Dorothy Dandridge foi a primeira atriz negra a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua interpretação de Carmen, no filme Carmen Jones (idem, 1955), baseado na ópera de Georges Bizet e no livro de Prósper Merimée. Curiosamente, a primeira atriz negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz foi Halle Berry em 2002, que já havia interpretado Dorothy na cinebiografia Introducing Dorothy Dandridge (idem, 1999).
A estadia de Dorothy Dandridge no Brasil foi a pauta mais votada em nossa enquete para ser a 100ª matéria do site e não é para menos: a atriz era magnífica e sua importância no pioneirismo cinematográfico não deve ser esquecido. Mas antes de 1955 e de Carmen, Dorothy não era muito famosa - renegada à filmes B por conta da cor a da sua pele e pela vigência do código Hays (conjunto de normas morais aplicadas à filmes hollywoodianos de 1930 a 1968) do qual, entre suas inúmeras restrições, também proibia que casais e beijos interraciais aparecessem nas telonas e assim diminuindo e muito as possibilidades da atriz no cinema.
Assim, quando veio ao Brasil em 1953, Dorothy veio por conta de sua carreira musical - ela fazia muito mais sucesso cantando em shows do que atuando em filmes, sendo considerada a nova Lena Horne pela crítica - e ainda não era a estrela que todos amavam, porém já estava no caminho certo.
 |
Dorothy Dandridge em sua estadia no Brasil em sua segunda vez Divulgação |
Dorothy chegou pela primeira vez ao Brasil no dia 16 de julho de 1953, mas sua chegada era esperada no dia 12, na verdade. A atriz e cantora demorou para chegar porque saiu de Los Angeles no dia 1o de julho, mas acabou parando na cidade de Lima, no Peru porque apenas conseguiria embarcar para o Rio de Janeiro "em garantia" ou seja, se outra pessoa desistisse de seu lugar no voo (naquela época o voo para o Brasil ainda passava por escalas). Assim, ela teve que ficar em Lima, mas conseguiu chegar ao Rio de Janeiro, no aeroporto do Galeão às 10h no dia 16, um dia antes do seu compromisso de cinco semanas de shows no Copacabana Palace.
Ela foi recebida pelo diretor da publicidade da MGM, sr. Aragão, o dr. Caribé da Rocha, diretor artístico do Copacabana Palace e o sr. Oscar Ornstein, relações públicas do clube, onde ela ficaria hospedada, além de amigos e jornalistas.
De acordo com o jornal Diário Carioca, a parada em Lima, no Peru, até que não foi tão ruim assim: ela participou de um "show aéreo" realizado por Zizinho e todo o time de futebol Bangu Atlético Clube, e assim já fazendo um "esquenta" antes de chegar em terras brasileiras. A cobertura dos jornais, aliás, com a primeira chegada de Dorothy ao Brasil mostra muito bem que a atriz não era muito conhecida no país - poucos jornais cobriram sua chegada e apenas o Tribuna da Imprensa entrevistou a cantora/intérprete no Rio de Janeiro.
 |
Foto de Dorothy sendo entrevistada pelo repórter do jornal Tribuna, única foto de 1953 Divulgação |
Meu último contrato em nightclub foi em St. Louis. Para a minha volta ao Estados Unidos tenho programada uma turnê que inclui Chicago, Reno e outras cidades. Espero voltar a filmar em breve, mas ainda não tenho nenhum filme programado. Gostei muito da oportunidade que Bright Road (1953) me proporcionou de interpretar uma personagem dramática.
Ela revelou também que veio ao Brasil pelo pedido especial do seu amigo Jorge Guinle, de quem era amiga particular, cumprindo apenas a rotina de shows e nada mais. Seu salário era de 20 mil cruzeiros por dia.
O jornal A Última Hora ainda revela que o visto de Dandridge foi emitido como de turista e como ela veio ao país para trabalhar, ela quase não conseguiu registrar legalmente o seu contrato com o Copacabana Palace. A Alfândega brasileira, aliás, reteve os vestidos importados de Dorothy, segundo a publicação, e a cantora teve que usar os modelitos criados pela estilista Maria Angélica, na noite de abertura esteve com um vestido branco com uma faixa amarela. A cantora trouxe seu pianista e amigo Morton Jacobs para acompanhá-la com a orquestra.
Dorothy estreou no Copacabana Palace no dia 22 de julho e foi elogiada por sua voz "belíssima, dicção sonora e clara e elegância de sensibilidade artística" e cantou as seguintes canções: Fine and Dandy, Taking a Chance of Love, Talk Sweet Talk To Me, If This Isn't Love, Blow Out The Candle, What is This Thing Called Love, Our Love is Here to Stay, It Was Just One of Those Things e a música de encerramento, You Got To See Your Baby Everynight. O sucesso foi tanto que logo depois uma gravadora do Rio lançou, ineditamente, os maiores sucessos de Dorothy em disco!
 |
Propaganda anunciando o show de Dorothy no Brasil em 1953 e seu romance... Divulgação/Montagem |
Como a atriz e cantora tinha apenas um compromisso por noite no Copacabana Palace, participando do conhecido Boite do clube, Dorothy teve tempo de sobra para se divertir na cidade e viver um romance com um conhecido banqueiro paulista chamado Christian Marcos. Os jornais da época não noticiaram muito sobre o romance, apenas uma nota de rodapé, como pode ser visto acima, porém de acordo com o empresário de Dandridge, Earl Mills, o namoro significou muito para a atriz.
Na biografia Dorothy Dandridge: An Intimate Biography que o empresário escreveu, ele conta mais sobre o caso, inclusive reproduzindo uma das cartas da atriz, contando sobre o romance:
Christian e eu parecemos estar sozinhos nesse paraíso tropical e eu temo ir embora. Ou é evitável? Não poderia deixar minha carreira, casar com ele e viver na América do Sul ou México? - ele possui várias propriedades lá, também. Estou tão aflita mas tão feliz. Eu sou realmente negra, Earl? Ele nunca menciona, me leva para todos os lugares, me apresenta para todos. É um sonho lindo do qual espero nunca acordar.
Infelizmente, Christian era casado e com filhos, algo que ele nunca havia mencionado antes para Dorothy. A atriz/cantora ficou sabendo antes de terminar seu compromisso de shows no Copacabana, no qual o banqueiro ofereceu uma mesada de 200 mil cruzeiros para que a atriz desistisse da carreira e ficasse com ele como sua amante. Não era isso que Dorothy queria - ela queria casar, ter filhos. Assim, ela deixou um bilhete para Christian que lia-se:
Eu te amo. Eu queria ser sua esposa. Qualquer coisa além disso não funcionaria.
O show de Dorothy no Copacabana Palace no Rio de Janeiro foi do dia 22 de julho até o dia 11 de agosto de 1953 e já não bastasse todos os contratempos da atriz no país, o Copacabana Palace, um dia antes de sua despedida do Rio de Janeiro, sofreu um incêndio, tudo por causa de uma lâmpada próxima da cortina. O show de despedida de Dorothy, no entanto, aconteceu no Golden Room como programado e logo depois ela partiu para São Paulo, onde fez uma breve visita para participar da boite no Hotel Lord. De lá, a atriz voltou para os Estados Unidos, com um compromisso de shows no clube Mocambo em Hollywood.
Ainda sobre o romance com Christian Marcos, Earl Mills, empresário da estrela, afirmou que ela ficou profundamente deprimida com o rompimento, com os médicos brasileiros receitando "calmantes que ela consumia como se fossem doces", e assim ela teve que começar a consultar um psicólogo.
Depois de sua volta aos Estados Unidos, ela continuou atuando em filmes, fazendo shows e conseguiu o papel de uma vida inteira em Carmen Jones (idem, 1954). Uma estrela consagrada, com uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, Dorothy voltou ao país mais poderosa do que nunca e dessa vez a imprensa brasileira não a esnobou - Dorothy recebeu tratamento de estrela!
 |
Dorothy Dandridge em sua segunda visita no Brasil em 1955 Divulgação/Montagem |
Dorothy Dandridge chegou ao Brasil mais uma vez no dia 7 de novembro de 1955, pelo aeroporto do Galeão às 1oh15 no avião da Pan American. Desta vez, Dorothy veio ao Rio de Janeiro em caráter beneficente: ela participaria de uma exibição de seu premiado filme Carmen Jones (idem, 1954) em prol da Campanha de Recuperação dos Menores, iniciativa de O Globo e da Rádio Globo. Foi Ibrahim Sued, jornalista de O Globo que lhe fez o convite - do qual Dorothy prontamente aceitou.
Antes da pré-estreia de Carmen Jones no Brasil, no entanto, aconteceu uma coletiva de imprensa entre às 18h e às 22h no Clube dos Banqueiros. Harry Stone, conhecido como o "embaixador de Hollywood" e representante da United Artists no Brasil, organizou o cocktail, além de Arthur de Castro, representante da FOX brasileira. A festa também tinha a presença da imprensa brasileira, além de atores como Anselmo Duarte, Cyl Farney, Fada Santoro, Tonia Carrero, Paula Autran, Miro Cerni e o produtor Fernando de Barros.
 |
Acima com o ator Cyl e abaixo com Harry Stone e Arthur Divulgação/Montagem |
Em entrevista no cocktail, segundo o jornal Diário da Noite, ela revelou estar aflita pois sua mala de cosméticos havia ficado presa em Nova York, por causa do excesso de bagagem, e deixou claro que adora o país e sua estadia de poucos dias não era por escolha própria: "Sinto-me satisfeita de estar no Rio, mas um pouco triste ao mesmo tempo, pois não poderei me demorar aqui mais de dois dias. Compromissos inadiáveis me obrigam a voltar aos Estados Unidos." Mas, é claro, como uma boa performer, ela não deixou de enaltecer o filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e que lhe trouxe, novamente, ao Brasil.
O filme é uma beleza. Esforcei-me ao máximo, dando tudo que eu podia, profissionalmente. É um espetáculo que nos oferece grandes sensações humanas. Espero que o público brasileiro acolha esta versão da obra de Bizet da mesma forma que foi acolhida nos Estados Unidos.
A atriz também deixou claro o quanto ficou feliz de participar de uma campanha que ajuda as crianças abandonadas, afirmando que: "venho colaborar numa campanha de tão alto valor social e filantrópico, como a da recuperação dos menores abandonados." Sobre seus prospectos no cinema, a atriz revelou que tinha dois filmes em vista: "estudam a possibilidade de eu estrelar uma das duas refilmagens: O Anjo Azul que foi interpretado há tempos por Marlene Dietrich ou Duas Bandeiras de Claudette Colbert." Dorothy nunca estrelou em nenhuma das duas adaptações.
 |
Dorothy na coletiva de imprensa e ao lado de Cyl e Miro Divulgação/Montagem |
No dia seguinte, 8 de novembro Dorothy participou da premiére de seu filme Carmen Jones (idem, 1954) no Cine Palácio e foi ovacionada de pé. Logo após a exibição, Dorothy participou de uma festa dada em sua homenagem pelo casal Roberto e Estela Marinho na sua residência de Cosme Velho.
 |
Dorothy na première de Carmen Jones Jornal Rio |
No dia 9 de novembro, data do aniversário de 33 anos da atriz, ela comemorou a data feliz no Night Room do Copacabana Palace, onde dois anos antes, ela fazia sucesso como cantora da noite. O cantor francês Jean Sabion estava cantando na noite de seu aniversário e o jornal Mundo Ilustrado afirmou que mais uma vez Ibrahim, que organizou o jantar de aniversário de Dandridge, foi quem saudou à saúde da atriz, dizendo entre outras coisas: "À nossa querida Dorothy, que neste instante comemora seu primeiro aniversário..."
 |
Dorothy apagando as velinhas do seu bolo de aniversário Divulgação/Mundo Ilustrado |
A atriz foi embora do Rio de Janeiro no dia 10 de novembro, partindo do aeroporto de Galeão para Los Angeles. Com o jornal Revista da Semana, com quem fez uma entrevista final antes de ir embora do país, a atriz/cantora deixou claro como se sentia cansada com sua rotina puxada de artista: " Agora mesmo no Rio, não tive tempo de ver a cidade como desejava. Em Cannes foi a mesma coisa, quatro dias de correria, contatos a cumprir, bailes...sempre ocupada, ocupada, ocupada!"
A atriz pegou um voo noturno, logo depois de jantar no Hotel Copacabana ao lado do sr. Oscar Ornstein, de quem ela se tornou amiga íntima, que já havia recebido a atriz em sua vinda em 1953. A atriz deu adeus ao Brasil no dia 10 de novembro, mas sua carreira promissora nunca deslanchou verdadeiramente: o preconceito e a incapacidade dos estúdios de não darem papeis mais desafiadores para Dorothy fez com que ela continuasse a lucrar mais em seus shows do que nos filmes em que atuava.
Para se ter uma ideia, depois de Carmen Jones (idem, 1954), ela atuou em mais sete filmes apenas, tudo em um intervalo curto de sete anos.
 |
Dorothy preparando-se para voltar aos Estados Unidos - roupa quase idêntica de sua chegada Divulgação |
Deprimida, depois que seu caso com o diretor Otto Preminger, que a dirigiu em Carmen Jones (idem, 1954) e posteriormente em Porgy & Bess (idem, 1939) não deu certo, sendo humilhada por Otto durante as gravações do último filme, Dorothy também acabou perdendo seu momentum em Hollywood por causa de seu jeito controlador do diretor, o papel de Tuptim em O Rei e Eu (The King and I, 1956) que foi para a futura ganhadora do Oscar, Rita Moreno.
Ela encontrou, posteriormente, amor nos braços de Jack Denison depois do término com Otto, mas era uma ilusão: o empresário abusava verbalmente e fisicamente da atriz e ao finalmente se divorciar dele em 1962, as finanças dela estavam totalmente acabadas e ela teve que abrir um pedido de falência, inclusive tendo que colocar sua filha de necessidades especiais, Harolyn (nascida em 1943) - do primeiro casamento com Harold Nicholas - em uma instituição por estar sem dinheiro.
Foi no meio de toda essa turbulência em sua vida pessoal e profissional, tendo se afastado de seu empresário Earl Mills durante o tempo que ficou casada com Denison, que a atriz retornou ao Brasil para uma série de shows no Rio de Janeiro.
 |
Dorothy maravilhosa sendo recebida no aeroporto do Galeão em 1960 Divulgação/Montagem |
Dorothy chegou ao Rio de Janeiro pelo avião Boeing 707, o primeiro voo sem escalas de Nova York para o Rio, no dia 29 de julho de 1960 às 8h para inaugurar o Grande Prêmio Brasil, a conhecida semana do sweepstake, e se apresentando durante sete dias no Golden Room do Copacabana Palace. A chegada de Dorothy, no entanto, já começou conturbada.
Recebida pelo empresário Carlos Machado, que patrocinava a temporada da atriz no Copacabana Palace, a atriz foi roubada em mais de 800 dólares, que na época equivaliam à quase 200 mil cruzeiros. A atriz estava acompanhada de sua camareira Vita Cleveland, - e alguns jornais afirmam que sua filha Harolyn também veio, mas parece ser improvável já que Harolyn necessitava de cuidados 24h- enquanto desciam do avião em todo aquele bafafá. A multidão se aglomerou, Vita foi pressionada pela multidão e avisaram-lhe que sua bolsa estava aberta. Então, a surpresa: roubaram todo o dinheiro dela e o de Dorothy, que ela guardava!
Dandridge não deixou transparecer sua aflição de ter todo o dinheiro roubado, mas fez um apelo aos fotógrafos no local: "Pode ser que algum tenha registrado, em um golpe de sorte, o momento em que o ladrão agia." Vita foi mais rápida, tratou logo de falar com a Polícia Feminina, que encaminhou o caso para a Polícia Marítima e Aérea, mas o dinheiro de Dorothy nunca foi achado.
Ainda assim, a atriz/cantora continuou a falar com a imprensa no aeroporto, revelando que ficaria sete dias no Rio de Janeiro e mais sete em São Paulo, que trazia 25 vestidos para suas apresentações e dois maiôs para "se queimar na praia" e que adorava o "café forte brasileiro." Saiu acompanhada de Vita, Harry Stone, Jorge Guinle e de Carlos Machado.
 |
A camareira Vita Cleveland reportando o roubo do dinheiro de Dorothy Divulgação/Montagem |
A atriz estava cansada, não conseguiu dormir durante o voo e o roubo a deixou ainda mais nervosa, sendo que nem compareceu ao jantar organizado em sua homenagem por Ibrahim Sued no restaurante Au Bon Gourmet (alguns jornais afirmam que ela não queria ir, queria passar seus três dias de folga no Rio sossegada e por isso declinou o convite) . No dia seguinte, 30 de julho, com a coletiva de imprensa armada no Hotel Copacabana às 15h, mais um baque: Dorothy, muito atrasada, teve um ataque nervoso e precisou ser retirada às pressas da entrevista.
O jornal O Mundo Ilustrado contou, em detalhes, o que exatamente aconteceu durante a coletiva de imprensa da atriz:
Sem dizer uma palavra, a bela atriz sentou num sofá forçando um sorriso, enquanto os fotógrafos espocavam flashes em todas as direções. Os lábios da estrela, visivelmente trêmulos, apertaram-se e duas lágrimas correram dos olhos. Ante a surpresa geral, a eficiente Vita arrebatou Dorothy do recinto, levando-a de volta para os seus aposentos.
 |
Dorothy Dandridge sendo resgatada por sua camareira Divulgação
|
Depois de se recuperar, ela recebeu os jornalistas no seu quarto de hotel, sem os fotógrafos e tratou de se explicar: ainda estava nervosa com o roubo de seu 800 dólares e ao saber que seu grande amigo, Oscar Ornstein, tinha sofrido um ataque cardíaco, a tristeza foi além do que poderia aguentar. Claro que o fato de ter brigado com seu então-marido Devdison sem conseguir acertar as coisas antes de partir dos Estados Unidos, contribuiu e muito para seu estado melancólico, no qual afirmou:
Afinal, o que pensam que eu sou? O artista não é uma estátua de pedra. Roubam-me todo o meu dinheiro, meu melhor amigo nesta cidade está entre a vida e a morte e ainda assim acham que eu devo sorrir e posar para fotografias como se não sentisse nada?
Ainda na coletiva de imprensa, Dorothy deixou claro que não era nada igual à personagem que inetrpretou em Carmen Jones (idem, 1954), parecendo um tanto irritada com as comparações:
Não sou assim na realidade, embora isso tenha aborrecido muita gente. Sou tímida, sensitiva e extremamente modesta. Visto-me com apuro, buscando sempre a sobriedade. Não uso maquiagem de espécie alguma, passando levemente o batom nos lábios. Os cabelos penteio naturalmente e sou casada, não divorciada como andaram espalhando por aí.
 |
Dorothy momentos antes de começar a chorar em sua coletiva de imprensa Divulgação/Montagem |
Dorothy também recebeu na coletiva em seu quarto uma pergunta que a aborreceu tremendamente: quando perguntaram se ela preferia o ator Harry Belafonte, que atuou com ela em três filmes, ou Sidney Poitier em Porgy & Bess (idem, 1957). Claramente a atriz era muito sensível sobre qualquer pergunta feita sobre sua raça, ficando na defensiva ao responder: "Não compreendo a razão pela pergunta ou será apenas porque ambos são negros?"
O domingo de Dorothy ficou ocupado com ensaios para a estreia no Golden Room do Copacabana Palace e no dia da estreia, no dia 1 de agosto de 1960, as críticas foram brutais: jornais reclamaram da performance fraca da atriz e como sua voz não tinha potência o suficiente para preencher o local. Disseram que nas noites posteriores, o desempenho de Dorothy havia melhorado consideravelmente, mas não era nada tão maravilhoso assim.
 |
Dorothy no dia de estreia, 1 de agosto, no Copacabana Palace Divulgação |
A atriz continuou a se apresentar no Copacabana Palace e inclusive fez uma aparição da TV Tupi, no dia 3 de agosto de 1960 ao lado do apresentador Paulo Monte, mas a atriz/cantora já não era mais a mesma: se na primeira vez no Brasil, em 1953, ela lotou o Golden Room do Copacabana Palace, agora ela não conseguia nem lotar a parte de boate do clube, chamada de Meia Noite, que tinha menos do que 50 lugares. Ficou com fama de difícil assim que recusou-se a atender os fotógrafos na coletiva de imprensa e por não comparecer aos jantares feitos em sua homenagem.
A imprensa brasileira não fazia ideia que Dorothy Dandridge lutava contra a depressão, misturando pílulas e álcool para aplacar sua dor; eles apenas frisavam o comportamento hostil e nervoso da estrela. Portanto, a sua estreia na TV Tupi, no dia 3 às 21h35 não foi um triunfo para a atriz, ela tentou descontrair, mas estava extremamente triste e desolada.
 |
Dorothy Dandridge na TV Tupi em 1960 Divulgação/Revista do Rádio |
Um dia depois, Dorothy foi cantar em um evento exclusivo no Country Clube no Rio de Janeiro, em um jantar black tie bem formal e ela continuou com suas apresentações não tão bem-sucedidas no Copacabana Palace, sendo que no sábado participou do Baile de Gala do Sweepstake, no Clube Monte Líbano às 23h, tendo como convidados o governador Sette Câmara e outros atores famosos, mas nem assim brilhou: disseram que a cantora Ângela Maria se deu muito melhor do que ela. Continuou cantando na ala Meia Noite do Copacabana Palace, mas sem grande sucesso de público.
Para sua participação no show do clube Monte Líbano, Dorothy teria ganhado por volta de 400 mil cruzeiros!
 |
Dorothy Dandridge no Baile de Gala do Sweepstake e ao lado de seu idealizador Eduardo Farrah |
Em entrevista para o jornal Diário de Notícias, ela deixou claro que sua maior paixão era cantar: "Gosto e sinto falta do contato direto com o público, vivo intensamente a reação da plateia, o que para mim, é uma experiência fascinante." Imaginem o quanto ela deve ter ficado desolada com a repulsa do público brasileiro em Copacabana?
 |
Dorothy belíssima durante o seu show em Copacabana Palace Cruzeiro/Montagem |
Depois de terminar seu compromisso de shows, no Copacabana Palace no dia 8 de agosto de 1960, Dorothy partiu para São Paulo no dia 9 de agosto, para se apresentar no Cine Marrocos, no centro da cidade, antes das exibições da reprise do filme Carmen Jones (idem, 1954), no qual era estrela. Suas apresentações seriam televisionadas.
Mas sua estadia em São Paulo, onde ela desembarcou no dia 9 mesmo, no aeroporto de Congonhas, também não começou nada bem - ela tinha uma coletiva de imprensa marcada para o dia de sua chegada no Cine Marrocos, local de sua apresentação, mas segundo o Jornal dos Sports, ela não compareceu alegando estar "afônica."
O jornal Correio da Manhã alegou que durante sua estadia em São Paulo, a atriz alegava constantemente o cansaço e doença para fugir das recepções dadas em sua homenagem. Apenas compareceu à um compromisso extra-show em São Paulo: uma homenagem que a Associação dos Homens de Cor (Negros, na verdade, mas o jornal na época referia-se a pessoas negras como de "cor") lhe prestou na Vila Prudente, na Zona Leste, porém ficou lá apenas 15 minutos.
 |
Sobrinha ou filha? Fotos de Dorothy Dandridge em São Paulo em 1960 |
Dorothy ficou hospedada no Othon Palace Hotel, com sua camareira e uma menina que foi identificada como sobrinha da atriz. A atriz recebeu a imprensa na quinta-feira, dia 11, no saguão do Cine Marrocos e conversou livremente com a imprensa, tendo Carlos Machado como seu tradutor pessoal.
Durante a coletiva, ela se abriu mais sobre o preconceito racial que enfrentava em Hollywood pelo fato de ser negra, afirmando: "Nos Estados Unidos não existem muitos papeis para mim. Um pouco devido ao meu tipo, um pouco devido à raça. Não acredito que o meu problema seja uma questão de cor pois muitas estrelas se maquiam para ter uma cor como a minha. Deve ser algo mais profundo, a raça. E isso é uma coisa que se posso compreender de modo intelectual, emotivamente me faz sentir muito mal."
Ela realizou nove shows no Cine Marrocos, começando no dia 11 de agosto de 1960, cada um com 40 minutos cada, e duas exibições na televisão e recebeu mais de 700 mil cruzeiros por sua excursão no Brasil. Conta-se que a atriz/cantora também teve problemas em sua apresentação no Cine Marrocos, por não ter um mestre de cerimônias e assim os tradutores tinham que traduzir o que ela dizia para a plateia e vice-versa. A carreira profissional de Dorothy já não era mais a mesma.
 |
Dorothy Dandridge no baile de gala no Rio de Janeiro: dando seu melhor, mas a maioria desinteressada... |
A atriz foi embora de São Paulo, depois de participar de dois programas de televisão e dois de rádio, no dia 14 de agosto de 1960, para Los Angeles e seu marido, Jack Devidson. O seu contrato foi rescindido antes de cumprir os sete dias em São Paulo na base de 12 mil dólares em vista do pouco sucesso que conseguiu no país. Antes de partir, ocorreram alguns boatos de que participaria de um filme que seria gravado no Brasil com James Mason, Dorothy e o ator Ernie Kovacks, mas isso não se conretizou. A atriz e James, no entanto, atuaram juntos no filme Terror no Mar (The Decks Ran Red, 1958) gravado nos EUA.
Pode-se afirmar que todas as vindas de Dorothy Dandridge foram melancólicas - não teve uma vez só em que ela pode aproveitar o país e suas belezas. O futuro depois do Brasil também lhe reservava uma dura realidade: perdeu todo seu dinheiro, os papeis já não vinham mais e se afundava cada vez mais em seus vícios.
Dorothy morreu no dia 8 de setembro de 1965, aos 42 anos de idade. Em uma vida repleta de altos e baixos, suas vindas ao Brasil representam muito bem o clico da estrela: seu início do auge em 1953, o seu pico em 1955 e seu declínio em 1960. Dorothy foi, enfim, uma sobrevivente.
Dorothy Dandridge was the first African-American actress to be nominated for an Academy Award for Best Actress for her performance as Carmen in the movie Carmen Jones (idem, 1954), based on the opera by Georges Bizet and the book written by Prósper Merimée. Coincidentally, the first African-American actress to win an Oscar as Best Actress was Halle Berry in 2002. She played Dorothy Dandridge on the biopic Introducing Dorothy Dandridge (idem, 1999).
The actress' trip to Brazil was our most voted journalistic script by our readers to become our site's 100ª article. And the popularity of Dorothy is not a surprise: she was a magnificent entertainer and her pioneerism in the industry must not be forgotten. But before 1954 and her role of Carmen, Dorothy wasn't much famous – at the time she was relegated to B movies because of her skin color and the on-going validity of Hays Code (which prohibited interracial couples and kisses on screen) and so she didn't have many roles possibilities on the big screen.
So when she arrived in Brazil in 1953, Dorothy came because of her singing career - she earned more money on her nightshows than acting in Hollywood movies - and was not yet the big star the audiences would come to love.
 |
Dorothy Dandridge on her second trip to Brazil in 1960
|
Dorothy arrived in Brazil for the first time on July 16, 1953, but her arrival was expected much earlier: on July 12. The actress/singer was delayed because she had to make a plane scale in Lima, Peru and would only be able to board to Brazil if someone else decided not to make the same trip. Therefore, she had to stay for a couple of days in Lima but managed to arrive in Rio de Janeiro, at Galeão Airport, at 10 am on the 16th, one day before her five-week engagement (three weeks in Rio, two in São Paulo) of shows in Copacabana Palace and Hotel Lord would begin.
She was welcomed at the airport by MGM's publicity director in Brazil, Mr. Aragão, dr. Caribé da Rocha, artistic director of the Copacabana Palace and sr. Oscar Ornstein, the head of public relations of the nightclub and hotel, with a few friends and journalists in attendance as well.
According to the brazilian newspaper Diário Carioca, Dorothy's stop in Lima, Peru was quite enjoyable. She participated in a "mini show" on her flight alongside brazilian football player Zizinho and his team Bangu Atlético Clube. Since she wasn't a famous actress just yet, Dandridge's first arrival to Brazil didn't earn much attention from the brazilian newspapers - few of them talked to the rising star and only Tribuna da Imprensa interviewed the singer about her time in Rio de Janeiro.
 |
Dorothy being interviewed by Tribuna da Imprensa, the only available photo of her trip to Brazil in 1953 |
My last contract was at a nightclub in St. Louis. When I go back to the USA I have a tour already scheduled that includes Chicago, Reno and other cities. I hope to be back to the big screen soon, but I don't have a picture lined up just yet. I really enjoyed the opportunity that the movie Bright Road (1953) gave me as I had the chance to play a dramatic character.
She also revealed that she came to Brazil after the special request of her good friend Jorge Guinle to sing at the Copacabana Palace. Her salary was not too shabby: she earned C$20.000 a day (the equivalent of U$200,00 per day).
The newspaper Última Hora also revealed that Dandridge's visa in Brazil was expedited as of a tourist and since she came into the country to work, she was almost unable to legally register her contract with the Copacabana Palace. The problem, however, was quickly fixed. Brazilian Customs also gave the actress a hard time: they retained the singer's imported nightgowns and Dorothy had to wear a white dress with a yellow band designed by brazilian stylist Maria Angélica on her opening night. The singer/actress also brought her friend and pianist Morton Jacobs to participate on the show.
Dorothy made her big debut at The Golden Room of the Copacabana Palace on July 22th and was praised by her "beautiful sound diction and her artistic sensibility". As a part of her set list she sang: Fine and Dandy, Taking a Chance of Love, Talk Sweet Talk To Me, If This Isn't Love, Blow Out The Candle, What is This Thing Called Love, Our Love is Here to Stay, It Was Just One of Those Things and her closing act You Got to See Your Baby Everynight. Her success was so extreme that the record label Columbia Records soon released Dorothy's biggest hits in Brazil.
 |
Advertisement announcing Dorothy's show in Rio de Janeiro and a newspaper clip of her brazilian romance |
Since Dorothy had only one engagement per day at The Copacabana Palace and was free to hit the town as she pleased, the actress had plenty of time to let love into her heart. She began a red hot romance with a known brazilian banker called Christian Marcos. The newspapers at the time weren't interested in Dorothy's new beau, but according to Earl Mills, Dandridge's manager at the time, the relationship meant a great deal to her.
Christian and I seem alone in this tropical paradise and I dread the inevitable parting. Or is it inevitable? Why couldn't I give up my career, marry and live in South America or Mexico? - he owns much propriety there too. Oh, I'm so torn yet so happy. Am I really a Negro, Earl? He never mentions it, takes me everywhere, introduces me to everyone and proudly. It's a beautiful dream and I hope I never wake up.
Unfortunately for Dorothy, Christian was already married with kids, a fact he never mentioned to her. The actress found out about it one day before finishing her engagement at the Copacabana Palace, when the banker invited her to his home and offered her a U$ 900,00 allowance for her to give up her career and be with him as his lover. Dorothy was devastated - she wanted to marry to him, have his babies. Therefore, she left him a goodbye note that read:
I love you. I wanted to be your wife. Anything less than that wouldn't work.
Dorothy's run at the Copacabana Palace in Rio de Janeiro lasted from July 22 to August 11, 1953. And right after finding out the truth about Christian she also suffered another scare: on her penultimate day at the Copacabana Palace, the club was caught on fire because of a lamp that fell too close to the curtains. Thankfully, no one, including Dorothy, was hurt and the actress/singer got to make her farewell performance as planned. Soon after, she made a brief trip to São Paulo to perform at the Hotel Lord and was back to the USA to perform at the Mocambo Night Club on September 8, 1953.
About her romance with Christian Marcos, Earl Mills revealed in his book that Dorothy was terribly shaken by her breakup with the banker and that brazilian doctors prescribed pain killers that she "would eat like candy." From then on, Dorothy began to consult a psychiatric.
After her return to the United States, Dorothy continued to act in movies and perform in nightclubs, finally snatching the role of a lifetime in Carmen Jones (idem, 1954). A consummated star after her nomination as Best Actress for her role of Carmen, Dorothy returned to Brazil more powerful than ever and this time the brazilian press gave her the star treatment she deserved!
 |
Dorothy arriving on her second trip to Brazil in 1955 |
Dorothy Dandridge arrived in Brazil once again on November 7, 1955 at Galeão Airport, at 10:15 am on the Pan American plane. This time Dorothy went only to Rio de Janeiro to support a charitable event: the screening of her latest movie release in Brazil, Carmen Jones (1954) would benefit the Campanha de Recuperação dos Menores Abandonados (The Recuperation of Abandoned Minors Campaign), an initiative of newspapers O Globo and Globo Radio. It was journalist Ibrahim Sued, of O Globo, who invited Dorothy to the premiere - and she quickly accepted.
Before the premiere of Carmen Jones (idem, 1954) in Brazil, however, there was a press conference with the star on November 7, between 6 pm and 22pm, at the Clube dos Banqueiros, in Rio de Janeiro. Harry Stone, known as the Hollywood ambassador in Brazil and representative of the United Artist in the country, arranged the cocktail/press conference. Arthur de Castro, representative of FOX, actors Anselmo Duarte, Cyl Farney, Fada Santoro, Tonia Carrero, Paula Autran, Miro Cerni and producer Fernando de Barros were also there.
 |
Above: Dorothy and Cyl; bellow: with Harry Stone and Arthur
|
In her interview with the press, Dorothy ever so beautiful, talked with the newspaper Diário da Noite, revealing that she was nervous because her suitcase full of cosmetics was held back at New York airport because of her excess of luggage. She made clear, however, that she loved Brazil and if she could she would spend many more days there: "I feel wonderful to be in Rio, but a bit sad at the same time, since I won't be able to be here more than a few days. I have important engagements in America." As the great performer she was, Dorothy didn't forget to praise the movie that earned her an Oscar nomination and brought her back to Brazil:
The movie is a beauty, I gave my all, professionally. It's a spectacle that offers great human sensations. I hope the brazilian public loves this version of Bizet's work as much as America did.
The actress also showed her enthusiasm about participating on a campaign aimed to help children in need, saying: "I came here to collaborate on a campaign of high social and philanthropic value." About the future of her career in Hollywood, Dorothy was optimistic and revealed she had two movie projects to look forward to: "they study the possibility of me starring on the remake of Blue Angel, played by Marlene Dietrich a few years before or Claudette Colbert's Under Two Flags". It was not meant to be, however: Dorothy didn't star in any of these potential remakes.
 |
Dorothy at the press conferece and with actors Miro and Cyl |
Next day, on November 8 Dorothy participated on the premiere of her movie, Carmen Jones (idem, 1954) at the Cine Palácio and got a standing ovation from the public. Right after the screening, Dorothy was invited to a party thrown by Roberto and Estela Marinho at their house in Cosme Velho, Rio de Janeiro.
Dorothy also celebrated her anniversary in Brazil: on November 9, she celebrated her 33º birthday on the Night Room at Copacabana Palace where two years before she was the star of the night. French singer Jean Sabion was performing there that night. Newspaper Mundo Ilustrado wrote that Ibrahim made a comic toast for the actress, saying: "To our beloved Dorothy, that in this instant celebrates her first birthday."
 |
Dorothy blowing the candles on her bday cake |
The actress left Rio de Janeiro on November, 10th, at the Galeão Airport. On her interview with Revista da Semana, hours before she left the country, the actress complained about her hectic schedule: "Right now in Rio, for example, I didn't have the time to see the city as I wished. In Cannes, it was the same: four days of nonstop commitments, contracts to keep and parties...always busy, busy, busy."
Dorothy took a night flight, right after dining with Oscar Ornstein, her personal friend, at the Hotel Copacabana, where she was staying. She gave Brazil a warm goodbye, with high hopes for ultimate stardom, but her career never really took off the way it could have: the prejudice she faced because of her race and the inability of movie studios to give her more defying roles held her back. That's why Dorothy always earned more from her night club appearances than on her acting career.
After Carmen Jones (idem, 1954), Dorothy acted in more seven films in the course of seven years.
 |
Dorothy preparing to go back to the USA |
Depressed after her affair with director Otto Preminger, who directed her in Carmen Jones (idem, 1954) and in Porgy & Bess (idem, 1957), didn't last - so far as being humiliated by him during the shooting of Porgy & Bess - and after losing her Hollywood momentum because of his controlling ways that cost her the role of Tuptim in The King and I (1956), Dorothy's career never reached its true potential.
She found love in the arms of Jack Denison in 1959, a self proclaimed “entrepreneur”, but it was only an illusion: he physically and verbally abused the star. After finally divorcing him in 1962, another unpleasant surprise: he had wiped her out financially and she had to file for bankruptcy. Worse: she had to put her special need's daughter Harolyn - born in 1943 by her first marriage with Harold Nicholas - in a government institution since she no longer had the money to care for her at home.
It was a bit before all of this turbulence in her personal and professional life, having parted ways with her manager Earl Mills since married to Denison, that the actress returned to Brazil to perform in a series of shows in Rio de Janeiro and São Paulo.
 |
Dorothy being welcomed to Rio de Janeiro at the Galeão airport |
Dorothy arrived for her third and final time in Rio de Janeiro on the Boeing 707 plane, the first nonstop flight of New York to Rio, on July 29, 1960 at 8 am. She was in Brazil to sing at the Grande Prêmio Brazil, an awards shows in Rio de Janeiro, and to perform for one week at the coveted Golden Room of Copacabana Palace and also in São Paulo. Her arrival, however, was filled with problems from the very beginning.
Greeted by manager Carlos Machado, who sponsored the actress performance season in Brazil, journalists, photographers and fans, the actress was robbed right in the middle of the airport in more than U$800,00 - all the money she had brought for her two week stay on the country. Alongside Dorothy was her maid Vita Cleveland - and some brazilian newspapers claim Dorothy's daughter was with her but it seems unlikely since she needed care 24/7 - helping her deal with the enormous crowd. Vita was carrying Dorothy's money in her purse and in a moment of neglect someone opened her purse and stole all the money!
Dandridge kept up the appearances at the airport but made an appeal to the local photographers: "Maybe someone registered, in a streak of luck, the moment the thief stole my money." Vita was quicker, however, and registered a complaint with the police who forwarded the case to the Polícia Marítima e Aérea, but the money was never found.
Still, the actress/singer continued to speak to the press, revealing she planned to stay one week in Rio de Janeiro and more seven days in São Paulo, that she was bringing 25 nightgowns and two bathing suits - she didn't care for bikinis - and that she loved the "strong brazilian coffee". From the airport she left for her room at the Hotel Copacabana accompanied by Vita, Harry Stone, Jorge Guinle and Carlos Machado.
 |
Maid Vita Cleveland reporting the robbery to the police |
All of that stress took its toll: the actress was tired from her trip - she never could sleep comfortably on airplanes - and the robbery was the final straw. She didn't even go to the dinner party planned by her friend Ibrahim Sued at the Au Bon Gourmet restaurant claiming she was sick (some newspapers claimed she didn't want to go, wanted to spend her few days before the concert in peace and declined the invitation). Next day, on July 30, Dorothy had to face the enormous press conference at the Copacabana Hotel, at 3 pm, and had a nervous breakdown: she started crying in front of the reporters and left the lobby in a hurry.
The newspaper O Mundo Ilustrado described, in details, what exactly happened in the press conference, in which the actress arrived several hours late.
Without saying a word, the beautiful actress seated at the sofa, forcing a smile while the cameras’ flashes popped in every direction. Her lips, visibly shaking, tightened and two tears streamed down her face. Everyone was surprised by it and the efficient Vita took Dorothy away, leading her back to her hotel room.
 |
Dorothy Dandridge being rescued by her maid
|
After recovering from her nervous breakdown she welcomed the journalists - sans the photographers - in her hotel room and explained herself: she was still nervous about the fact someone had stolen all her money and after finding out her beloved friend Oscar Ornstein had suffered a heart attack - of which he later fully recovered - she wasn't able to pretend everything was alright. The fact that she had a fight before leaving the US with her husband wasn't mentioned then, but it surely contributed to her frail and melancholic state of mind:
Who do you all think I am, after all? An artist is not made of stone. They stole all my money, my best friend in this town is between life and dead and do you still think I should smile and pose for photographers like I'm not feeling anything?
In the press conference, Dorothy also made perfectly clear that she was nothing like her character in Carmen Jones (idem, 1954):
I'm not like that in real life, although that upsets a lot of people. I'm shy, sensitive and extremely modest. I dress myself with care and simplicity. I don't wear any kind of make up and just a little bit of lipstick. I brush my hair naturally and I'm married not divorced as you all have been gossiping about.
 |
Dorothy moments before crying at her press conference in Rio
|
Dorothy also received a question at the press conference that made her feel extremely uncomfortable. The question was if she preferred Harry Belafonte, her acting partner in three movies including Carmen Jones (1954) or Sidney Poitier with whom she acted in Porgy & Bess (1957). Clearly the actress was extremely sensitive about the question and declared, defensively: "I don't understand the question or is it because they are both black?"
After that, Dorothy's Sunday in Rio was extremely busy with rehearsals for her opening night at the Golden Room in Copacabana Palace. On her premiere, on August 1, 1960, the critics were brutal claiming the actress had a very weak performance and her voice didn't have enough range to fill the room. In the subsequent nights, it was said her performance got better but nothing newsworthy.
 |
Dorothy on her opening night at Copacabana Palace in 1960 |
The actress continued to perform at the Copacabana Palace, making a TV appearance on TV Tupi, on August 3, 1960, alongside performer Paulo Monte, but the actress' spark was lost: if on her first trip to Brazil in 1953 she was the biggest crowdpleaser in Copacabana, in 1960 she was renegaded to the small room of the club, called Midnight, but even then couldn’t fill the 50 available seats. She was labeled by the press as being difficult after refusing to pose for photographers and not showing to any dinner parties made to honor her.
The brazilian press had no idea Dorothy was struggling with depression, mixing alcohol and pills to numb the pain. Therefore her TV premiere on August 3th, 1960 at 9:15 pm wasn't a success: Dorothy was clearly sad and lost.
 |
Dorothy Dandridge performing on TV Tupi, 1960 |
One day later, Dorothy sang at an exclusive event in Rio de Janeiro's Country Clube, in a very formal, black tie dinner. And she continued to perform at the Copacabana Palace, participating Saturday Night on the Baile de Gala do Sweepstake, the long awaited Grande Prêmio Brasil, at the Monte Líbano Clube at 11pm. Amongst the guests: governor of Rio de Janeiro, Sette Câmara and other famous actors. However, the brazilian public wasn't pleased with Dorothy: they said brazilian singer Angela Maria had a much better performance than hers.
Dorothy earned for her performance at Monte Líbano Clube the amount of C$ 400.000,00 (the equivalent of U$ 2.000,00) and after that engagement she continued to sing at the smaller room at The Copacabana Palace, but without much praise.
 |
Dorothy Dandridge at the Grande Premio Brazil and with Eduardo Farrah |
In an interview with Diário de Notícias, Dorothy made very clear that her biggest passion was singing: "I like and I miss the direct contact with the public. I live intensely on theaudience's reaction, which, to me, is a fascinating experience." Can you imagine how heartbroken the actress was after brazilian audiences so blatantly rejected her?
 |
Dorothy beautiful as ever on her show at Copacabana Palace |
After finishing her one week engagement at Copacabana Palace, on August 8th, 1960, Dorothy left for São Paulo to perform at Cine Marrocos, on a nightshow that would take place before the screening of Carmen Jones (1954). Her shows in São Paulo would be televised.
But her arrival in São Paulo, on August 9, 1960 at Congonhas Airport, also started it out wrong - at least by press standards. She had a press conference set on that same day at Cine Marrocos, but according to Jornal dos Sports, she missed the conference claiming to have "lost my voice."
The newspaper Correio da Manhã reported that during her stay in São Paulo, the actress claimed to be consistently tired and sick to dodge the receptions made for her. She only showed up to one in São Paulo: a tribute made by the Associação de Homens de Cor (The Black Men Association) at Vila Prudente, staying there for only fifteen minutes before leaving.
 |
Niece or daughter? Pictures of Dorothy in São Paulo, 1960 |
Dorothy stayed at the Othon Palace Hotel with her maid and a girl who was identified as her niece – other newspapers claimed to be her daughter which is unlikely. The actress did talk to the press on August 11, on a Thursday, at the lobby of Cine Marrocos. She was very pleasant, having Carlos Machado there to translate the conversation.
During the press conference in São Paulo, she actually opened up a bit more about the racial prejudiced she faced in Hollywood, affirming: "In the United States they aren't many roles for me. A little due to my type and my race. I don't believe my problem is a matter of color because many stars use make up to achieve a color like mine. It must be something deeper, race. And that's something I can understand in an intellectual manner but emotionally it makes me ill."
She was scheduled to perform in nine shows at Cine Marrocos, starting on August 11, 1960, and each performance would be 40 minutes long and she would make four appearances on TV. She earned for her engagements in Brazil the total of C$700.000,00 (the equivalent of U$ 4.000,00) but even in São Paulo she had problems: she didn't have a ceremony master at her shows and had to wait for someone to translate what she was saying to the audience and vice-versa and wasn’t very enthusiastic on stage. The public could tell Dorothy was struggling and her night show flopped. Overall, Dorothy's career was no longer on the rise.
 |
Dorothy Dandridge at the Grande Prêmio Brazil in 1960 |
The actress left São Paulo, on August 14th 1960 and back to Los Angeles and her husband, Jack after her run at Cine Marrocos abruptly ended. Dorothy would have stayed a few more days in São Paulo, but her contract was canceled before that because her shows didn't generate the excitement that was expected. Before leaving, however, there were rumors circulating she would star in a movie shot in Brazil with James Mason and Ernie Kovacks, but it was not meant to me. Dorothy and James did, however, acted together on the movie The Decks Ran Red (1958).
All of Dorothy's visits to Brazil were definitely melancholic - she never had the chance to fully appreciate the country and its beauty. Her future after leaving Brazil wasn't bright either: she would eventually lose all her money and movie roles would fade away.
Dorothy died September, 8, 1965. She was 42 years old. In a life full of ups and downs, her visits to Brazil represent her stardom cycle perfectly: her beginning in 1953, her peak in 1955 and decline in 1960. Dorothy was, always, a survivor. A pioneer. A truly kind soul. A natural performer.
Que matéria esclarecedora e completa! Assisti ao filme e ao procurar pela vida da atriz achei essa matéria belíssima! Parabéns!
ResponderExcluir