A vinda io-iô de Lana Turner ao Brasil

Em 1946, Lana Turner estava no auge de seu sucesso: como protagonista no clássico noir O Destino Bate à Sua Porta (The Postman Always Rings Twice, 1946) que seria lançado no meio daquele ano, ela tinha todos os olhos sob si. Em um relacionamento quente - e secreto - com Tyrone Power - que já veio ao Brasil duas vezes - Lana conciliava a vida profissional com a pessoal, sem perder um compasso sequer. 

O mesmo, no entanto, não pode ser dito de sua vinda ao Brasil. Antes de dar às caras por aqui, os jornais faziam um io-iô da loira platinada: uma hora ela vinha, na outra sua visita estava cancelada e todas essas notícias foram se arrastando por mais de um mês. 

Até os fãs mais fervorosos de Lana - imagino eu! - devem ter ficado desapontados e sem esperanças de que ela viesse mesmo ao nosso país. Mas em 1 de fevereiro de 1946, Turner chegou, abalou e para compensar esse "chove não molha" da imprensa, ficou mais de um mês nas terras brasileiras. 

Lana Turner na coletiva de imprensa no Brasil - cortesia da Revista da Semana 
A epopeia se iniciou em 16 de janeiro de 1946 quando os jornais brasileiros, através do press release do estúdio de Lana, a MGM, noticiaram que a garota do suéter tiraria férias de um mês em viagem pela América do Sul. A chegada prevista de Lana ao Rio de Janeiro era no dia 26 de janeiro e segundo o jornal A Noite, sua primeira parada do tour seria no México e depois ela se aventuraria em outros países do continente. Logo a nova data de Lana para chegar por aqui mudou para o dia 25, após o que seria uma breve estadia em Buenos Aires, Argentina. 

Dia 18 de janeiro de 1946 ela chegou a Balboa, no Panamá e zanzou pelo Chile. Só que no fatídico dia 25, cadê a Lana? Na data em questão, os jornais soltaram uma nota avisando que a atriz havia decido ficar mais tempo na Chile.

Foi apenas no dia 26 que ela havia chegado a Buenos Aires e deixou claro que não ficaria muito por lá, estava ali "para repousar." O novo dia previsto para chegar no Brasil seria na próxima segunda-feira, dia 28 de janeiro. 

Lana Turner assinando o registro do hotel Plaza, em Buenos Aires, onde ela ficou por uma semana antes do Rio                        O Jornal
E você acha que isso aconteceu? A resposta é não! Lana resolveu ficar mais um tempo em Buenos Aires na Argentina, porque segundo o jornal O Jornal ela sofreu uma viagem turbulenta de avião para chegar a Argentina, atravessando a Cordilheira dos Andes sob forte temporal, e precisava descansar um pouco. Garantiu que chegaria no Rio de Janeiro na sexta-feira, dia 1 de fevereiro de 1946 e que ficaria no Hotel Termas -Quitandinha, em Petrópolis: 
Onde pretendo permanecer por pelo menos duas semanas, desfrutando do ar gostoso das montanhas petropolitanas, do qual já ouvi falar nos Estados Unidos. (lembrando que na época ela namorava Tyrone e ele passou bastante tempo em Petrópolis em sua primeira visita ao Brasil). 
Rufem os tambores! Finalmente, como ela havia anunciado, no dia 1 de fevereiro de 1946, desembarcando no aeroporto Santos Dummont em avião da Panair, o Clipper - com uma breve intermissão em Porto Alegre onde a estrela se recusou a posar para fotos ocasionando vaias dos fãs - onde foi recebida por dois mil e quinhentos fãs. Infelizmente, segundo o jornal Correio da Manhã, Lana teve um crise de nervos e "visivelmente fatigada e emocionada da viagem, a artista foi presa em uma crise de nervos, chorando copiosamente." 

Assim, os representantes da MGM do Brasil logo buscaram um trajeto de fuga para a estrela de 24 anos de idade, escoltando-na de uma dependência da estação Panair para os fundos do Aeroporto - acompanhada da jornalista Sra. Sarah Hamilton - onde ela se esquivou de fotos e autógrafos e foi direto para Petrópolis. 
Lana desembarcando no aeroporto Santos Dummont em 1 de fevereiro de 1946                                             Revista Carioca 
Nervosa e febril, Lana foi direto para seu quarto de nº 200 no segundo andar do Hotel Termas -Quitandinha, de onde saiu apenas no sábado à noite, para comparecer à uma festa feita em homenagem às missões diplomáticas estrangeiras que vieram ao Brasil para comemorar a posse do presidente Eurico Gaspar Dutra. De acordo com a coluna social do jornal A Noite, Lana recebeu a visita do médico Dr. Nelson de Sá Earp três vezes em seu quarto que a diagnosticou com "depressão nervosa" e "fatiga da viagem." 

Durante a boite dançante no hotel, Lana apareceu um pouco cansada, mas logo entrou no clima se divertindo e segundo a coluna O Camizeiro de A Noite, a atriz "apreciou o a apresentação do comediante Palitos na imitação de um marinheiro Yankee, cantando uma melodia portenha." Após o quadro, começou o Carnaval Carioca e Lana foi arrastada pelo cordão guiada por Linda Batista e se esbaldou, ficando ali até a música acabar. Como toda boa artista não se negou a dar autógrafos e logo subiu para seus aposentos, através do elevador da cozinha. 

Antes disso, no entanto, um sortudo jornalista de O Jornal conseguiu arrancar algumas palavras de Lana, que fez questão de elogiar o Brasil:
Maravilhoso. Jamais pensei ser assim tão empolgada, de cor, de vida, de movimento, a maior festa  do povo brasileiro, embora já tenha ouvido maravilhas dela. É estonteante, realmente. 
Lana prometeu que ficaria no país durante o Carnaval, descartando sua partida no dia 8 de fevereiro. 

Lana ao lado da alteza Imperial D. Teresa, General Accame e Sarah Hamilton durante uma das boites no Hotel                                   Carioca
No dia seguinte, domingo, ela deixou ordens explícitas para não ser incomodada. Entretanto, alguns jornalistas do jornal A Noite conseguiram falar com Lana brevemente - segundo eles, seu filme favorito daquele ano foi O Vale da Decisão (The Valley of Decision, 1945) - antes de comer no grill do lago, acompanhada por Sarah Hamilton (crítica da revista Photoplay), Charles Van Obbergh, superindentente do hotel,  Zacarias Jaconelli, diretor do Urca e Oscar Ornstein, do departamento de publicidade.

Ela os atendeu com bondade, não dando muitas informações sobre sua vida, mas assinou vários autógrafos, inclusive em um álbum de recorte, fez um tour pelo hotel, e após ser abordada pelos fãs retirou-se novamente. 

Bilhete que a Sra. Hamilton deixou para o jornalista da revista Scena Muda sobre a indisponibilidade de Lana
Para quem lê nosso quadro No Brasil há tempos, nem preciso dizer que as esquivas de Lana com a imprensa não caíram nada bem. Afinal, ela estava gripada para atendê-los, mas não para comparecer às boites de Petropólis ou para passear pela região. Logo começaram a falar até da aparência da atriz, afirmando que Turner era bonita, mas não tanto quanto aparecia nas telonas.  

Alguns jornais, após muita persistência, conseguiram algumas falas aqui e acolá de Lana Turner. Em entrevista a revista Carioca, alguns dias antes da coletiva de imprensa, a atriz  não se acanhou de falar de seus filmes:
Não fiz nenhum filme bom.O que mais me agradou foi Éramos Três Mulheres (Keep Your Powder Dry, 1945). 
Afirmou, aliás, que Linda Batista era melhor do que Carmen Miranda e não poupou elogios: 
Muito melhor do que Carmen Miranda. Se ela fosse aos Estados Unidos, talvez nunca mais voltasse. Faria grande sucesso. Até já sei cantar alguma de suas músicas. Mal, mas canto "Pagode na China" e outros números. 
Lana apagando as velas de seu bolo em seu aniversário de 25 anos, durante a coletiva de imprensa
No dia 8 de fevereiro de 1946 - no aniversário de 25 anos de Lana - no Salão Dom Pedro do hotel Termas - Quitandinha, a atriz finalmente concordou em conversar com a imprensa brasileira em coletiva marcada para as 15h. O jornal A Manhã afirma que a atriz foi mil sorrisos, respondendo todas as perguntas e cortando o bolo de aniversário que lhe foi oferecido com muita desenvoltura. 

Cercada por jornalistas e artistas brasileiros, Turner deixou claro que pretendia curtir o Carnaval brasileiro, que não sabia dançar samba e respondeu algumas perguntas mais gerais, deixando claro que não pretendia casar de novo - nós sabemos como isso termina, não? 

Lana comemorando seu aniversário de 25 anos com a imprensa brasileira e ao lado com jornalistas do A Noite

Indagada sobre seus atores favoritos, não pestanejou: "Cary Grant e Bette Davis." Atestou que sua co-estrela favorita era Clark Gable com quem atuou em Quero-Te como és (Honk Tonk, 1941) e quando os jornalistas a alfinetaram afirmando que Gable era forçado, ela defendeu o seu "companheirão": 
É simples, natural, encantador e dono de uma personalidade encantadora. - Lana em entrevista ao jornal A Noite
Comentou, aliás, sobre sua filha Cheryl Crane, de quem ela disse estar "morrendo de saudades", e prestou esclarecimento sobre seu controverso resfriado. Lana explicou que ficou doente em Buenos Aires, chegou ao aeroporto em Porto Alegre e estava se sentindo muito mal e pediu para não ser fotografada.  

Na parada em São Paulo, antes de chegar ao Rio, não desceu do avião pois estava com febre e "enrolada em cobertores" e por fim expressou tristeza pela reação do público com vaias, já que queria causar uma ótima impressão em todos. 

Indagada sobre os don juans brasileiros e se algum homem tentou lhe dar uma cantada, Lana avisou que os homens brasileiros eram muito tímidos e que por isso: 
Ainda não e sei como afastá-los.
Lana ao lado do sr. Waldermar Torres,  diretor de propaganda da Metro no Brasil, e a atriz Heloisa Helena                                     Revista da Semana
Por fim, antes de soprar as velas de seu bolo de aniversário, Lana elogiou a festa da Piraquê e o entusiasmo dos fãs e afirmou que receberia de braços abertos em Petrópolis a coletiva de marujos de Roosevelt que viriam ao país naquele dia. 

Em sua autobiografia Lana : the lady, the legend, the truth, a estrela confirma que teve um agenda social bem cheia no Rio de Janeiro:
No Rio a vida social era muito mais prazerosa. Eu tinha conhecidos por lá que me convidavam para festas luxuosas. 
Durante as festas de Carnaval, Lana se tornou boa amiga de Linda Batista, uma das maiores sambistas e cantoras do Brasil. Segundo o jornal A Manhã, a atriz foi só elogios, aprendendo a cantar No Buteco do José e Pagode na China, e voltou a afirmar que Linda faria um sucesso tremendo no Brasil e que se fosse aos Estados Unidos nunca mais voltaria. 

Ainda de acordo com o jornal A Manhã, a música de Carnaval preferida de Lana era No Buteco do José.

Lana se divertindo em uma das festas da Quitandinha ao lado de Linda Batista                 A Manhã
A eterna garota suéter se divertiu em bailes do Cassino Atlântico, no Rio de Janeiro, onde dançou o balanceio e segundo a coluna do Grill Room, ela afirmou era uma "dança agradável, elegante e muito alegre." Ficou hospedada diversas vezes no hotel Copacabana Palace, enquanto curtia a folia do Rio no apartamento 301, como conta a revista Fon Fon

No dia 12 de fevereiro, Lana sambou mais uma vez. Segundo o Diário da Noite, ela caiu na folia em uma festa promovida pelo Luiz dos Santos Jaciro no terraço do Instituto dos Resseguros. A atriz viajou para o Rio de Janeiro especialmente para essa festa e ao chegar a meia noite não cansou de dançar ao lado de ninguém mais, ninguém menos do que Paulo Portela e ficou ali até o sol raiar. 

Os bailes do Popeye, muito famosos na época, também fizeram uma festa de Carnaval em homenagem à Lana Turner, que ocorreu no dia 19 de fevereiro de 1946 na Avenida Nieymer, 750 na Gávea, Rio de Janeiro. 

Lana disfarçada com peruca morena para aproveitar o Carnaval Carioca
Muito provavelmente foi na festa do dia 12 que Lana teria pegado outro terrível resfriado que ela menciona em sua autobiografia. A atriz, contudo, parece confundir alguns fatos, já que a imprensa brasileira afirmava que ela estava doente já em sua chegada enquanto Lana diz que foi apenas após o Carnaval. Mesmo assim, ela relembra a atmosfera da festa no Rio de Janeiro com muita gratidão:
Uma noite alguém disse, vamos para a rua. Lá, éramos arrastados pela multidão. Agora é proibido, mas na época os homens colocavam um perfume em seus lenços que era evaporado pelo calor do corpo (lança-perfume). O ar ficava intoxicado pelo fumo doce. Isso e a música você parecia apenas flutuar. Com um vestido justo e flores no meu cabelo, eu dançava sem parar. - trecho de Lana : the lady, the legend, the truth
Não teve nenhum dia em que Lana passou no hotel Termas-Quitandinha que foi monótono: no dia 28 de fevereiro, Petrópolis sofreu um blecaute, devido ao desastre na Central Elétrica, e as "boites" excitantes aconteceram todas à luz de velas. O jornal A Manhã afirma que Lana achou tudo muito pitoresco e romântico:
Como é lindo tudo isso. Até agora eu só vi essa ressurreição do passado durante as filmagens. Nunca senti, porém, o fascínio dessa luz suave de mil velas em plena realidade. 
Lana levou a fotografia como recordação, segundo a revista Fon Fon 
Lana gostou tanto do balanço do samba que segundo o jornal A Manhã ela reservou quatro mesas para todos os bailes de Carnaval que aconteceriam no hotel Quitandinha no começo de março de 1946, especificamente nos dias  1, 2, 3 e 4 de março. Na matinée do Carnaval Infantil, Lana foi entrevistada pela revista Fon Fon e não largou uma menina vestida de pastorinha, que segundo ela, lhe lembrava de sua amada filha Cheryl, de quem se arrependeu de não ter trazido ao país. 

Ainda durante o bate-papo com a revista Fon Fon, Lana Turner foi só elogios a mulher brasileira, afirmando:
Graciosas, elegantes e que lindos olhos elas tem. Quantas delas poderiam brilhar em Hollywood. (...) Quando se dirigem aos seus esposos e filhos, nota-se pelos gestos e pelo olhar, mesmo que não entendam as palavras quanto significa o lar para elas. Fiquei muito impressionada com a mulher brasileira. 
O jornalista, então, a cutucou para que falasse de algum romance no Brasil, mas Lana continuou afirmando que as duas coisas que mais lhe impressionaram foram o samba e as paisagens lindas do Rio de Janeiro: 
Nos ouvidos o ritmo inesquecível da música do Brasil, nos olhos a maravilhosa visão de sua natureza. Quem pode esquecer a beleza verde de suas serras. 
Lana no meio da muvuca das festas de Carnaval do hotel em março de 1946                                                                             A Manhã
Após curtir o Carnaval adulto e infantil no Hotel Termas-Quitandinha, Lana voltou a se hospedar no Copacabana Palace que foi onde a revista Fon Fon lhe entregou uma cópia de sua fotografia com as crianças no dia 8 de março de 1946. 

Lana partiu do Rio de Janeiro para os Estados Unidos sem muita algazarra no dia 9 de março de 1946, a bordo do clipper da Pan American World Airways acompanhada da jornalista Sarah Hamilton. Quando chegou ao seu país, no dia 10 de março, Lana brincou que ela havia se impressionado com os banheiros brasileiros, especificamente o do Ministério da Fazenda:
Todo de ônix, do teto ao chão. Com o chão também de ônix, inclusive as paredes laterais, invocando as mil e uma noites.Os compartimentos internos, inclusive os aparelhos de ducha são coisas de maravilhar qualquer mortal - entrevista replicada no A Cigarra. 
Lana voltaria ao Brasil, em espírito, ao gravar o filme Meu Amor Brasileiro (Latin Lovers, 1953) quando ela interpretou Nora Taylor, uma herdeira que resolve viajar para o Brasil e acaba conhecendo o bonitão Roberto Santos, interpretado por Ricardo Montalban. A película, no entanto, foi toda gravada nos Estados Unidos, nos estúdios da MGM. 

Lana na tão aguardada coletiva de imprensa: fofa de bolinhas 

A primeira vinda de Lana Turner ao Brasil teve de tudo: resfriado, vaias, samba, Carnaval e até aniversário e depois de ter ficado mais de um mês no país, temos certeza que ela aproveitou e muito sua estadia. 
Estou de novos amores pela natureza brasileira. Não me farto de admirá-la. - Lana Turner para a a revista Scena Muda. 

1957
Lana Turner queria mais do Brasil! A loira veio junto com outros astros como Yul Brynner - que ganhou uma matéria aqui - que estavam no Uruguai para o Festival Cinematográfico Punta Del Este, no dia 9 de março de 1957 ao lado de Joanne Dru pelo avião particular de Olavo Fontoura. 

A loira e Yul, além dos atores Anita Ekberg, Ann Miller e Van Haflin, vieram ao Brasil para a première de Anastasia (idem, 1956) - filme estrelado por Brynner. Lana e Joanne desembarcaram no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 19h, após um breve aguardo no aeroporto Santos Dummont por causa da pista ocupada.

Ao desembarcar no lado de Dru do avião "Scandia", Lana relembrou sua estadia anterior no Brasil em 1946:
Já estive no Brasil em 1946 por ocasião do Carnaval. Aliás, foi para mim a melhor recordação que guardei dos brasileiros. Adoro o Brasil e acho que os brasileiros são muito simpáticos. - em entrevista ao O Jornal
Lana e Joanne desembarcando no aeroporto                             O Jornal/Diário Carioca 

Lana ficou emocionada quando ficou brevemente presa no aeroporto do Santos Dummont pois foi recebida com muito carinho por um garoto, que lhe beijou a mão: 
Minha simpatia pelo Brasil aumentou consideravelmente há momentos pois fiquei emocionada com o abraço afetuoso e o beijo com que me saudou um menininho brasileiro. - em entrevista ao Diário Carioca.
Lana e sua amiga foram direto para o Hotel Copacabana Palace, onde ficou hospedada no apartamento nº 17. Na mesma noite foi oferecido um jantar para todas as estrelas de Hollywood por Jorge Guinle. 

Segundo o jornal O Diário da Noite, a loira perguntava incessantemente pelo sr. Luiz dos Santos Jacinto, que a imprensa afirmava ter sido seu grande romance no Brasil em 1946. O colunista Jacinto de Thormes contou que Lana perguntou sobre seu "Luizinho" desde sua chegada e enviou três telegramas para encontrá-lo. No jantar, não entendia porque seu antigo amado ainda não havia lhe encontrado. 

Terminou a noite, supostamente no badalado clube Sacha's, no Rio, ao lado de ninguém mais, ninguém menos do que Jorge Guinle. No dia seguinte, dia 10 de março, uma agenda bem cheia! 

Todos os astros foram convidados para um passeio de lancha na Ilha de Brocoió, na residência do sr. Frederico de Melo, mas Yul Brynner e o casal Litvak tinham outros compromissos em mente. Com uma roupa chique, Lana se divertiu muito com seu retorno ao Brasil, sempre com um copo de bebida na mão. 

Lana no iate para a Ilha ao lado de Joanne Dru             Revista Manchete 

À noite, partiu para um jantar no luxuoso Copacabana Palace e deu o que falar ao dançar coladinha com Jorge Guinle. 

De acordo com o Diário da Noite, Ann Miller causou sensação quando dançou ao lado de Bill O'Connor ao som da orquestra Tumbá Lele. O tema da festa era o Carnaval e Lana dançou sem parar ao som dar marchinhas que lhe causaram tanto impacto.

Ali começou a nascer o romance breve entre Jorge e a bela atriz. 

Lana e Jorginho juntinhos durante a festa no Copacabana                     Diário da Noite 

No dia seguinte, dia 11 de março, Lana e seus colegas artistas continuaram com um dia bem cheio. Antes de visitarem o prefeito Negrão de Lima às 16h no Palácio do Guanabara, os astros participaram de um piquenique em companhia de Jorge, Leopoldo Modesto Leal e Roberto Andrade na casa de Frederico de Melo em Jurujuba. Lá, Lana experimentou, ao lado de Anita Ekberg vários pratos brasileiros, entre eles o camarão com pimenta.

Lana com Eunice Modesto Leal,Del Armstrong, Joanne Dru e Maria Graça Couto  Última Hora

Ainda de acordo com O Jornal, todos foram para o Yatch Club depois da festinha de onde foram levados para o Rio de Janeiro. À noite, naquele mesmo dia, tinham um banquete em sua homenagem no Clube dos Banqueiros às 18h, concebido por Harry Stone.  

Lana chegou atrasada, mais de uma hora depois, ao lado de Joanne Dru, Van Heflin e o inseparável Jorginho. Afirma-se na Revista do Rádio que assim que chegou, a loira se tornou o centro das atenções de todos. O banquete se tornou uma espécie de coletiva de imprensa, no qual Lana deu a seguinte declaração em entrevista pelo Mundo Ilustrado:
Considero meus artistas favoritos Clark Gable e Bette Davis. Quanto a diretores, aprecio muito Mervyn LeRoy. 

Lana durante o banquete/coletiva de imprensa com Braga Filho,Joaquim Menezes e Clóvis de Castro

Os astros ganharam uma segunda recepção na casa de João Leopoldo e Eunice, depois do breve coquetel/coletiva de imprensa dos Banqueiros. Foi ali que Lana havia conseguido se reencontrar com seu querido "Luizinho" e os dois conversaram, beijaram-se e segundo a notícia do Diário da Noite estavam à todo vapor. Jorginho estava fora! 

De acordo com o jornal Última Hora, o pretendente não largava Lana:
Os dois estiveram sempre juntos, em diversas ocasiões, separados em um dos cantos do salão conversando baixinho. 
Até Jorge Guinle conversou com o novo casal, provando não ter ressentimentos. 

Lana com Jorge Guinle e seu amado Luizinho                               Última Hora 

Em 12 de março, o dia foi livre para todos os astros e eles apenas se reuniram à noite, em uma festança no Copacabana Palace.  

Lana muito provavelmente passou o dia com seu amado Luís e depois apareceu arrebatadora na festa do Copacabana, acompanhada por Jorge Guinle, no Golden Room. Dentro do local, ela se encontrou com seu affair.

Lana estava no auge de sua beleza                                                           O Globo

Mas como a imprensa brasileira não pode deixar de falar mal das mulheres, muitos jornais notaram que Lana, aos 36 anos, havia envelhecido desde sua vinda ao Brasil. E mais, alguns até a chamaram de idosa! Uma afronta, não acham? 

Mas no dia seguinte, dia 13 de março, Lana encontraria, ao lado de seus colegas artistas, o presidente Juscelino Kubitschek, às 12h, no Palácio do Catete. O presidente se atrasou por volta de 40 minutos do horário marcado, conforme cita O Diário da Noite


Afirma-se também que Lana teria ficado enciumada com o sucesso da Miss Universo de 1956, Hillevi Rombim:
Muita gente achou que Lana não gostou do sucesso que ela fez pois todo mundo se virou para falar com Hillevi. Lana retirou-se para uma janela dizendo que precisava de um pouco de ar. 
Ainda conta-se que Yul e Lana eram bons amigos, tanto que assim que ela chegou ao palácio ele "largou o microfone e partiu para o encontro da loira, cuja mão pegou com tanta efusão". 

Para Juscelino, segundo O Jornal, Lana confidenciou:
Em toda a parte do mundo os jornalistas são terríveis. Mas o do Brasil são os mais terríveis do mundo.
Lana Turner ao lado do presidente do Brasil                                                      O Cruzeiro 

No mesmo dia, toda a comitiva teve um almoço na sede do jornal O Globo e à noite se preparavam para comparecer à première de Anastasia (idem, 1956) filme estrelado por Yul Brynner e Ingrid Bergman que seria exibido no Cine Palácio às 22h30. 

Segundo o Jornal das Moças, os astros foram recebidos por Herbert Moses, que faz uma saudação aos astros de Hollywood. Antes da exibição, eles todos subiram no palco e Lana foi a estrela mais aplaudida. 


A atriz estava acompanhada de seu affair brasileiro Luiz Jacinto, com quem ela chegou de mãos dadas e ficou abraçada à noite toda. 

Tanto que na festa após a exibição do filme, no Country Club, os dois estavam inseparáveis. De acordo com o jornal Diário Carioca, indagada sobre o romance, Lana negou dizendo: "é só amizade". Já o empresário afirmou um "talvez" quando perguntado sobre um possível casamento. 

Conta-se que Lana estava muito bonita com um vestido de tule azul com aplicações e um azul ainda mais vivo na renda. 

Lana com Luis na première de Anastasia (1956)                             Cruzeiro/Jornal das Moças

Nos dias posteriores, Lana decidiu curtir mais do Rio de Janeiro, declinando uma ida à São Paulo sugerida por Harry Stone. 

Ao lado de seu novo affair, recém-separada de Lex Baxter, Turner passou pelos pontos turísticos do Rio como O Corcovado, o Pão de Açúcar e descansou em seu quarto do hotel, sempre acompanhada por Luizinho. Entre os dias 14 a 16 de março, apenas curtição! 

Ao lado de Joanne Dru, Lana também conheceu uma menininha chamada Eva Rodrigues dos Santos que foi para o Rio com a sra. Dora Wieldie para arrecadar dinheiro para as crianças vítimas da poliomelite. Joanne doou antes de sua partida no dia 16 de março um colar de pérolas que Lana revelou ao O Jornal que era para a filha da atriz. 

Lana ao lado da jovem menina

Lana foi embora do Brasil no dia 16 de março à bordo do avião Super G Constellation da Varig, ao lado de sua fiel amiga Joanne Dru e John Maschio, pegando um voo noturno. 

A atriz foi levada ao aeroporto por Luiz, que a encheu de beijos. Logo os jornais brasileiros pipocavam com a versão que os dois se casariam, mas o agente de Lana negou veementemente isso. 

Apesar disso, o jornal New York Journal American anunciou que Lana buscava o divórcio de Lex Baxter para se casar rapidamente com o brasileiro. Luis, depois da partida da atriz, afirmou ao O Jornal que era tudo mentira, ou seja, eles tiveram um caso, mas não era nada sério:
Eu e Lana somos apenas bons amigos. Nos conhecemos muito tempo quando ela estava no apogeu de sua carreira, mas é só isso. O fato de ter o meu nome dado a margem nos jornais não passa de simples especulação da sr.a Louella Parsons cuja única vocação é futricar a vida alheia para manter sempre em dia o que ela chama de jornalismo. 
Lana partindo do Brasil e dando um beijo no Luis 

Depois de sua chegada aos EUA, Lana conheceu o gângster Johnny Stompanato com quem teve um relacionamento abusivo e que terminou em tragédia - temos matéria aqui!

Então podemos afirmar com certeza uma coisa: a vida de Lana nunca foi monótona, especialmente em suas vindas ao Brasil. Mas parece que Luiz seria um melhor par para Turner do que Johnny, não? 


*Matéria por sugestão da leitora Cleo Iohana. Se tiver alguma sugestão, pode mandar pra gente também :) 
*Matéria atualziada em 11 de julho de 2020 para adicionar a vinda de 1957 de Lana ao Brasil. 

A comédia inesquecível de O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943)

*spoilers do filme O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943) 

O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943) pode até não ser o primeiro filme que muitas pessoas colocariam em sua lista de melhores filmes de comédia, mas ele com certeza merece estar em qualquer uma delas. A primeira vez que assisti o filme era adolescente, quando as locadoras ainda sobreviviam, e depois de ver a película sempre considerei Don Ameche um ator incrível, assim como Gene Tierney. 

No entanto, nossa história sobre o filme começa bem antes do século XXI, quando uma peça intitulada Birthday (em tradução, Aniversário) chamou a atenção do diretor Ernst Lubitsch. O cineasta alemão já havia dirigido diversos outros sucessos como Alvorada do Amor (The Love Parade, 1929) - a estreia de Jeanette MacDonald nos cinemas - ,Ninotchka (idem, 1939), A Loja da Esquina (The Shop Around The Corner, 1940) e Ser ou Não Ser (To Be or Not to Be, 1942) e era conhecido pelo 'Toque Lubitsch", ou seja, por aquele humor e estilo sofisticado que diferenciava, na hora, suas películas das de outros diretores. 

Don Ameche e Gene Tierney em cena do filme O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943)
E não tem um maior exemplo do "Toque Lubitsch" do que O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943). Nele, conhecemos a história Henry Van Cleve, interpretado por Don Ameche, que no final de sua vida chega ao Inferno. O único problema é que o Diabo não tem certeza das qualificações de Henry para entrar lá e é a partir daí que o rico conta tudo sobre sua vida, inclusive sobre sua vida ao lado de Martha, vivida por Gene Tierney. 

Ernst Lubitsch, então diretor contratado da 20th Century Fox, tinha um projeto que estava desenvolvendo para Ginger Rogers, chamado A Self Made Cinderella que nunca saiu do papel. Naquele mesmo ano, em 1942, lhe foi oferecido o filme Margin for Error (idem, 1943) que ele recusou e foi para Otto Preminger. 

Segundo o livro Ernst Lubitsch: Laughter in Paradise Por Scott Eyman, o alemão pensava em desenvolver uma comédia sobre a vida dos privilegiados quando descobriu a peça de Laszlo Bus-Feketé intitulada Geburtstag -ou seja Birthday em tradução, Aniversário - que estreou em dezembro de 1934 em Budapeste na Alemanha. Animado pelo conteúdo da peça, ele logo começou a desenvolver um roteiro com Sam Raphaelson e retirou as partes mais controversas.

Ernst Lubistch no set de filmagens ao lado de Don e Gene via o site DGA
Um exemplo: na peça de Laszlo, além de Henry trair a esposa Martha, ele também a trai com sua irmã mais nova e pior: casa-se com ela. Ernst, que já morava nos EUA por um bom tempo, sabia que essa parte da história faria com que o personagem principal fosse odiado por todo o público e fez questão de acrescentar um lado mais humano ao protagonista. 

Após meses de trabalho no roteiro, o título do filme passou de Birthday para Heaven Can Wait e algumas cenas mais entediantes, como a possibilidade de Henry se casar de novo, foram completamente excluídas.  O comediante Don Ameche foi escalado como Henry, à um pedido especial de Darryl F. Zanuck, chefe do estúdio, que achava que Ameche seria perfeito para o papel. 

Lubistch e seu amigo roteirista tinham Fredric March ou Rex Harrison em mente para interpretar Henry, e até conversaram com Joseph Cotten, mas foram ganhos pelo talento natural de Don, que os impressionou bastante. De acordo com o livro The American Film Institute catalog of motion pictures, o diretor queria Ginger Rogers como Martha, porém Gene Tierney acabou sendo escolhida pelo estúdio para interpretá-la. Durante as filmagens, Gene descobriu que estava grávida de sua primeira filha com o estilista Oleg Cassini, Daria, que acabou nascendo com graves problemas físicos e mentais.

Gene Tierney e Don Ameche em foto publicitária para o filme O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943).
Outra grande estrela que recusou um papel no filme foi a atriz francesa Simone Simon. Ernst se aproximou dela para pedir que interpretasse a Mademoiselle, personagem que acaba "iniciando" Henry nos prazeres sexuais da vida. Segundo o livro The American Film Institute catalog of motion pictures, Simone teria recusado pois queria que seu nome fosse o primeiro nos créditos e que tivesse uma maior participação no enredo do filme. 

Mas não foi bem assim! De acordo com a própria Simone, em entrevista para o jornalista Roy Frumkes, via o livro Women in Horror Films, 1940s Por Gregory William Mank, ela não queria atuar ao lado de Gene:
Que parecia um pouco comigo, mas era muito mais linda. E eu odiava ter que voltar pela pequena porta no estúdio onde eu, outrora, era tratada como uma grande estrela. - Simone trabalhou para a Fox entre 1936 a 1938. 
No seu lugar, ficou a atriz da MGM, Signe Hasso. Desse mesmo estúdio, Lubitsch contratou Spring Byigton para interpretar a mãe de Henry. Reginald Gardiner seria Albert Van Cleeve, o primo noivo de Martha, porém Allyn Joslyn ficou com o papel. Charles Coburn, por fim, ficou como Hugo, avô do protagonista. Michael McLean, Scotty Beckett e Dickie Moore interpretaram as fases da infância e adolescência de Henry. Ademais, Tod Andrews, como Michael Ames, interpretou Jack, filho de Henry e Martha e Laird Cregar, escalado com perfeição, interpretou sua Excelência, ou seja, o Diabo. 

Com tudo acertado, no primeiro dia da produção, em 1 de fevereiro de 1943, Ernst reuniu todos os funcionários e astros do filme e avisou:
Esses são os fatos. Eu imploro que vocês não mudem nada, porque esse é o jeito que eu gostaria. - Ernst Lubitsch: Laughter in Paradise Por Scott Eyman
O elenco principal de O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943)
Don Ameche chamava Lubitsch de "gênio", mas para Gene Tierney ele era praticamente um tirano. Isso porque o cineasta queria tirar da atriz "emoções genuínas" e para Gene se soltar e se deixar levar no papel era algo difícil, especialmente no começo de sua carreira. Um evento entre eles, no entanto, provou-se insuportável para Gene, como ela reconta em sua autobiografia Self Portrait:
Ele era um tirano no set, o mais exigente dos diretores. Depois de uma cena, que demorou do meio-dia às 17h para conseguir, eu estava quase em lágrimas escutando Lubitsch gritar comigo. No dia seguinte fui falar com ele, olhei-o nos olhos e disse: 'Senhor, eu estou disposta a fazer o meu melhor, mas eu não consigo trabalhar neste filme se você vai continuar gritando comigo.' Ele revidou: 'Eu sou pago para gritar com você', ao que eu respondi: 'Sim, e eu sou paga para aguentar - mas não o suficiente.' Depois de uma pausa tensa, ele gargalhou. A partir dali, nos demos muito bem. 
No livro Ernst Lubitsch: Laughter in Paradise Por Scott Eyman, o ator Dickie Moore, que interpretou o jovem Henry, também foi só elogios ao diretor, deixando exemplos claros de sua paciência: quando ele fez um erro de novato, colocando o cigarro no bolso da calça e não do paletó e até quando Charles Coburn não conseguia achar sua marca no set quente e iluminado do Technicolor: 
Ele tinha uma cortesia infalível, nunca erguia sua voz e era uma pessoa muito alegre. Ele sabia exatamente o que queria. Era um jogo de xadrez e ele sabia cada movimento que faria. Ele dava um ar de improvisação, mas não tinha improvisação nenhuma. 


Seu primeiro filme em Technicolor, ou seja, em cores, O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1942) foi lançado em 11 de agosto de 1943, e é uma sátira ácida sobre os costumes rígidos da sociedade do século XIX - os novos ricos, representados pelos pais "sem classe" de Martha, e os ricos de berço como é a família de Henry. O protagonista interpretado por Don Ameche representa um homem livre das etiquetas de seu tempo e a resposta final do Diabo mostra que suas ações não eram pecados, invertendo a moralidade que existia em seu tempo e, consequentemente, espelhada em Hollywood pelo código Hays - código de conduta moral dos filmes que existiu até 1969. 

Em um artigo para o jornal The Saturday Evening Post, Don Ameche afirmou que o papel de Henry Van Cleeve em O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943) foi o seu favorito:
Tanto no tempo quanto na emoção tinha um maior escopo do que qualquer outro filme que eu já trabalhei. - via The American Film Institute catalog of motion pictures
O humor depreciativo de Henry Van Cleeve torna até suas infidelidades algo completamente divertido e inconsequente, quase como se ele fosse apenas um menino travesso. Quem sofre é Martha, que o ama completamente, e interpreta o papel de esposa devotada durante todo esse tempo. Em O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943), Henry apenas dá valor à sua Martha quando é tarde demais. Mesmo no Paraíso e com todas suas falhas, ela ainda o ama, representando o amor incondicional que Henry muito provavelmente não merecia - e o que é melhor, ele sabe disso.

Gene e Don Ameche em cena de O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943).
O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943) custou U$1.1 milhões para produzir e deu o dobro de lucro para Darryl F. Zannuck, sendo um dos filmes mais elogiados daquele ano pelos críticos. O filme ainda foi indicado ao prêmio Oscar nas categorias: Melhor Diretor, Melhor Filme e Melhor Fotografia, mas infelizmente não levou nenhuma estatueta.

Naquele mesmo ano, em 11 de outubro de 1943, Don Ameche e Maureen O'Hara reencenaram O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943) para o programa de rádio, Lux Radio Theatre, produzida por Cecil B. Demille, que você pode escutar na íntegra aqui! O filme teve duas reprises no rádio, de acordo com o fórum Nitrateville, em julho de 1945 com Walter Pidgeon e Susan Hayward e em agosto daquele ano, com Karl Swenson e Betty Winkler.

Em 1978, Warren Beatty estrelou, produziu e dirigiu um filme com o mesmo título, Heaven Can Wait, mas que não é uma refilmagem e não tem nada a ver com o clássico de 1943, tanto que no Brasil, a película foi traduzida como O Céu Pode Esperar (Heaven Can Wait, 1978).

Apesar do título em português já lhe dar uma ideia geral do filme, O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943) é um clássico exemplo da direção impecável de Ernst Lubitsch, do talento de Don Ameche e Gene Tierney - ele ganharia, anos mais tarde, um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Cocoon (idem, 1985) - e de como uma história de comédia fantasiosa pode nos dizer tanto sobre a sociedade e seus costumes. E como o filme e seus astros brilham em Technicolor - é uma explosão de figurinos e cenários luxuosos. 

O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, 1943) é uma obra prima de Ernst Lubitsch e o público só tem a agradecer.

O desaparecimento de Sean Flynn, filho de Errol Flynn e Lili Damita

Eu soube ali que eu gostava de...é difícil dizer que eu gostava da guerra. Mas eu gostava da excitação. Eu sentia que a minha força era a capacidade de funcionar sob o fogo, neste caso como fotógrafo. - Sean Flynn em entrevista para Zalin Grant
Errol Flynn e Lili Damita eram um dos casais mais tempestuosos de Hollywood. Eles se conheceram no final de 1934, à bordo do cruzeiro SS Paris rumo à Hollywood e a química foi instantânea. Lili era cinco anos mais velha, mais famosa que Flynn e já era cobiçada pelo australiano. Errol não demorou para se apresentar, Lili se encantou e eles casaram em junho de 1935. 

Entre idas e vindas - brigas explosivas com direto à violência física de ambas as partes - eles tiveram um filho chamado Sean Flynn em 31 de maio de 1941. Enquanto a carreira de Errol crescia, a de Lili entrava em declínio, especialmente por ela não conseguir se livrar de seu forte sotaque francês. Os dois se separaram em 1942 e Sean foi criado pela mãe, sozinha, que se mudou para Palm Beach, na 346 Sea Breeze Ave, Flórida. 

Errol Flynn fotografado no Camboja, como fotojornalista de guerra em 1970 
Com um pai ausente e uma mãe protetora, Sean cresceu em uma casa relativamente tranquila, mesmo sem receber a pensão alimentícia de U$1.500 - obrigação de Flynn. Lili queria moldá-lo para ser tudo que ela sonhava: se tornar um engenheiro como seu pai e avô. Sean Flynn, já adulto, porém, decidiu uma outra carreira que no fim custou sua vida. 

Sean era uma criança aventureira, que gostava de descobrir o mundo. Seu pai era ausente - típico de Flynn- e de acordo com uma matéria no site Palm Beach Post, o ator mandava cartas para Sean de seis em seis meses, prometendo vários brinquedos, motos e outros presentes, que nunca se materializavam. Flynn gastava seu dinheiro em bebidas, mulheres, excedendo muito seu alto salário na Warner Bros. 

Lili Damita e o filho, Sean, em 1962                       Fonte: Palm Beach Daily News

De resto, Sean cresceu o quão normal um jovem de família rica e influente poderia - nadava, cavalgava, pescava, cantava -lançou um LP com duas músicas em 1961 - e aprendeu diversas línguas. De praxe, fazia algumas visitas a Errol durante as filmagens de suas películas e convivia em harmonia com suas meia-irmãs -Errol foi casado três vezes. Sean, muitas vezes descrito como um jovem adônis, sempre repudiou atuar, mas não conseguiu escapar: ele era bonito demais para ignorar.

Sean Flynn ao um ano de idade com Lili e ao lado do pai, Errol
Seu primeiro papel como ator foi ao lado de Errol em 1957 na série The Errol Flynn Theatre e em 1960, um ano após a morte de seu pai, o Diabo da Tasmânia, Sean, em seu primeiro ano na faculdade de Duke, recebeu uma oferta para estrelar um filme pela Sage Western Pictures. Com más notas na faculdade, a decisão de Sean foi a mais fácil possível.

Entre 1957 a 1968 Sean atuou em 10 filmes, inclusive o altamente divulgado O Filho de Capitão Blood (El hijo del capitán Blood, 1962) para surfar na popularidade de Capitão Blood, estrelado por Errol em 1935. Sean não tinha nenhum carisma para as telonas e era um tanto quanto limitado. A maioria dos filmes que o futuro fotógrafo fez foi na Europa, escapando de ser alistado na Guerra do Vietnã.

De acordo com o livro Inherited risk: Errol and Sean Flynn in Hollywood and Vietnam de Jeffrey Meyers, Sean apenas concordou em atuar por achar que devia honrar a memória de seu pai e que odiou toda a experiência:
Foi o momento mais miserável de toda a minha vida. 
Sean ao lado de seu bom amigo George Hamilton em seu primeiro filme Bastam Dois para Amar (Where the Boys Are, 1960)
Confiante, simpático, bonito e galante (além de todos os melhores adjetivos que você conseguir imaginar), Sean estava acostumado com a boa vida e com sua mãe, Lili, ajudando que ele se livrasse de encrencas. Isso porque se antes de entrar na faculdade, ela cedeu aos seus caprichos de ir para Havana e curtir bastante, depois que Sean desistiu de atuar, a primeira ex-esposa de Errol patrocinou sua viagem de caça para África.

Entre 1963 a 1965 Sean, segundo o livro de Jeffrey Meyers, seguiu caçando animais selvagens e trabalhando como guia de safári na Tâsmania. Flynn estava completando o curso para se tornar um caçador branco (ou seja, um caçador profissional de animais de grande porte) mas desistiu antes de completá-lo. Logo procurou outra aventura bem no olho do furacão: a de fotojornalista de guerra.

De acordo com seu amigo Michael Herr no seu livro Dispatches, Sean era conhecido como o cara "que tinha tudo resolvido".

Sean Flynn fotografado em Saingon, 1968 por Tim Paige
Em janeiro de 1966, com 24 anos de idade, Sean chegava ao Saigon,  Vietnã com a ajuda de seu amigo, o também fotojornalista Dana Stone. Naquele ano, Flynn havia comprado uma Leica na Espanha e estava certo que poderia ser um fotojornalista. Chegou em Singapura, na Ásia, onde também gravou seu último filme Cinq gars pour Singapour (idem, 1966), e ficou interessado na ação que acontecia no Vietnã. Segundo Dirck Halstead, fotojornalista encarregada da UPI (da Imprensa Internacional) do país, foi ele que conseguiu creditá-lo como um fotógrafo licenciado.

Trabalhando para a Paris Match- no mesmo local de batalha que ele tentou se esquivar por anos com a ajuda de sua mãe Lili - Sean se arriscava mais do que todos e não tinha medo dos perigos.
Sean não era como os outros fotojornalistas. Ao invés de fazer operações rápidas no campo, ele andava com as forças especiais e os patrulheiros nas selvas mais densas e as mais altas montanhas. Ele desaparecia por semanas à fio e quando voltava tinha apenas alguns rolos de filme com ele. Mas suas fotos não eram como a de ninguém. - Dirck Halstead na The Digital Journalist
Sean queria se tornar na vida real tudo que seu pai foi no cinema: destemido. Ele ficava nas zonas de guerra, no meio do fogo-cruzado, para pegar as melhores fotos e as melhores histórias. O filho de Errol se machucou mais de duas vezes durante sua jornada como fotojornalista segundo a matéria Whatever Happened to Sean Flynn do jornal The Cranberra Times: por pedaços de granada e por estilhaços de projéteis, contudo sempre voltava à ação.

Fotos de Sean Flynn como fotojornalista no Vietnã - ele se arriscava alto por suas fotos
Em uma matéria para a revista Asia Times, o amigo de Flynn, Tim Paige afirmou que em 1967 depois de um dia de combate incessável, os dois prometeram que se saíssem vivos de lá iriam embora do Vietnã para sempre. Isso não aconteceu: Sean e ele tirariam apenas um ano de folga para verem seus familiares, amigos e namoradas. A licença durou apenas 4 meses e logo eles estavam de volta, como Tim afirmou, pois eram "viciados pelo fogo".

Apesar de durão, Sean continuava a escrever cartas para sua mãe Lili, deixando-na a par de tudo que acontecia em sua vida: desde namoradas (as mulheres não conseguiam resistir à ele), uso de drogas, casos sexuais e até os perigos da guerra. Em 1970, agora contratado pela revista Time-Life, após também ser freelancer da Columbia, ele continuou a explorar lugares escondidos da Ásia e ao lado de seus amigos fotojornalistas voltou seu esforço para o Camboja.

Viciado na adrenalina de estar no meio do combate, Flynn já havia visitado o Camboja antes e resolveu que era hora de voltar. Isso porque começava a Guerra Civil no país, onde as tropas do Khmer Vermelho e os vietcongues, com uma agenda "comunista", lutavam contra o governo vigente no país.  Como fotojornalista, Sean sabia que aquele era o lugar para se estar:
Esse foi um dos momentos mais assustadores da minha vida. Mas você sabe, cara, nós temos que voltar. Eu acredito que se vestíssemos roupas simples, fossemos de motocicleta - nós poderíamos sair da rota principal e nos misturar com as pessoas dos vilarejos. Talvez conseguíssemos falar com alguns cambojianos que nos levassem para onde pudêssemos tirar fotos da verdadeira ação. - Inherited risk: Errol and Sean Flynn in Hollywood and Vietnam de Jeffrey Meyers
Sean Flynn fotografado por seu amigo, Tim Paige durante os conflitos de Vietnã
Sean estava em Saigon na época, onde vivia com seus amigos, e assim que soube que o conflito no Camboja só aumentava, partiu com seu amigo Dana Stone, contratado pela CBS News, para a capital do Camboja, Phnom Penh em março de 1970.

Essa decisão, segundo o livro de Jeffrey Meyers, foi veementemente contrária a de seu chefe na revista Time-Life, David Greenway, mas ele não podia impedi-lo pois Sean trabalhava de modo freelancer. Isso porque durante a Guerra do Vietnã, os jornalistas tinham a proteção do governo e soldados americanos. No Camboja, não existia nenhum tipo de autoridade ou intervenção americana: era cada um por si e muitos trabalhadores da imprensa eram sequestrados.

No dia 5 de abril de 1970, Sean e Dana viajaram de Phou Si para Phnom Penh em suas motocicletas e no dia seguinte foram em busca de seu destino. Souberam, após uma conferência realizada pelo governo, através de um comandante de Comboja que atacariam um bloqueio dos vietcongues (rebeldes que queriam a "libertação" do Vietnã) à alguns quilômetros dali.

Stephen Bell, um dos jornalistas presentes na conferência e que tirou a última foto de Sean e Dana com vida, afirmou via o site Independent:
Depois disso, todos nós seguimos para Phnom Penh, mas eles disseram que queriam ir em frente. Eles escutaram que tinha um bloqueio pelos vietcongues. Eles achavam que poderiam vê-los. Nós voltamos para Phnom Penh e ninguém nunca mais os viu novamente. Eles foram uns dos primeiros a desaparecerem. Ainda não tínhamos ideia do quanto era perigoso.
Sean Flynn e Dana Stone em suas últimas fotos - nunca mais foram encontrados 
Isso porque, outrora, a maioria dos fotojornalistas que eram capturados pelos vietcongues eram devolvidos. A partir de 1970, com a maior influência do Khmer Vermelho,  tudo mudou e Sean e seus amigos foram a prova viva disso. A caminho do bloqueio dos vietcongues, o filho de Errol ainda conseguiu avisar sobre o perigo iminente para alguns jornalistas franceses - salvando a vida deles.

Além de Dana e Sean, outros seis jornalistas e fotógrafos foram raptados na mesma área de Chi Phou em um bloqueio dos vietcongues. Depois do rapto de Sean ter virado notícia, Lili Damita não poupou esforços para encontrá-lo. Escreveu para seus amigos no Vietnã e foi consolada por elesque afirmaram que tinham certeza que logo seu filho seria devolvido, assim como aconteceu com vários outros profissionais raptados.

O feroz fotojornalista estava vivendo sob o jugo dos rebeldes, sendo deslocado entre vários vilarejos. Ficou tanto tempo com eles que tanto Sean quanto Dana, a partir dali, sabiam demais e não poderiam ser devolvidos. Em 1971, segundo a revista Time, ele e Dana foram entregues pelos vietcongues para o brutal grupo Khmer Vermelho e os rastros deles cessaram.

De acordo com o documentário de Tim Paige Danger on The Edge of The Town (1991), Sean e Dana teriam morrido após fazerem uma greve de fome para suas libertações. Os guerrilheiros teriam visto esse ato como uma afronta e decapitaram os dois em junho de 1971. Mas essa não é a única versão existente da história: o autor Jeffrey Meyers afirma que conseguiu documentos que comprovam que Sean havia contraído malária por volta de 1971 e que o médico teria recebido ordens para lhe dar injeções letais, causando assim sua morte. Outra teoria? A de que Sean foi mantido em um campo de abduzidos e morto com outros jornalistas.

Sean Flynn no meio do fogo cruzado no Vietnã em 1968, fotografado por Tim Paige 
Lili Damita utilizou toda sua influência e dinheiro tentando conseguir qualquer rastro de seu filho Sean: contratou mercenários, detetives e em 1984, dez anos antes de sua morte, declarou-o como oficialmente morto. Em entrevista à um amigo dos dois Perry Deane Young que escreveu o livro Two Of The Missing: A Reminiscence of Some Friends in the War sobre Sean e Dana em 1976, Lili confessou:
Isso tudo me fez ficar uma mulher velha. Partiu meu coração. Olhe para mim. Eu durmo com o telefone ao meu lado, mas eu não durmo. Eu me preocupo o tempo todo.
Quando Lili faleceu em 1994, deixando uma amostra de sangue guardada em um banco para que se Sean fosse achado, que ele pudesse ser identificado, a meia-irmã de Sean Flynn, Rory (do casamento de Errol com Nora Eddington) assumiu à frente das buscas por seu irmão mais velho. Ela o amava tanto que seu segundo filho, também ator, recebeu o nome de Sean Flynn.

No Youtube, em um apelo para encontrar seu irmão, Rory pede doações e afirma:
Ele era um Flynn. Nunca me ocorreu que ele não voltaria para casa. - você pode doar para a causa nesta página do Go Fund Me - Mike Luehring é representante da família Flynn. 
O caso de Sean Flynn reacendeu na mídia em 26 de março de 2010 quando os profissionais contratados por Rory, os australianos David MacMillan e Briton Keith Rotheram entregaram à embaixada do Comboja pedaços de um maxilar e fêmur que poderiam pertencer à Flynn, encontrados em uma possível vala comum na cidade de Kampong Cham, no Camboja.

Foto da escavação do local da suposta ossada de Sean Flynn pelo site Salem News - veja a matéria aqui
As ossadas foram enviadas para um laboratório no Havaí, perito em lidar com casos de desaparecidos de guerra. Infelizmente, de acordo com Tim Paige e oficiais da embaixada americana, a escavação não foi feita de forma correta: David e Briton usaram uma escavadeira e tiraram as provas do local, contaminando as evidências.

Em pronunciamento ao site Salem News, os dois escavadores escreveram uma carta aberta em 31 de março, afirmando que eles já trabalharam com Tim Paige para encontrar Flynn, acusando-o de mentir para assegurar direitos de escrever um outro livro sobre Sean - seu primeiro sobre a guerra foi Page After Page. Por fim, ele ainda afirma:
Nós não somos escavadores amadores. Nos voluntariamos para ajudar Rory e trabalhamos como agentes de campo e não recebemos pagamento pelo que fizemos e ainda estamos fazendo. 
O representante da embaixada americana no Camboja, John Johnson, em comunicado oficial via The Phnom Phen Post, em abril daquele mesmo ano, ratificou que os ossos "estavam danificados pelo modo de extração" e que testes preliminares comprovaram que a ossada pertencia à um homem asiático. David e Briton não se pronunciaram mais após essa notícia.

Sean Flynn no campo de batalha e ao lado Paul Turner com a câmera que ele afirma ser do fotojornalista 
O ano de 2014 chegou com outro possível desenvolvimento do caso de Sean Flynn: o fotógrafo Paul Turner, em entrevista ao tablóide britânico Daily Mail afirmou ter comprado a  câmera de Sean Flynn pelo Ebay com o custo de apenas £51. A Nikon tem as iniciais SF e segundo o comprador teria vindo da Indochina. O número de série comprovaria que a câmera teria sido fabricada entre 1967 a 1968.

Apesar da promessa de que essa câmera poderia revelar mais informações sobre a morte de Sean, não aconteceu mais nenhuma atualização sobre o caso. Em 2018 outra câmera de Sean entrou sob os holofotes, sua Leica M2 que foi cedida por Rory para o fotógrafo Bellamy Hunt. Naquele mesmo ano, um outro fotógrafo encontrou a mala de Sean à venda em uma feira nos Estados Unidos e enviou tudo para Tim Paige.

Todos esses objetos pertencentes à Sean foram enviados para a loja da marca Leica em Hanoi, no Vietnã e foram exibidas no palácio do governo da cidade de Ho Chi Minh.
Sean Flynn fotografado em Papua com sua Leica - ele não estava com ela no dia de seu desaparecimento
Apesar da desaceleração de provas sobre o paradeiro dos restos mortais de Sean, Rory e Mike Luehring, representante da família, continuam positivos sobre uma iminente descoberta. Segundo o próprio Mike, em um post em seu Facebook, em janeiro de 2020, a família tem "diversas informações sobre Sean que precisam de confirmação no Camboja".
Nós temos diversas localizações que precisam ser investigadas com o Radar de Penetração do solo e mais testemunhas que precisam ser entrevistadas. 
Não pense que Sean Flynn é o único: mais de 30 jornalistas e fotógrafos continuam desaparecidos após a Guerra do Vietnã. O fato de Flynn vir de uma família influente e de Hollywood, no entanto, faz com que sua situação tem mais influência na mídia.

Lili Damita, enquanto ainda estava viva, sabia que uma grande maneira de chamar atenção para a causa de seu filho era a publicidade e fez diversos kits de camisetas e pins escritos "O Que Aconteceu com Sean Flynn?". Ademais, Hollywood tentou produzir um filme sobre o filho e Errol que seria intitulado "Like Father, Like Son", traduzido como como Tal pai, Tal filho, que nunca aconteceu.

Flynn de paraquedas - foto por ele mesmo
Essa não foi a única vez, entretanto, que Hollywood tentou transformar a história de Sean em um filme: de acordo com a Men's Vogue em 2008, Heath Ledger foi chamado para interpretar Flynn em uma película baseada no livro Two of The Missing, mas a obra nunca aconteceu já que Heath faleceu naquele mesmo ano. O personagem do ator Dennis Hopper em Apocalypse Now (idem, 1979) foi baseado no filho de Errol Flynn.

Finalmente em 2010 foi lançado um filme sobre Sean Flynn e seu amigo, Dana Stone, intitulado Road to Freedom, que obteu críticas bem mornas. Entretanto, até hoje, nem sua família e nem amigos tem uma resposta concreta sobre o que aconteceu com Sean e nem com Dana Stone.

Será que algum dia seus restos mortais serão encontrados? Será que algum dia saberemos exatamente como Sean morreu e quando? Não temos essas respostas, mas esperamos que um dia elas sejam encontradas, assim como o filho de Errol e Lili e os outros jornalistas desaparecidos.
Você sabe que ele escutou as batidas da guerra/ Mas cada homem sabe pelo o que procura - Canção Sean Flynn escrita pela banda The Clash em 1982.



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