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Os filmes espetaculares de Paul Newman como diretor

Paul Newman estrelou em diversos clássicos ao longo de sua carreira de mais de 50 anos como ator: em Gata em Teto de Zico Quente (Cat on a Hot Tin Roof, 1958) interpretava o marido rancoroso de Elizabeth Taylor, em Butch & Cassidy (1969), a outra parte da dupla mais perigosa do Velho Oeste e também brilhou em Rebeldia Indomável (Cool Hand Luke, 1967) com uma das performances mais memoráveis do cinema. 

Com conquistas tão numerosas como ator, até ganhando um Oscar de Melhor Ator em 1987, era de se esperar que ao se aventurar por trás das câmeras o desempenho de Paul Newman fosse tão admirável quanto e podemos garantir que ele é.  

Paul Newman dirigindo seu primeiro filme Raquel, Raquel (Rachel, Rachel, 1968)
Conta-se que Paul Newman sempre foi muito interessado no que ocorria por trás das câmeras - ele até havia estudado na Universidade de Yale no curso de Artes e depois no renomado Actors Studio em Nova York - e desde 1959, segundo o livro Paul Newman: A Life, Updated por Lawrence J. Quirk, pensava em expandir sua criatividade para outras áreas do cinema. Primeiro montou uma produtora com o empresário Martin Ritt nomeada Jodell Productions (em homenagem às suas respectivas esposas) no começo dos anos 60, mas a parceria não durou muito. 

Ele apenas se focou para a possibilidade de produzir - e dirigir - filmes em 1967 quando sua esposa, Joanne Woodward, lhe chamou a atenção para um livro que ela gostaria de levar para as telonas e ser a estrela: Jest of God de Margaret Laurence. Para satisfazer a vontade da esposa, Newman e ela compraram os direitos do livro e ele criou a Kayos Production com a intenção de arrecadar financiamento para a película. Assim nasceu a frutífera carreira de diretor de Paul e a solidificação de sua parceria com sua amada musa, Joanne.  

Rachel, Rachel (idem, 1968)
Paul dirigindo sua amada Joanne Woodward em Rachel Rachel (idem, 1968)
De acordo com o livro Joanne Woodward: Her Life and Career Por Peter Shelley, Joanne Woodward estava muito decidida em interpretar a protagonista do filme, baseado no livro Jest of God de Margaret Laurence, e chamou Stewart Stern para fazer o roteiro. Newman apenas teria concordado em ser o diretor depois que Joanne e Stern foram recusados por vários estúdios e produtores.

O filme começou a ser gravado em agosto de 1967, depois de Paul firmar um acordo com a Warner Bros. que lhe garantia que Joanne seria a estrela do filme (Columbia, por exemplo, queria Shirley MacLaine no papel) e ali nasceu o clássico: Rachel, Rachel (idem, 1968).

Rachel, Rachel (idem, 1968) conta a história de Rachel, vivida por Joanne Woodward, uma solteirona virgem de 35 anos de idade que mora com a sua mãe e tem uma vida solitária. Tudo muda em sua vida quando um antigo colega de escola, Nick Kazlik, interpretado por James Olson, volta à sua cidade e quer se divertir com ela. Insegura, Rachel reluta as mudanças no início, mas logo se vê envolvida em decisões que podem mudar tudo.

Joanne ganhou um Globo de Ouro em sua performance
Paul Newman queria que o filme fosse só de sua esposa Joanne Woodward e ele conseguiu: a atriz está esplendorosa em sua performance. Estelle Parsons, que interpretou a amiga apaixonada por Rachel na película, ficou impressionada com a devoção de Paul por sua esposa, mesmo que ele estivesse nervoso e inseguro quanto à sua própria direção:
Ele queria exibir o talento de sua esposa ao máximo de sua vantagem e conseguiu. - retirado do livro Paul Newman: A Life, Updated Por Lawrence J. Quirk
Não pense que Paul Newman, um diretor de primeira viagem e sem nenhuma experiência, conseguiu filmar um clássico todo sozinho. Ele contou com a ajuda da editora Dede Allen que ia todo dia para o estúdio em Connecticut, Estados Unidos, ajudando Paul nas direções mais sutis e necessárias para Rachel, Rachel (idem, 1968). As filmagens duraram seis semanas e a edição do filme oito meses.

Segundo o próprio Paul Newman, em entrevista replicada no livro Paul Newman: A Life Por Shawn Levy, seu estilo como diretor era simples:
Meu lema como diretor é simples: 'Fuck cool' [algo como Porra, demais]. Eu adoraria escrever isso atrás da minha cadeira e em panfletos. Para minha câmera, tenho apenas um lema: 'bisbilhotar'. 
Paul e Joanne nos bastidores do filme - sua filha Nell Potts interpretou a mãe mais nova 
Newman gravou centenas de cenas, preferindo pelo excesso do que pela escassez, contudo isso não transparece em Rachel, Rachel (idem, 1968). É um filme coeso, de muito significado e que mostra a dificuldade que temos em nos doarmos para alguém - e para nós mesmos. Ainda melhor: é uma carta de amor de Paul para a atuação e talento de Joanne Woodward - fica claro no filme o quanto ele venera sua esposa.

Rachel, Rachel (idem, 1968) foi indicado a quatro prêmios Oscars: Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado. Infelizmente, não ganhou nenhum dos prêmios, mas foi um sucesso nas bilheterias, provando que tanto Joanne quanto Paul tinham muito potencial e, sem dúvida, talento.

Uma Lição Para Não Esquecer
 (Sometimes a Great Notion, 1971)
Paul dirigindo o filme no qual ele também estrela - sua primeira vez!
Depois do sucesso de Rachel, Rachel (idem, 1968), Paul estava mais confiante em sua posição como diretor e apostou em inovar: além de dirigir também estrelaria o filme. O escolhido foi o roteiro de Uma Lição Para Não Esquecer (Sometimes a Great Notion, 1971).

Baseado no livro homônimo de Ken Kesey, Uma Lição Para Não Esquecer (Sometimes a Great Notion, 1971) conta a história da família Stamper, no qual Hank Stamper, vivido por Paul Newman, e seu pai Henry, interpretado por Henry Fonda, encabeçam o negócio de madeireira da família. A cidade inteira fica contra eles quando a família continua trabalhando, mesmo que os outros estejam em greve e passando fome por causa da nova indústria do local. Com a chegada do irmão mais novo da família, mais problemas ocorrem.

Newman comprou os direitos do livro e havia pensando em desenvolver o roteiro com Stewart Stern, mas acabou se decidindo por John Gay. Inicialmente, Newman não iria dirigir Uma Lição Para Não Esquecer (Sometimes a Great Notion, 1971). Quem ficaria responsável era o novato Richard Colla - Newman apenas seria a estrela. Tudo mudou quando as técnicas intricadas de Colla se provaram insuportáveis para todos. Ele foi demitido e Newman assumiu o controle.

Paul Newman e Henry Fonda em cena no filme Uma Lição Para Não Esquecer (Sometimes a Great Notion, 1971)
Apesar da família Stamper não gerar nenhum tipo de empatia dos espectadores, Newman. segundo o livro de Shawn Levy, tinha grande expectativas para o filme:
Não era um grande filme, mas com certeza não era tão ruim. Aqueles babacas na Universal lançaram de forma esporádica pelo país, em drive-ins. Eles mataram o filme antes que conseguisse atrair algum tipo de atenção séria. 
Uma Lição Para Não Esquecer (Sometimes a Great Notion, 1971) não foi um dos melhores trabalhos de Paul Newman, mas a direção foi impecável e o ator estava mais seguro em suas técnicas de filmagens e como manusear a câmera e dar direções aos seus funcionários. Uma direção correta, porém não muito imaginativa.

Mesmo assim, foi indicado a dois Oscars: de Melhor Ator Coadjuvante para Richard Jaeckel e de Melhor Canção Original e foi o primeiro filme a ser exibido pela então jovem canal HBO. Então não foi uma mancha na carreira como ator e diretor de Paul Newman.

Uma Lição Para Não Esquecer (Sometimes a Great Notion, 1971) pode ser assistido, na íntegra, através do Youtube, em seu áudio original, sem legendas:



O Preço da Solidão (The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds, 1972)

Paul Newman abraçando a esposa: à esquerda, Nell Potts sua filha, e Roberta Wallach nos bastidores do filme
Paul Newman, logo após a recepção morna de Uma Lição Para Não Esquecer (Sometimes a Great Notion, 1971), uniu-se novamente à sua esposa Joanne Woodward em mais uma adaptação: desta vez de uma peça intitulada The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds de Paul Zindel. Desta vez foi Paul quem ficou encantado pela história, especialmente porque representava muito bem a própria mãe do ator.

O Preço da Solidão (The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds, 1972) conta a história de uma mãe viúva e detestável chamada Beatrice, vivida por Joanne, que sofre em tentar manter sua casa, ao mesmo tempo em que cuida de suas duas filhas: a epiléptica Ruth, interpretada por Roberta Wallach e a brilhante Matilda, vivida por Nell Potts, (filha dos dois atores na vida real).

O filme começou a ser gravado entre abril a junho de 1972 e apenas depois que Newman concordou que não seria ele que decidiria o corte final da película. Sobre a dificuldade de conseguir financiamento, apesar do excelente desempenho de Woodward em Rachel, Rachel (idem, 1968), Paul brincou:
Talvez se eu interpretasse Beatrice e Joanne estivesse dirigindo teria mais interesse. -retirado de Paul Newman: a Life por Shawn Levy
Joanne Woodward e Nell Potts em cena de O Preço da Solidão
Um projeto escolhido por Paul Newman que Joanne Woodward não ficou nada feliz: odiava o mau humor de Beatrice, suas roupas horríveis, a maquiagem que tinha que usar para deixá-la mais velha e a peruca monstruosa. O clima frio e chuvoso das gravações apenas agravava essa situação.

Assim, aquela foi a primeira vez que Joanne deixava se afetar por um personagem e isso teve um peso em seu relacionamento com o marido e as crianças, pelo menos temporariamente:
Joanne nunca traz um personagem para casa com ela. Nunca. Exceto uma vez. Ela trouxe para casa Beatrice Hunsdorfer...ela trouxe para casa aquela horrível,vulgar e punitiva mulher. Ela só odiava aquela mulher tanto, o que trazia dela,  e ela trazia aquela hostilidade para casa toda noite. E eu fugia. - Newman em entrevista replicada no livro Paul Newman: A Life
Mas isso trouxe algo bom: essa foi uma das melhores performances de Joanne em um filme, comparando-se a sua performance em As Três Faces de Eva (The Three Faces of Eve, 1957) e que deveria ter sido mais reconhecida pela indústria cinematográfica - felizmente ela ganhou o prêmio de Melhor Atriz do Festival de Cannes.

Mais e mais Paul Newman prezava por um estilo de direção simplista e concentrado nos seus atores e isso lhe dava muitos frutos como diretor, mesmo que muitos considerassem seu trabalho um tanto monótono. Uma coisa era certa: seus melhores filmes como diretor eram os quais Joanne fazia parte.

O Preço da Solidão (The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds, 1972) está disponível no Youtube, em áudio original, sem legendas:



A Caixa de Surpresas (The Shadow Box, 1980)
Paul dirigindo sua esposa Joanne e Christopher Plummer para o filme televisivo
Passaram-se oito anos até que Paul Newman dirigisse um filme novamente. De acordo com o livro Paul and Joanne de Joe Morella, ‎Edward Z. Epstein, tudo começou com a amizade de Joanne com o escritor Michael Cristofer que havia escrito a premiada peça intitulada The Shadow Box.

A peça e o filme A Caixa de Surpresas (The Shadow Box, 1980) contam a história de Brian, interpretado por Christopher Plummer, Maggie, por Valerie Harper, e Joe, vivido por James Broderick, três pacientes com câncer terminal que tem que lidar com seus desejos, suas vidas e, é claro, suas famílias. Joanne interpreta a ex-esposa do personagem de Plummer

Susan Newman, filha dos dois atores, e Jill Marti compraram os direitos da peça primeiro porque queriam que Joanne interpretasse o papel principal e fosse a estrela desse filme destinado para a televisão. A atriz, então, sugeriu que Paul fosse o diretor e ele prontamente aceitou: especialmente porque a personagem tinha a exata personalidade de Joanne, tirando a parte bêbada.

Joanne e Paul durante uma brecha das filmagens de A Caixa de Surpresas (The Shadow Box, 1980)
Eu decidi dirigir A Caixa de Surpresas (The Shadow Box, 1980) porque é uma peça digna e como um diretor eu gosto de lidar com um material que tem algum elo emocional com seus personagens. A peça diz que nós devemos usar nosso tempo, não esperar até amanhã ou quando estamos perto da morte, mas usá-la hoje. Eu acho que Joanne faz isso melhor do que eu. - entrevista para o jornal McCalls em 1980. 
Finalmente, o canal ABC resolveu financiar o projeto e deu para a produção duas semanas de preparo e vinte e dois dias de gravação. O filme, infelizmente, não foi divulgado como os astros queriam, especialmente pelo tema de homossexualidade que a emissora achou muito controverso. Apesar disso, o filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme feito para a TV.

Em A Caixa de Surpresas (The Shadow Box, 1980), Paul Newman investiu em cenas amplas, investindo em diferente sons em primeiro plano para mostrar as sensações não ditas de seus personagens e mostrando a interação do ambiente na história.

Sem surpresa, mais uma vez, Joanne brilhava sob a direção de Paul Newman:
Inferno, eu estava cansado de ver Joanne interpretando donas de casa desmanteladas quando, na verdade, ela é uma voluptuária funcional. Tudo que você tem que fazer é dar a chance de se esticar um pouco - essa foi provavelmente a razão mais importante para dirigir este filme. - entrevista de Paul para o jornal McCalls em 1980. 
O filme A Caixa de Surpresas (The Shadow Box, 1980) está disponível pelo Youtube, em áudio original, sem legendas:



Meu Pai, Eterno Amigo (Harry and Son, 1984)
Ironicamente, nesta mesma época, Paul Newman perdia seu único filho homem, Scott 
Paul Newman e Joanne Woodward eram um dos poucos casais que não deixavam sua relação de ator-diretor interferir em suas vidas pessoais. Tanto que após contracenarem juntos em A Piscina Mortal (The Drowing Pool, 1975) e Joanne ser dirigida pelo marido em A Caixa de Surpresas (The Shadow Box, 1980), os dois uniram o prazeroso ao agradável: além de Paul dirigir o filme, também estrelaria ao lado da esposa. 

Meu Pai, Eterno Amigo (Harry and Son, 1984) conta a história de Harry Keach, interpretado por Paul Newman, que trabalha em uma construtora e ama o que faz. Quando ele não pode mais trabalhar, ele começa a passar mais tempo com seu filho Howard, vivido por Robby Benson, e com sua filha Nina, interpretada por Katherine Borowitz. O problema é que Howard é um aspirante à escritor e não quer trabalhar além daquilo que ele faz. A relação entre pai e filho começa a criar uma grande ruptura. Morgan Freeman, aliás, tem uma breve aparição no filme. 

Esse projeto era passional para Paul Newman, já que era a primeira vez que ele estava envolvido em um projeto como roteirista, produtor, diretor e estrela. Muitos críticos e pessoas próximas a Newman acreditavam que o filme era, em partes, baseado na relação do ator com seu filho Scott Newman, que havia falecido em 1978 devido à uma overdose de drogas. 

Paul Newman com seu filho Scott
Pai e filho, na vida real, tinham uma relação conturbada: Scott ressentia a nova vida que Paul havia feito para si com Joanne e as filhas (ele era fruto do primeiro casamento de Newman com Jackie Witte), a falta de apoio que recebeu do astro quando quis se tornar ator - sendo que para suas filhas com Joanne ele as colocava como estrelas em seus filmes - e a pouca aproximação da estrela. Quando Scott morreu, Paul ficou tomado pela culpa. 

O roteirista Ronald Buck, que trabalhou na história com Newman, baseado no livro A Lost King de Raymond DeCapite, afirmou para o livro de Shawn Levy que apesar do nome de Scott nunca ter sido mencionado, que ele acreditava que o roteiro foi bastante baseado naquela tragédia: 
O nome de Scott Newman nunca foi dito. Mas não tinha jeito do Paul não pensar nele. Ele tinha que pensar nessa experiência e se basear nisso. Ele nunca disse nada, mas devia ter aqueles pensamentos. 
Apesar disso, Paul sempre negou qualquer inspiração no seu filho e se recusou em responder perguntas dos repórteres sobre isso. Meu Pai, Eterno Amigo (Harry and Son, 1984) era um filme medíocre: Paul não soube, mais uma vez, delegar as responsabilidades como diretor para poder se concentrar em sua performance nas telonas e isso prejudicou o desenvolvimento geral do filme. 

Talvez o assunto fosse pessoal demais para Paul e ele tentou não se envolver tanto para não se machucar. Mas isso prejudicou Meu Pai, Eterno Amigo (Harry and Son, 1984) que se tornou uma película simples, sem nada de pessoal. 

À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987) 
Paul dirigindo um jovem John Malkovich em À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987)
O último esforço de Paul Newman como diretor foi a refilmagem de À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987). O filme, baseado na peça homônima de Tennessee Williams, já contou com versões em 1950, estrelada por Jane Wyman e Kirk Douglas, e em 1973, com a incrível Katherine Hepburn. Nesta época, Paul havia finalmente sido reconhecido pela academia e ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua performance em A Cor do Dinheiro (Color of The Money, 1986). 

A ideia, mais uma vez, foi de Joanne: ela havia interpretado a personagem Amanda em uma série de apresentações teatrais e queria uma lembrança de sua performance gravada em filme. Assim, Paul Newman decidiu dirigir À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987).

À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987) conta a história da matriarca Amanda, vivida por Woodward, uma mãe dominadora que tenta de qualquer forma arranjar um bom partido para sua filha Laura, interpretada por Karen Allen, que tem um grave defeito nas pernas e passa boa parte do tempo se entretendo com sua coleção de bichinho de cristais. Amanda acredita que tem o homem perfeito quando seu filho Tom, vivido por um novinho John Malkovich, leva um amigo para casa. Mal ela imagina o desenrolar da história.

Joanne Woodward e Karen Allen em cena do filme À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987)
Paul Newman quis ser o mais fiel possível a performance de sua esposa e não fez nenhum corte na peça de Williams: ele gravou cena por cena, palavra por palavra, sem tirar e nem por. Assim À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987) teve o total de mais de 2 horas de duração.

A direção de Newman, mais uma vez, é de um observador silencioso - assim como ele descreveu seu primeiro trabalho em Rachel, Rachel (idem, 1968). Ele mantém todo o filme acontecendo em um único lugar, em um set de filmagens escuro sob à luz de velas, mostrando a sensação de confinamento e sufoco dos personagens, em especial Tom e Laura.

Mais experiente, Newman demonstrou que sabia muito bem como mostrar o melhor dos seus atores: deixando que o roteiro e os personagens fossem o principal. Sem muitos manejamentos desnecessários ou cenas para preencher espaço - cada um dos quadros era necessário para a história. Mesmo assim, ele continuava defendendo Joanne como conta Malkovich:
Uma vez ele me disse que achou que eu estava sendo muito rude e frio com Joanne. Mas eu via isso como o Tom se comunicaria. Ele tinha a tendência de proteger Joanne ou de tentar protegê-la e isso era completamente compreensível. - replicado no livro de Shawn Levy. 
Apesar de burburinhos que À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987) poderia receber algumas indicações ao Oscar, o filme acabou ganhando apenas uma indicação ao Globo de Ouro para a trilha sonora de Henry Mancini. Um filme fiel ao seu material e com performances inesquecíveis.

O filme À Margem da Vida (The Glass Menagerie, 1987) está disponível pelo Youtube, em áudio original, sem legendas:





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