1990) conta a história de um casal Tony, vivido por Michael Warren, e Lynette Parks, interpretada por Vanessa Williams, que desejam adotar um menino. Com o processo quase finalizado, Lynette morre em um acidente de carro e seu marido Tony acaba sendo considerado inapropriado para se tornar pai do pequeno Reggie, interpretado por Trent Cameron,  por ser um músico que viaja o tempo todo ao lado de artistas como Sideman, vivido por Sammy Davis Jr. Apenas um milagre de Natal poderia unir essa família novamente. 

O filme, aliás, foi produzido pela produtora de Eddie Murphy da época e conta com um roteiro conciso, que apesar de alguns 'furos', consegue preencher cada telespectador com o espírito natalino. As cenas com Davis, que morreu cinco meses depois do final das gravações de O Maior Presente de Natal (The Kid Who Loved Christmas, 1990), dão um tom agridoce a película.  

O Maior Presente de Natal (The Kid Who Loved Christmas, 1990) demonstra que nunca devemos desistir de nossos sonhos e objetivos e que no final tudo vai dar certo se o seu coração estiver no lugar correto. Nem sempre isso pode ser verdade, mas não há mal nenhum em deixar que isso aconteça nos filmes. 

Ver-te-ei Outra Vez (I'll Be Seeing You, 1944)
Ginger Rogers é Mary e Joseph Cotten é Zachary
Nem todo o filme de Natal apresenta um mundo idealizado, como é o caso de Ver-te-ei Outra Vez (I'll Be Seeing You, 1944) no qual ambos os personagens são neuróticos, compreensíveis e sem medo de exibirem suas falhas.

Ginger Rogers interpreta Mary Marshall, uma jovem que foi presa por ter cometido um homicídio acidental. Ela ganha um passe livre para passar o Natal ao lado de sua família e no trem, a caminho de casa, conhece um jovem sargento do exército chamado Zachary Morgan, interpretado por Joseph Cotten, que ganhou licença do hospital do exército após sofrer graves ferimentos em combate. Os dois se apaixonam, apesar das dificuldades e logo são inseparáveis, mas contar sobre seus passados um para o outro poderá colocar tudo a perder. 

Shirley Temple também faz uma aparição no filme, já com 16 anos de idade, como a prima mais nova de Mary. Ver-te-ei Outra Vez (I'll Be Seeing You, 1944) foi baseado em uma história de rádio famosa que contava a história de romance durante as festividades de final de ano, com o título de Double Furlogh, ou seja, Licença Dupla.

Ver-te-ei Outra Vez (I'll Be Seeing You, 1944) é um filme de Natal que tinha tudo para dar errado:ao retratar uma criminosa e um herói de guerra traumatizado, mas são justamente esses elementos que tornam o filme único e com um jeitinho peculiar cativante. A mensagem do filme é a seguinte: você não deve deixar seu passado te definir e nunca é tarde para mudar o seu futuro.

De Ilusão Também se Vive/Milagre na Rua 34 (Miracle on 34th Street, 1947)
O Milagre na Rua 34 é um grande clássico natalino
Quando se pensa em clássico de Natal, o filme Milagre na Rua 34 (Miracle on 34th Street, 1947) é outro que não pode faltar em qualquer lista. Estrelado por Maureen O'Hara, John Payne e uma pequena Natalie Wood, o filme é a epítome de esperança e fé. 

Em De Ilusão Também Se Vive ou Milagre na Rua 34, dependendo da tradução brasileira do título, conhecemos a pequena Susan Walker, vivida por Natalie Wood, que não acredita em qualquer mito ou fantasia e assim, também não acredita no Papai Noel. Sua mãe Doris, interpretada por Maureen O' Hara, não quer que sua filha acredite em qualquer sonho. Mas quando um novo Papai Noel começa a trabalhar em sua loja, o velhinho Kris Kringle, o Edmund Gwenn, e ele afirma ser o verdadeiro Noel, todas as crenças e vida das duas Walker vão mudar para sempre. 

Milagre na Rua 34 (Miracle on 34th Street, 1947) é um apelo contra o consumo excessivo da data comemorativa, tentando mostrar que o verdadeiro espírito de Natal é a caridade, o carinho e a fé em coisas boas (Natalie, aliás, acreditava que Edmund era o verdadeiro Noel). A crítica contra o consumismo exacerbado continua mais atual do que nunca em uma época em que, com a tecnologia, mas vale o que você tem do que você é. O filme quase ganhou uma sequência, mas o roteiro criado pelo ator John Payne, que interpretou Fred, se perdeu e nunca foi encontrado depois de sua morte. 

Milagre na Rua 34 (Miracle on 34th Street, 1947) ganhou uma refilmagem em 1994, mas que não possui exatamente o mesmo espírito e a leveza do original. A película é de uma sensibilidade incrível, com atuações de alto nível e o melhor de tudo, transmite o verdadeiro sentido do Natal: não os presentes e sim quem está presente! 

Duas Vidas se Encontram (Holiday Affair, 1949)

Janet Leigh e Robert Mitchum tem uma ótima química

Duas Vidas se Encontram (Holiday Affair, 1949) é uma joia de Natal subestimada. Estrelado por Janet Leigh e Robert Mitchum, o filme é como aquele abraço que você ganha de um amigo que não vê há muito tempo. Caloroso e que você nem sabia que sentia falta. 

Em Duas Vidas se Encontram (Holiday Affair, 1949), Janet interpreta a mãe solteira Connie, que trabalha como uma espiã comercial que compara os preços e os produtos de lojas concorrentes, especialmente no Natal. É no trabalho que ela conhece Steve, vivido por Robert Mitchum, que trabalha em uma das lojas concorrentes. Logo ele descobre que Connie é uma espiã, mas por não reportar ao chefe acaba demitido. Sem emprego, os dois acabam se encontrando no parque e criam uma conexão, para o deleite de Tim, filho de Connie que é interpretado por Gordon Gerbert, que não quer que a mãe se case com Carl, interpretado por Wendell Correy.

Robert Mitchum, aliás, aproveitou as gravações para provocar a sua colega de cena, Janet Leigh. Em entrevista, a atriz conta: "Tanto ele quanto Corey aproveitavam para tentar me provocar. Como quando Bob foi requisitado a me beijar como eu nunca tinha sido beijada antes." Essa atmosfera leve e brincalhona dos bastidores é transmitido para as telonas.

Duas Vidas se Encontram (Holiday Affair, 1949) é uma comédia romântica natalina perfeita para os apaixonados de plantão. Com um casal protagonista extremamente atraente, o filme é bem diferente de tudo que Mitchum já fez e prova a versatilidade do ator, assim como a noção de que o amor pode acontecer das maneiras mais estranhas, até na véspera de Natal em uma loja de departamento.

O filme ganhou uma refilmagem para a TV em 1996, mas que não teve o mesmo sucesso. 

Indiscrição (Christmas in Connecticut, 1945)
Barbara Stanwyck em mais um filme natalino
Seria Barbara Stanwyck a rainha do Natal clássico? Brincadeiras a parte, a atriz já participou de inúmeros filmes feitos para as festividades e Indiscrição (Christmas in Connecticut, 1945) é um filme típico de Natal: com muitas confusões, comédia e a presença de um espírito caridoso.

Em Indiscrição (Christmas in Connecticut, 1945) conhecemos Elizabeth, vivida por Barbara Stanwyck, uma colunista de culinária de sucesso que diz ter a vida perfeita: com um marido amável e um bebê forte e saudável. A verdade é que Elizabeth é solteira e hesitante de firmar seu noivado com John Sloan, interpretado por Reginald Gardiner. Mas quando seu chefe decide fazer uma matéria especial de Natal para a revista onde Elizabeth faz uma linda ceia ao lado do marido e filho para um herói de guerra Jefferson Jones, vivido por Dennis Morgan. ela tem que se virar para conseguir dar tudo certo. Será que o amor desabrochará daí ou será apenas uma confusão depois da outra?

O filme, infelizmente, não atinge todo o seu potencial: algumas cenas de humor se estendem por tempo demais, tornando-nas enfadonhas, e a demora de atingir o desfecho dos personagens também deixa o Indiscrição (Christmas in Connecticut, 1945) com a sensação que é longo demais, mesmo tendo pouco mais de 1h30 de duração.

Indiscrição (Christmas in Connecticut, 1945), um dos filmes favoritos que Dennis já atuou, é um filme doce, sem grandes aspirações e feito para que você acredite na magia do Natal e principalmente na magia do amor. Não tem nenhuma mensagem reflexiva ou pretende elevar seus pensamentos: é apenas uma comédia romântica para se assistir depois da Ceia. E também não tem nada de errado nisso!

 Nunca Me Digas Adeus (Never Say Goodbye, 1946)
Eleanor Parker e Errol Flynn surpreendem com sua química!
Nunca Me Digas Adeus (Never Say Goodbye, 1946) é outra comédia romântica natalina que resolveu unir duas grandes estrelas em um roteiro um tanto quanto insosso, mas que é elevado por seus protagonistas e pela atriz mirim que interpreta sua filha.

Em Nunca Me Digas Adeus (Never Say Goodbye, 1946) conhecemos a pequena Flip Gayley, vivida por Patti Brady, que deseja mais do que tudo que seus pais, Ellen e Phil, interpretados respectivamente por Eleanor Parker e Errol Flynn, reatem seu casamento. O problema é que Phil continua flertando com várias mulheres e Ellen não confia que ele tenha realmente mudado. Assim, com a chegada do soldado da II Guerra Mundial, Fenwick, vivido por Forrest Tucker, por causa de um mal entendido, Phil finalmente tem uma grande competição e terá que suar para conquistar sua ex-esposa.

Dirigido por James V Kern, o filme é uma comédia despretensiosa com um roteiro leve e divertido, que não é tão cansativo como o romance em Indiscrição (Christmas in Connecticut, 1945), por exemplo. A presença da voz de Humphrey Bogart em uma das cenas do filme também eleva a qualidade e o efeito de humor da obra. Errol e Eleanor dão grandes atuações e provam seu valor tanto na comédia quanto no drama.

Dentre as comédias românticas natalinas nesta lista, Nunca Me Diga Adeus (Never Say Goodbye, 1946) pega o terceiro lugar facilmente, atrás de Duas Vidas se Encontram (1949) e A Loja da Esquina (1940), mas é apenas isto: um filme feito para você se sentir bem e acreditar que o amor, especialmente no Natal, pode vencer tudo!

 A Loja da Esquina (The Shop Around The Corner, 1940)
James Stewart e Margaret Sullavan nesta comédia natalina adorável
Se Barbara Stanwyck é a rainha do Natal nesta lista, James Stewart com certeza é o rei! O jovem ator estrelou em dois filmes natalinos essenciais: o A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946) e a doce comédia romântica A Loja da Esquina (The Shop Around The Corner, 1940). 

Em A Loja da Esquina (The Shop Around The Corner, 1940), que deu origem ao filme Mensagem Para Você com Meg Ryan e Tom Hanks, conhecemos Alfred Kralik, interpretado por James, um jovem vendedor de uma loja em Budapeste. Quando Klara, vivida por Margaret Sullivan, consegue um emprego no local, os dois não se dão nada bem e tem uma relação conturbado de trabalho. Mas, sem saberem, a verdade é que um é o correspondente de carta do outro e  que eles estão se apaixonando, através de cartas, por alguém que acreditam odiar. Será que o amor continuará quando descobrirem a verdade? 

Vale lembrar que James Stewart era apaixonado por Margaret Sullavan na vida real, mas havia um porém: ela já tinha sido casada com seu melhor amigo, Henry Fonda, no começo dos anos 30. Sobre sua parceria com Margaret, James afirmou: "Você nunca sabia realmente o que ela poderia fazer na frente das câmeras e isso fazia o trabalho tão interessante. Não era como se ela fizesse algo grandioso, sempre eram as pequenas coisas." 

A química entre Margaret e James era dinamite e a tensão entre ódio e o amor entre os personagens, torna o A Loja da Esquina (The Shop Around The Corner, 1940) em uma preciosidade entre os filmes natalinos, que mostra que o amor e a cumplicidade podem florescer nos lugares mais inóspitos e que apenas precisamos olhar à nossa volta para encontrá-lo. 

 Um Anjo Caiu do Céu (The Bishop's Wife, 1947)
Loretta Young e Cary Grant, além de William Powell,estrelam este clássico de Natal 
Um Anjo Caiu do Céu (The Bishop's Wife, 1947) ganhou uma refilmagem maravilhosa em 1996 estrelada por Whitney Houston e Denzel Washington, que vale muito a pena assistir, embora não seja um filme clássico. Mas é na versão original de 1947 que temos uma história menos musical, mas com uma sensibilidade artística grande. 

Em Um Anjo Caiu do Céu (The Bishop's Wife, 1947) conhecemos a personagem de Loretta Young, Julia, uma esposa de um bispo que se sente cada vez mais negligenciada já que seu marido Henry, interpretado por William Powell, só pensa em seu trabalho e não dá a atenção devida à ela. Assim, um anjo chamado Dudley, e vivido por Cary Grant, é ordenado a descer para a Terra e ajudar o bispo a retomar seu casamento e terminar sua nova catedral, que consome grande parte de seus esforços. 

O filme dirigido por Henry Koster deveria ser um clássico de maiores proporções. O anjo vivido por Grant toca cada vida que encontra e ajuda à todos a perceberam que o dinheiro, a beleza e o egoísmo de nada importam de maneira geral. É aquilo que temos por dentro e o que podemos oferecer de bom ao mundo e as pessoas à nossa volta que realmente importa. 

Um Anjo Caiu do Céu (The Bishop's Wife, 1947) foi baseado em um livro escrito por Robert Nathan, o mesmo de O Retrato de Jennie (Portrait of Jennie, 1948) e transmite toda a doçura e a beleza do Natal ao mandar um anjo, ou seja alguém iluminado, para demonstrar que espalhar o bem, independente como, nunca é demais.

 Natal Branco (White Christmas, 1954)
Vera-Ellen, Danny Kaye, Bing Crosby e Rosemary Clooney estrelam este clássico
O filme Natal Branco (White Christmas, 1954) já teve seus dias de glória na década de seu lançamento, ao combinar o clima natalino com canções, danças e mensagens de otimismo e solidariedade combinando tudo isso com um quarteto extremamente talentoso.

Em Natal Branco (White Christmas, 1954) Bing Crosby interpreta Bob Wallace, um cantor e dançarino famoso, que forma uma dupla com Phil Davis, interpretado por Danny Kaye. Os dois acabam conhecendo outra dupla famosa, dessa vez de mulheres: as adoráveis irmãs Haynes, Judy e Betty, vividas respectivamente por Vera Ellen e Rosemary Clooney. Os dois ficam encantados pelas meninas e vão atrás delas até seu próximo local de show. Por coincidência eles se hospedam no hotel de seu antigo general do exército, Major Thomas, interpretado por Dean Jagger, que está à beira da falência e precisa de ajuda para restabelecer seu negócio. Será que Phil e Bob poderão ajudá-los?

O filme que foi dirigido por Michael Curtiz tem todos os elementos natalinos clássicos: neve, dança, música, amor e é claro, músicas cativantes escritas por Irving Berlin, que criou a canção inesquecível White Christmas que ficou ainda mais linda com a voz de soprano de Rosemary Clooney (tia de George Clooney), Danny Kaye e a de Bing Crosby. Vera-Ellen foi dublada.

Natal Branco (White Christmas, 1954) tem grandes atuações e grandes canções, o que é essencial para que um filme musical atinja enorme sucesso. A película foi até indicada ao Oscar de Melhora Canção por Count Your Bleesings Instead of Sheep, outra música que ecoa o sentimento de gratidão que é essencial e inerente ao Natal. Um filme imperdível!
Todos os filmes listados acimas podem ser encontrados em plataformas como Netflix, em canais On Demand e até no Youtube, em alguns casos.

E para você e sua família: que filme não pode faltar no seu Natal?


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