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Cine(Som): Em Algum Lugar do Passado (1980)

Existem filmes e, inclusive seriados, que não precisam de trilhas sonoras elaboradas para ganhar os ouvidos de seus telespectadores. A música de abertura da nova série de sucesso da Netflix, Stranger Things (2016) e o assovio inconfundível da trilogia Kill Bill são apenas alguns exemplos. Mas quando se trata de filmes românticos, a responsabilidade é ainda maior.

Por isso, no nosso primeiro Cine(Som), não poderíamos deixar de falar sobre o filme Em Algum Lugar do Passado (1980), o primeiro longa-metragem que Christopher Reeve fez depois de estrear como o Super-Homem, lá em 1978, Ao lado de Jane Seymour, que interpreta sua amada Elise McKenna, ele faz de tudo para voltar ao passado e reviver, ou melhor, viver ao lado de seu grande amor. 

A química entre eles é inegável                                            Paramount Pictures/Gif
Baseado no livro Bid Time Return (que, ao ser traduzido ficaria algo como Esperar o Tempo Voltar), de Richard Masterson, que inclusive ajudou no roteiro do filme, a história é baseada na vida real de uma atriz de teatro conhecida como Maude Adams, que era conhecida por sua personalidade misteriosa e que adicionou ainda mais misticismo ao morrer, quando teve suas cartas queimadas, levando qualquer conhecimento de sua vida pessoal com ela para o túmulo. 

E é neste clima de nostalgia e mistério que a trilha sonora de John Barry funciona maravilhosamente bem. O compositor nasceu em 3 de novembro de 1933 e já estava envolvido no negócio do cinema: seu pai era dono de uma rede de cinemas em sua cidade natal em York, na Inglaterra. Um grande pianista, ele logo formou uma banda de jazz chamada John Barry Seven que também acompanhava o ator e cantor Adam Faith em sua busca pelo sucesso, participando, inclusive, da série Drumbeat, que reunia cantores e cantoras para canções ao vivo e que trouxe a fama que Adam tanto queria.

  John Barry é um dos músicos mais aclamados do cinema, apesar de alguns escândalos        Divulgação/Youtube
A partir daí, Adam decidiu ser um ator profissional e aceitou seu primeiro papel no cinema, em Beat Girl de 1959. John conseguiu seu primeiro trabalho como compositor por causa de seu amigo, mas foi seu talento que abriu várias portas e ele se viu responsável por trilhas sonoras de filmes como a saga do 007 e Proposta Indecente (1993). 

O interessante é que John acabou não trabalhando como compositor no filme 007 - Viva e Deixe Viver (1973), que tinha a Jane Seymour, nossa Elise Mckenna como bond girl. Mas eles eram grandes amigos e foi ela que convenceu John a participar do filme Em Um Lugar do Passado, já que a produção temia que ele pedisse muito dinheiro pelo seu trabalho. 

De acordo com o blog do produtor do filme, Stephen Simon, John assistiu ao filme e alguns dias depois ele já tinha um tema perfeito para ele, a romântica Somewhere in Time, incrementada pelo piano de Roger Williams, em uma segunda versão: 


Desde a primeira canção, quando nos deparamos com uma senhora se aproximando de Richard Collier e pedindo que ele volte para ela, com a devastadora The Old Woman (A Velha Senhora), conseguimos perceber que John buscava uma melodia clássica para as composições, entendendo muito bem o valor nostálgico do filme.

Outra mudança na trilha sonora do filme pode até ser uma surpresa para quem já leu o livro. Nele, Richard é um grande amante de músicas clássicas e a nona sinfonia de Mahler permeia todo o livro, já que retrata as emoções do adeus, que se identificam muito bem a situação de Richard e Elise. No entanto, no filme, essa obra foi alterada para a Rhapsody on a Theme of Pagani de Sergei Rachmaninoff, a partir de sua metade, que é introduzida quando os nossos dois protagonistas começam a se apaixonar.

Entretanto, é a música-tema do filme permanece como a mais poderosa, tanto que ao compor canções para o filme Entre Dois Amores (1985), ele usou praticamente os mesmos arranjos de Somewhere in Time e acabou ganhando um Oscar por isso, um entre seus cinco, de melhor canção original. Que irônico, não é mesmo? 





Apesar de Em Algum Lugar do Passado ser um filme muito amado hoje em dia, na época de seu lançamento foi massacrado pelos críticos e teve apenas uma pequena audiência. cativa. Uma coisa é certa, no entanto: se você gostou da trilha sonora, com certeza se apaixonará pelo filme: isto é se, no fundo, você for um romântico incorrigível.

Aproveite e fique com a trilha sonora completa de Em Algum Lugar do Passado (1980), a seguir: 






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  1. Assisti a esse filme há pouco tempo. Lida com um tema recorrente na ficção científica como viagem no tempo e questões religiosas como eternidade, vida após a morte e predestinação. Claro que de um ponto de vista material e materialista, são justas as críticas que o filme recebeu na época de sua estréia. E isso é interessante, pois se o argumento derrapa exatamente na fundamentação de uma viagem de 60 anos no passado - o protagonista realiza a viagem apenas com sua consciência e sugestão mental, sem qualquer intervenção de máquinas e de efeitos especiais pesados, o que acaba segurando a história é a excelente interpretação de seus atores e a trilha sonora, que muitas vezes são deixadas para trás em muitos filmes de ficção científica que estamos acostumados a acompanhar.

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    1. Não poderia concordar mais! A beleza de Algum Lugar do Passado é justamente como o personagem faz a viagem no tempo e tudo se torna uma história de amor eterna.

      Muito obrigada e volte sempre, Lucio! :)

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  2. Amei Em algum lugar do passado principalmente a.musica influenciada pela obra de Gustav Mahler

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