5 curiosidades sobre Lupe Vélez: a explosão mexicana

* aviso: a matéria a seguir fala sobre o suicídio da estrela 

Lupe Vélez é muitas vezes lembrada por sua história trágica ao invés de sua carreira no cinema hollywoodiano e não sem motivo. María Guadalupe Vélez de Villalobos, nasceu em San Luis Potosi, no México no dia 18 de julho de 1908 e ficou conhecida por interpretar personagens mexicanas fogosas nos tempos de filmes mudos, com extrema maestria. 

Divulgação/Gif
Apesar de seu sotaque carregado, ela fez a transição para os filmes falados sem quase muito esforço, mesmo que acabasse sempre sendo escalada em papeis estereótipados de mulheres mexicanas fortes e sem papas na língua, que acabam encantando o protagonista. Baixinha, com apenas 1,50 de altura, Lupe Vélez tinha o tamanho e o talento ideal para contracenar com qualquer ator protagonista e assim o fez: trabalhou com o alto Gary Cooper, seu namorado de anos, Douglas Fairbanks e até o mais baixo e galante, Leon Errol.

Ganhadora de nossa enquete entre três atrizes mexicanas (entre Katy Jurado e Maria Elena Marquez), Lupe ganha esta listinha com 5 curiosidades que talvez você ainda não saiba sobre ela. 

1. LUPE NASCEU DURANTE UMA TEMPESTADE


Lupe com cinco meses de idade               University of Washington Libraries Dig Collections
Lupe Vélez sempre foi conhecida por ser uma mulher decidida, livre e um tanto selvagem. Uma moleca, era dito que ela havia puxado o lado rebelde de seu pai, Jacobo Villalobos, um soldado, fato que deixava sua mãe, Josefina Vélez, louca!

De fato, parece que era seu destino ser conhecida como a "explosão mexicana". Isso porque, Vélez nasceu durante uma das mais fortes tempestades do México naquele ano de 1908. De acordo com o livro Lupe Vélez: The Life and Career of Hollywood’s “Mexican Spitfire” por Michelle Vogel, em 18 de julho de 1908, vários prédios e casas da região da terra natal da atriz ficaram devastados com uma forte tempestade com ventos tão fortes, que quase poderiam ser considerados como um furacão. Lá, esse tempo é conhecido como tromba d'água (basicamente, um tornado). 

Ciganos e espiritualistas acreditavam que a tempestade de San Luis Potosí poderia se infundir na alma da mais nova recém-chegada e pode ser muito bem verdade - em Hollywood, Lupe Vélez ficaria conhecida também como a 'Tempestade Mexicana" e suas mudanças de humor e personalidade forte acabaram transformando-na em uma das estrelas latinas mais amadas da sétima arte. 

Coincidência ou não, não pode-se negar que a Mãe Natureza teve um grande senso de humor quando se tratou de Lupe Vélez. 

2.  SUA MÃE TENTOU SEPARÁ-LA DE UM NAMORADO COM UMA TÁTICA PECULIAR 


Divulgação/CineArte
Lupe, aliás, sempre teve uma personalidade namoradeira, ganhando seu primeiro namorado com sete anos de idade, segundo o livro de Vogel, quando o cachorro dela brigou com o cão de seu futuro pretendente, Víctor. Os dois namoraram brevemente, mas em entrevista para a revista Screen Secrets de 1929, a atriz não foi nada gentil sobre seu primeiro namoradinho. Ela disse:
Eu achava que não existia nada melhor do que velhos amigos. Daí eu vi o Víctor! Ele tem espinhas pelo rosto inteiro e eu pensei: 'Meu Deus! Como um dia eu pude gostar dele!' Mesmo com sete anos de idade, como eu pude ter um namorado com tantas espinhas no rosto? 
Mas o namorado que realmente preocupou sua mãe Josefina foi um homem de 21 anos de idade que ficava com a futura atriz, quando ela tinha apenas treze anos! Preocupada de que o homem estivesse tirando vantagem de sua filha, Josefina tentou fazer com que Lupe não o visse nunca mais, aplicando uma tática bem peculiar: a levou para visitar uma ala no hospital mexicano com mulheres infectadas pela sífilis, uma doença sexualmente transmissível. 

A tática, apesar de ter assustado Lupe, não foi o suficiente para que ela desistisse de seu namorado bem mais velho - que hoje em dia teria sido, certamente, acusado de violação de um menor, afinal Lupe tinha acabado de entrar na adolescência - e ela continuou a vê-lo. Seus pais tentarem proibir, mas isso apenas deixou Vélez ainda mais determinada de ficar com seu primeiro amor. 

O romance apenas chegou ao fim quando Lupe e sua irmã Josefina foram estudar em um convento em Texas, nos Estados Unidos. 

3. LUPE VÉLEZ X MARLENE DIETRICH por GARY COOPER


Gary e Lupe em 1929                                                   Divulgação/Publicidade
Que Lupe tinha uma personalidade forte, isso já ficou bem claro, mas a atriz também era extremamente ciumenta. Tão ciumenta que até atirou no astro Gary Cooper, seu namorado na época, por fazer uma viagem à Europa em 1931 à mando do estúdio sem ela. Dizem que quando ficou sabendo, ela correu ao seu encontro na estação e o xingou, apontando a arma para ele. Felizmente, Lupe errou e Cooper fez sua viagem, terminando o namoro de forma pública no seu retorno. 

Os dois se conheceram no set de filmagens do filme A Canção do Lobo ( The Wolf Song, 1929) e a atração foi mútua, com Cooper afirmando: "Creio que não exista nenhum homem que não perca a cabeça com uma criatura como essa." E os dois logo se tornaram namorados, com um relacionamento repleto de idas e vindas, discussões e brigas, com a desaprovação da mãe de Cooper, que detestava Lupe. 

Não ajudava nada que o temperamento de Lupe era imprevisível, com a atriz inclusive sofrendo com epilepsia. De acordo com o livro Gary Cooper: American Hero por Jeffrey Meyers, Lupe até o machucou com uma faca sem motivo algum, apenas para arrancar alguma reação dele (a atriz, aliás, tinha grande predileção por falar sobre si mesma na 3ª pessoa): 
Grande problema que Cooper tem...ele corre de mulheres que não são como sua mãe. Ele fica excitado quando brigamos e eu te digo: Lupe foi a mulher que o marcou para a vida inteira. Eu o ataquei com uma faca, uma vez...no braço, ele sangrou e suou. Como ele suou. Nós estávamos cozinhando e Gary não teve como escapar. Ele tem as cicatrizes agora.
Fazendo parte de um relacionamento claramente abusivo, Lupe ficava de olho em cada movimento de Cooper, inclusive ao filmar Marrocos (Marrocco, 1930) com a nova e excitante estrela Marlene Dietrich, que apesar de casada era conhecida por suas conquistas. Em uma carta, Marlene contou sobre sua relação com Cooper durante as filmagens: 
Os jornais disseram que Lupe Vélez, sua namorada, ameaçou arranhar meus olhos se eu chegasse perto dele. Como eu posso? Ela senta entre suas pernas no meio dos ensaios. Eu não chego perto, Deus sabe, para saber o que estão fazendo, mas parece que fazem algo que deveria ser feito entre quatro paredes.
Mesmo assim, Marlene teve sua chance durante o filme Desejo (Desire, 1936) no qual contracenou novamente com Cooper e os dois tiveram um caso tórrido.

Durante o relacionamento de três anos e meio com Lupe, Gary Cooper chegou a pesar 67 quilos para seus 1,90 cm de altura! A combinação de Lupe Vélez, com seu temperamento explosivo, fazer 30 filmes em cinco anos e festejar durante à noite com sua então namorada , quando já estava esgotado, se provou algo insuportável para Gary. Depois do astro, Lupe casou-se com Johnny Weissmuller, em outro relacionamento conturbado. A atriz, aliás, nunca teve um envolvimento que fosse pacífico. 

Divulgação/Michelle Vogel
Posteriormente, perguntado sobre qual foi a maior emoção que tirou do cinema, Gary Cooper respondeu com uma palavra: "Lupe." 


4.EDIE SEDGWICK JÁ INTERPRETOU LUPE


Divulgação/Andy Warhol
Andy Warhol ficou conhecido como um dos maiores artistas do pop art, arte que era uma crítica à sociedade e ao consumismo. Algumas de suas musas incluíam groupies e aspirantes à artistas como Cyrinda Foxe, Nico e a inesquecível Edie Sedgwick, parente da também atriz Kyra Sedgwick. 

Edie Sedgwick se tornou uma das estrelas de Andy Warhol quando se mudou para Nova York, depois de uma infância isolada no rancho de sua família rica, para se tornar uma modelo. Os dois se conheceram em uma festa em 1965 e logo Warhol a escalava para inúmeros papeis em seus filmes no The Factory, seu estúdio de arte super badalado. 

Um dos últimos papeis de Edie nos filmes de Warhol foi no curta-metragem Lupe (idem, 1966), baseado no última dia de vida de Lupe Vélez. Edie estava ansiosa por interpretar a atriz, embora muitos críticos afirmem que o filme é, na verdade, um reflexo do próprio estado de espírito de Edie. Ela sofria com depressão e bulimia e se matou em 1971, aos 28 anos de idade, ao se intoxicar com remédios, assim como a atriz mexicana anteriormente. O curta Lupe (idem, 1966), cortava em cada cena mostrando Edie com a cabeça na privada, como muitos acreditam, erroneamente, que Lupe morreu.  

Mas não foi apenas Edie que tentou homenagear a atrevida mexicana. Já em 1949, uma cinebiografia estava em andamento com Marquita Rivera, que nunca se concretizou. Em 1966, a atriz Estelita Rodriguez foi escalada, mas alguns meses depois foi encontrada morta em seu apartamento, provavelmente por uma evolução séria de uma gripe. Ela tinha 37 anos de idade. 

Divulgação/Montagem
Rita Moreno também ficou cotada para viver Lupe Vélez nas telonas, uns quatro anos depois, mas a biografia nunca saiu do papel. Em 2012, foi anunciado que a atriz mexicana Ana de La Reguera interpretaria a "explosão mexicana" nas telonas, mas o filme continua em produção. 

5. A VERDADE SOBRE A MORTE DE LUPE VÉLEZ


Lupe Vélez e Harald Maresch, seu último namorado                                     Divulgação
O livro Hollywood Babylon, escrito por Keneth Anger foi lançado em 1965, e ficou famoso por contar os detalhes sexuais, escandalosos e mais sórdidos dos famosos como Jayne Mansfield, Errol Flynn e é claro sobre Lupe Vélez. 

Foi esta obra, aliás, que divulgou a seguinte versão sobre a morte de Lupe Vélez: que a atriz foi encontrada morta com a cabeça na privada, depois da ingestão de inúmeras pilulas de dormir no dia 13 de dezembro de 1944. Mas não foi bem isso que aconteceu...e para entender, é necessário voltar um pouco antes de sua morte. 

Divorciada, Lupe Vélez, em 1944, estava namorando Harald Maresch, na época conhecido como Harald Ramond, um cativante ator austríaco por quem ela estava apaixonada. O problema era que Harald não sentia o mesmo pela atriz, talvez a vendo como uma linda distração - isso porque quando ela descobriu estar grávida, o ator não ficou nada feliz. 

Lupe pediu que ele se cassasse com ele, mas o ator se esquivou, finalmente dizendo, depois de muita insistência, que apenas concordaria se ela assinasse um termo em que reconhecia que eles apenas haviam casado para que o bebê tivesse um nome. Católica, Lupe claramente negou e tentou pedir ajuda para sua irmã, para que ela criasse seu bebê como se fosse dela, mas Josefina não concordou com essa solução. A atriz mexicana, portanto, estava desesperada! 

No dia em que Lupe se matou, seu empresário Bo Roos, havia pensado em uma solução à la Loretta Young: fazer com que a atriz se ausentasse durante a gravidez, voltasse aos Estados Unidos como se nada tivesse acontecido e depois adotasse sua criança um ano depois. Infelizmente, Lupe nunca escutaria essa alternativa criativa. 

A atriz ingeriu inúmeras pílulas no dia 13 de dezembro de 1944, morrendo pacificamente em sua cama. Ao seu lado, dois bilhetes de suicídio estavam escritos, uma para sua secretária pessoal, Beulah Kinder, e outro para Harald, que lia-se:
Que Deus te perdoe e perdoe à mim também, mas eu prefiro me matar e matar nosso bebê à trazê-lo vergonha ou matança. Como você pode Harald? Fingir sentir grande amor por mim e nosso bebê quando você nunca nos quis! Eu não vejo outra saída para nós, então adeus e boa sorte para você. 
 Com 36 anos de idade, Lupe Vélez terminou com uma vida repleta de altos e baixos, continuando a chocar tanto em vida quanto na morte. Explosiva e fascinante muito além do fim. 

Jeanette MacDonald e Nelson Eddy em Rose Marie (1936)

Jeanette MacDonald pertencia àquele tipo raro de estrelas que iluminavam as telas, assim que eram captadas. Dona de uma voz de soprano era lógica sua combinação com o ator Nelson Eddy, um barítono classicamente treinado. Juntos, os dois protagonizaram em mais de seis filmes, todos interpretando um par romântico. 

Entre todos esses filmes, um dos mais famosos da dupla é o Rose Marie (idem, 1936). Nele, Jeanette interpreta Rose Marie de Fleur, uma cantora de ópera bela e geniosa que esconde um segredo: seu irmão John (um dos primeiros papeis no cinema de James Stewart) é um fugitivo da lei que precisa de sua ajuda.  Rose Marie vai ao seu encontro e chama a atenção do soldado canadense Bruce, vivido por Nelson Eddy, que também está encarregado de prender o irmão de Marie. Os dois acabam se apaixonando e tem que escolher entre o amor ou a responsabilidade. 

Nelson e Jeanette em foto publicitária ~caliente~para o filme Rose Marie                         Divulgação
Rose Marie começou a ser gravado no outono de 1935 nos EUA, que para os brasileiros seria a primavera, ou seja, o período entre setembro até novembro nas montanhas da Califórnia, EUA. O filme foi baseado na peça de teatro homônima escrita por Otto Harbach e Oscar Hammerstein em 1924 e o filme é bem diferente da peça. 

Se na película, o irmão de Rose-Marie é o fugitivo da polícia, na peça original a história não é bem essa...no palco, Rose Marie de Flamme e Jim, não Bruce, são dois enamorados que descobrem que Jim foi acusado falsamente de assassinar o índio Black Eagle. Assim Rose e outros amigos do sargento lutam para limpar seu nome. No filme de 1936, há apenas uma cena com vários índios, o da música Totem Totem e o guia de Rose Marie, que é índio.
Joan Crawford estrelou em um filme mudo baseado na peça, em 1928, intitulado Rosa Maria (Rose Marie, 1928), que é extremamente fiel à peça, mas é considerado perdido. 

Mas esse não foi o caso com Rose Marie (idem, 1936), estrelado por Eddy e MacDonald. Uma veterana nos filmes, se comparada à Eddy; ela começou 4 anos antes dele no mundo do entretenimento; os dois protagonizaram juntos um filme pela primeira vez em Oh, Marieta (Naughty Marietta, 1935) e o filme fez um grande sucesso para o estúdio MGM. No entanto, o plano inicial ao gravar Rose Marie era colocar a atriz Grace Moore para co-estrelar ao lado de Nelson Eddy. A atriz ainda devia um filme ao estúdio, mas bateu o pé e não o fez, por dois motivos: estava muito ocupada com outros filmes no estúdio Columbia e por não achar que valia a pena remarcar seus compromissos para atuar com um novato como Nelson Eddy. 

Assim Jeanette foi escalada, aproveitando já a fórmula de sucesso da película anterior do par. O filme Rose Marie acabou se tornando um dos musicais mais bem sucedido do estúdio! 

Jeanette MacDonald e Nelson Eddy no lago Tahoe, nos EUA                                Reprodução
Louis B. Mayer, o chefe do estúdio MGM, não quis mudar em nada a fórmula de sucesso de Oh, Marieta (1935), já que Jeanette MacDonald agora estava escalada, novamente, para contracenar com Eddy. Contratou o mesmo diretor do filme anterior, W.S Van Dyke para garantir o sucesso absoluto, que resolveu inovar e filmar fora do estúdio, fazendo com que Rose Marie fosse o primeira filme a utilizar cenas externas, segundo o artigo do TCM.

A química de Eddy e Jeanette era absoluta, tanto que até foi lançado um livro, depois da morte de ambos, na qual a escritora Sharon Rich reuniu inúmeras fontes afirmando que Jeanette e Nelson eram amantes. O livro é Sweethearts: The Timeless Love Affair of Jeanette MacDonald and Nelson Eddy, e conta a história de amor dos dois atores, que segundo a publicação, na época de gravações de Rose Marie, Jeanette se descobriu grávida, mas resolveu fazer um aborto, também por indicação de Mayer. 

Ainda segundo a obra, durante o final dos 51 dias de gravação do filme, os dois mal estavam se falando e Mayer, o diretor do estúdio, estava tão bravo que pediu que os maquiadores deixassem o rosto de Eddy o mais carregado possível, para ficar mal na película, já que os dois teriam o desobedecido e criado um relacionamento. O livro é ainda considerado extremamente controverso, mas a escritora reuniu muitas provas sobre esse suposto relacionamento em seu site, em inglês: https://maceddy.com/.Jeanette acabou se casando com Gene Raymond, que era homossexual em 1937, e Eddy com Ann Denitz, ex-esposa do produtor Sidney Franklin, em 1939. 



Mas, voltando ao assunto do filme, o que sabemos de fato é: Nelson Eddy não estava nada à vontade ao filmar Rose-Marie, afirmando, inclusive que não sabia atuar direito. O talentoso barítono estava se sentindo ameaçado pelo novato Allan Jones, como o livro Hollywood Diva: A Biography of Jeanette MacDonald de Edward Turk conta, pelas palavras do próprio Jones: 
Para a cena de morte em Tosca eu originalmente cantava a ária E lucevan la stelle. Depois que o Nelson viu uma prévia em Pasadena, Califórnia, ele foi até o escritório de L.B Mayer e disse: 'Se você não cortar a ária de Jones do filme, eu vou fazer greve. Você terá problemas comigo.' Então eles tiraram minha ária.
Curiosamente, a próximo co-estrela de Jeanette MacDonald foi o próprio Allan Jones em O Vagalume (The Firefly, 1937). 

Aliás, o que não faltou em Rose Marie foram atores coadjuvantes que acabaram trilhando uma carreira de sucesso! Bem no início do filme, vemos um homem insistente em cortejar Rose Marie, chamado de Teddy. Pois bem, ele era David Niven bem no começo da carreira, tanto que foi creditado como David Nivens.  James Stewart também teve pouco tempo de aparição no filme, mas sua personagem era muito importante. Em entrevista, via Jimmy Stewart: The Truth Behind The Mith de Michael Munn, James revelou: 
Eu me diverti fazendo o filme. Nós tínhamos que gravar em locação.Eu dividi um quarto com o diretor do filme, Woody Van Dyke, e ele gostava de ir dormir enquanto eu tocava meu acordeão. Foi bom que ele gostava de mim, porque ele era conhecido por fazer tudo em uma tomada só para poupar tempo e dinheiro. Mas eu estraguei algumas de minhas cenas e tive que refazê-las. Mas ele foi paciente comigo e me ajudou a fazer o meu melhor. 
James Stewart também foi só elogios para Jeanette MacDonald, afirmando que ela era uma mulher incrível e que também pediu que ele tivesse a melhor cobertura com a câmera, para que a audiência pudesse conhecê-lo e, mais importante, gostar dele. 


David Niven à esquerda e James Stewart, à direita: seus primeiros papeis em filmes         Divulgação/Montagem
Nelson Eddy também se empenhou muito no filme, apesar de ser o protagonista. Segundo o livro Nelson Eddy, America's Favorite Baritone: An Authorized Biographical Tribute de Gail Lulay, ele passou dias treinando para se tornar um cavaleiro experiente, mas nem sempre isso funcionava. Em uma das cenas em que ele deveria pular no cavalo e galopar, ele errou e o cavalo foi embora sem ele. Ainda bem que ele tinha um bom senso de humor e zoou à si mesmo no processo. Sobre isso, ainda de acordo com o livro, Jeanette teria dito: "Ele é o artista menos teatral que eu já conheci." 


Nelson Eddy treinando para suas cenas em Rose Marie       Divulgação
W.S Van Dyke, o diretor de Rose Marie (idem, 1936) era um grande fã do par MacDonald-Eddy e os chamava, respectivamente de Honey (doçura) e Kid (criança). Os dois eram tão amantes da música, já que antes de se tornarem atores eram cantores de ópera, que quando não estavam tão cansados das gravações, reuniam-se e cantavam para os moradores do local. 

Outro momento marcante do filme, foi, exatamente sobre as canções. Se na ópera de teatro, elas eram selecionadas para inúmeros personagens, no filme estrelado por Eddy e MacDonald, as canções foram organizadas de uma maneira, que, todas seriam cantadas apenas pelo casal principal. A Indian Love Call, que conta sobre o amor indestrutível de dois índios, é uma das canções mais conhecidas da parceria entre os dois atores e foi alvo de inúmeras paródias. 



Rose Marie (idem, 1936) foi lançado em 31 de janeiro de 1936 e o sucesso foi tanto que, alguns anos depois, foi relançado para ser assistido no cinema. Com figurinos belíssimos, cantoria da melhor qualidade, e surpreendentemente, por não mostrar os índios como personagens reacionários, ou ruins, e sim os integrando à sociedade dos homens, mas deixando com que eles mantivessem sua individualidade - tudo em uma única cena coreografada por Chester Hale, o filme é um triunfo de sua época. A versão de 1954 não teve o mesmo sucesso e nem é preciso explicar muito, certo? 

Os dois queridinhos de Hollywood ainda tinham muitos filmes para fazerem juntos, mas Rose Marie (idem, 1936) foi um que demonstrou a química incrível que eles tinham e por que, depois de tantas décadas, esse par continua a enfeitiçar cinéfilos em todo o mundo. 


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