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Cinco comédias teens dos anos 80

Os anos 80 foram uma época bem peculiar. Além das roupas extravagantes e dos cabelos doidos, a década ainda deu vida à bandas de rock e cantores pop. Se no Brasil, o cinema ainda estava tomado pelas pornochanchadas, que só sairiam de vez à partir do cinema da Retomada nos anos 90, nos Estados Unidos, os filmes adolescentes eram a sensação do momento, ao começar pelo filme Queridinhas (1980) e as Gatinhas (1980) que deram início ao gênero e aos filmes mais picantes da época, no qual os jovens buscavam apenas perder a virgindade e ficarem doidões no processo.
Um dos primeiros papeis de Matt Dilon no cinema                                     Paramount Studios/Gif

E se os anos 80 têm alguns filmes pavorosamente engraçados e politicamente incorretos, como
Porky (1982) e Picardias Estudantis (1982), a década também produziu clássicos teens como o reverenciado Clube dos Cinco (1985) e o drama de classes sociais Vidas sem Rumo (1983).

Alguns filmes da época, no entanto, ainda permanecem na obscuridade, mesmo que tenham dado origem á refilmagens de filmes adolescente dos anos 2000. E se a temática deles é bem maluca e os personagens mais ainda, a diversão é garantida. 


1. Sonhos Rebeldes (Valley Girl) - 1983
A química entre Nicolas Cage e Deborah Foreman é inegável                  20th Century Fox/Gif
O filme Sonhos Rebeldes (1983), baseado na canção ValleyGirl de Frank Zappa, funciona quase como um antecessor de As Patricinhas de Beverly Hills (1995) porque mostra o dia a dia de garotas ricas que moram na região mais chique da Califórnia, a San Fernando Valley, nos Estados Unidos.  

No longa conhecemos Julie Richman (Deborah Foreman), uma típica valley girl (que na gíria significa uma menina materialista, mais preocupada em consumir do que se desenvolver intelectualmente), que acaba se apaixonando pelo punk pobretão Randy (Nicolas Cage) e assim começa a rever seus próprios privilégios e o mundo à sua volta.

Além de uma participação especial da banda The Plimsouls, que fazia muito sucesso na época com músicas como A Million Miles Away e Oldest Story in The World, o filme funciona ao mostrar o relacionamento do casal principal que, apesar de muito diferentes, apenas queriam ficar juntos, sem serem julgados.

Com uma trilha sonora impecável, que vai desde do hit Melt With You do Modern English, ao rock new wave de Jossie Cotton, Sonhos Rebeldes (Valley Girl) é mais um filme excelente dos anos 1980 que continua injustamente subestimado.

2. Quase Igual aos Outros (Just One of The Guys) - 1985

Joyce Hyser ficou famosa por este filme                                  Paramount Studios/Gif
O filme Quase Igual aos Outros (1985) é uma típica produção dos anos 1980. Já na abertura do longa conseguimos observar todas as referências da época: cabelos com permanente, roupas vibrantes e curtas, e exageros. No filme conhecemos a aluna Terri Griffith (Joyce Hyser) que é extremamente popular e inteligente. Certa de que não conseguiu um estágio por causa de sua aparência e por ser mulher, ela resolve se matricular em outra escola como um garoto para provar seu talento.

Apesar de ser um filme datado, ele trata muito bem assuntos como o sexismo e a necessidade dos jovens de se enturmar em um grupo da escola para serem populares. Quase Igual aos Outros, aliás, deu origem ao filme de 2006, Ela é o Cara, protagonizado por Amanda Bynes, que embora seja uma versão mais leve, não supera a leveza e humor do original. 

A história do filme é baseada na peça Sonho de Uma Noite de Verão de Shakespeare e a diretora Lisa Gottlieb ainda contou em entrevista ao site Yahoo, que queria realizar uma história inteligente, na qual jovens, gays e transsexuais pudessem se identificar. Além de Hyser, outra performance que merece reconhecimento é de seu irmão mais novo, Buddy (Billy Jane) que também interpreta muito bem os estereótipos e consegue revertê-los, para o nosso deleite.

3. Alguém muito especial (Some Kind of Wonderful) - 1987

Mary Stuartson e Eric Stoltz fazem um ótimo par                               Universal Pictures/Gif

Um dos filmes teens mais subestimados de John Hughes, Alguém Muito Especial (1987) é o A Garota de Rosa Shocking (1986) com os sexos invertidos: no caso de Alguém Muito Especial, o protagonista é o rapaz Keith Nelson (Eric Stoltz) que tem uma melhor amiga esquisitona apaixonada por ele, a Watts (Mary Stuartson). O problema é que ele é apaixonado pela garota mais popular da escola, Amanda Jones (Lea Thompson), que tem como namorado o popular e babaca Hardy (Craig Sheffer) e não percebe toda a afeição que está bem do seu lado. 

Este é um dos meus filmes favoritos escritos por Hughes logo depois de O Clube do Cinco (1985). Além de ter Eric Stoltz, na época um grande galã, ainda temos duas mulheres fortes, que apesar de gostarem do mesmo cara não tentam se prejudicar ou passar a perna uma na outra. Com atores coadjuvantes hilários, dando ênfase ao punk apaixonado por Watts, Duncan (Elias Koteas) e a irmã mais nova de Keith, Laura Nelson (Maddie Corman), o filme funciona muito bem como uma comédia escolar.

O interessante é que de acordo com os jornais da época, a diretora Martha Coolidge, a mesma do filme Sonhos Rebeldes, que mencionei acima, estava contratada para dirigir o filme Alguém Muito Especial, mas deixou a produção antes de começar porque queria fazer uma versão mais sombria da história, o que não caiu nada bem com Hughes. Howard Deutch, portanto, ficou em seu lugar e acabou casando com Lea Thompson na vida real.

O filme também faz várias referências aos Rolling Stones, a começar pelo nome dos protagonistas: Amanda Jones, uma canção famosa da banda e Keith e Watts, nomes dos integrantes da banda.

Com uma história doce e um pouco clichê, mas com uma cena de beijo para ninguém botar defeito, Alguém Muito Especial acaba ganhando seu coração sorrateiramente, mas uma vez que consegue, já não tem mais volta.

4. Te Pego Lá Fora (Three O' Clock High) - 1987

Casey Siemaszko se dá muito bem como o protagonista                  Universal Studios/Gif
Um dos filmes mais divertidos dos anos 1980, Te Pego Lá Fora (1987) tem de tudo um pouco: romance, ação, humor e brigas. Tudo começa quando o nerd Jerry Mitchell (Casey Siemaszko) acaba se metendo em uma confusão com o mais novo valentão do colégio Buddy Revell (Richard Tyson), que o desafia para uma briga depois do horário escolar. Jerry, então, passa boa parte do tempo tentando escapar da enrascada, o que nos rende ótimas risadas. 

Apesar de Te Pego Lá Fora ter uma história repleta dos estereótipos típicos dos filmes adolescentes daquela época, ele consegue nos fazer sentir íntimos dos personagens, quase como se o conhecêssemos. Todos eles passam por suas dificuldades e no final, entendemos que ninguém é o que parece ser.

O interessante é que Steven Spielberg foi um dos produtores da película, mas acabou retirando seu nome dos créditos, sem nenhum motivo aparente. Aliás, ele confiou a direção do filme, que na época ainda se chamava Depois da Escola (After School) ao jovem cineasta de 25 anos de idade, Phil Joanou, um de seus protegidos.

Apesar de alguns clichês aqui e acolá, típicos dos filmes dessa década, Te Pego Lá Fora consegue nos mostrar um lado diferente dos estudantes e de suas ambições na vida. Vale a pena dar uma conferida!

5. A Primeira Transa de Jonathan (Mischief) - 1985

Uma comédia divertida dos anos 80 baseada nos anos 50                           20th Century Fox/Gif
Com um título de filme chamado A Primeira Transa de Jonathan (1985), que dá um ar super sensualizado para uma história adolescente, não é à toa que esse filme é um tanto quanto subestimado. Além da péssima tradução para a divulgação no Brasil, o filme é o mais diferente entre as outras comédias teen da época porque ao invés de lidar com o atual, ele conta a história de um jovem, chamado Jonathan (Doug Mckeon) e sua busca pela garota perfeita, Marilyn, vivida por Kelly Preston, nos anos 1950.

O filme conta com o companheirismo de Jonathan com o bad boy Gene (Chris Nash), que por sua vez, acaba se apaixonando pela doce Bunny (Catherine Mary Stewart). Apesar dos clichês óbvios: a garota popular fútil, o jovem obcecado em sexo e os grupos de amigos escolares, o filme consegue inserir, mesmo que de forma breve, o conflito dos adolescentes com seus pais e a busca de seu futuro.

O engraçado é que Jonathan quase não nota a tímida Rosalie (Jami Gertz) que é apaixonada por ele. A atriz, Jami, aliás, atuou em outro conhecido filme dos anos 1980 que mescla a temática de vampiros e adolescência: Garotos Perdidos (1987). 

Outro ponto positivo desse filme é a trilha sonora! Como a história se passa nos anos 1950, temos muito do bom e velho rock n' roll dando ênfase a canção Ain't That a Shame do Fat Dominos, que toca em um momento crucial do filme. Músicas de Elvis Presley, Buddy Holly, The Skyliners e Little Richard dão um tom sofisticado ao filme e acabam auxiliando na história de descoberta de Jonathan. 

Divertido e bem-humorado, aconselho que não fique com o pé atrás por causa da péssima tradução do título em português, já que é uma ótima comédia para passar o tempo.  A única inclusão que falta para que a trilha sonora seja perfeita é uma canção do incomparável Roy Orbison. 



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